Entre 07 e 10 de novembro, o Centro de Arte de Ovar transforma-se numa Caixa de Dança, apresentando quatro espetáculos de dança sublimes. “Muiças” de Tânia Carvalho, “Carrossel” de Ana Renata Polónia, “Nem a Própria Ruina” de Francisco Pinho, João Dinis Pinho e Dinis Santos e “Markulus” de Ricardo Machado são quatro espetáculos de consagrados coreógrafos nacionais que compõem esta “Caixa de Dança”.
Os bilhetes podem ser adquiridos em ovar.bol.pt ou na bilheteira do Centro de Arte de Ovar, havendo um passe para todos os espetáculos a 15 euros e bilhetes individuais a 5 euros.
A Caixa de Dança será antecedida pelo workshop “Pensado para Adultos”, a 5 de novembro (terça-feira), entre as 18h30 e as 20 horas, na Escola de Artes e Ofícios. Esta sessão de trabalho abordará os processos de criação de “Muiças” e é dedicada a espetadores exploradores que pretendem conhecer, por dentro, em exercícios práticos, o espetáculo que será apresentado no dia 07 de novembro. Pretende-se explorar antigas e atuais relações dos participantes com a dança. Exercitar corpos que, de forma esporádica ou intensa, conhecem ou experimentaram a linguagem da dança e do movimento. Ativar conhecimentos, memórias corporais e intelectuais e, assim, retomar discursos de apropriação da dança.
As inscrições são gratuitas e sujeitas a inscrição para caovar@cm-ovar.pt.
Muiças, de Tânia Carvalho, é o primeiro espetáculo desta Caixa de Dança, com apresentação na quinta-feira, pelas 22h00, no Centro de Arte de Ovar.
A coreógrafa explica que “Tudo o que eu faço emerge do fundo do meu ser e, no entanto, possui a capacidade de atingir o ser de um outro. É isso o que mais estimo e o que mais me prende à criação artística: uma partilha de sensações que nos levam até pensamentos guardados e silenciados…”. Acrescentando que “se eu fosse um compositor de música e quisesse compor uma música sem regras, iria usar os sentidos para saber que caminho tomar, até chegar à música que eu quisesse compor. Nunca antes a tinha ouvido, mas, de alguma forma, sabia que ela já existia. É como se fosse à procura dela. Para a procurar, uso os sentidos que me dizem: sim, é isso. Ou então: não, não é isso. E através dessas escolhas, feitas ao longo do caminho, eu encontro a minha música. Na criação desta peça, eu quero ser esse compositor e pretendo que as bailarinas sejam as notas, as pautas, as pausas, os ritmos”.
Na sexta-feira, pelas 22h00, a Caixa de Dança será um Carrossel, com coreografia da vareira Ana Renata Polónia.
Espaço em constante rotação e repetição, o carrossel surge “como uma metáfora do percurso da humanidade. Em busca da evolução da espécie, caminhamos em torno de uma charneira, regressando sempre ao ponto de partida. Pelo caminho desfrutamos e transformamos o que nos envolve, numa eterna odisseia em busca da perfeição, mas será possível alcançá-la? Esta pesquisa coreográfica centra-se na construção de um dispositivo imaginário, sugerido pelo posicionamento do corpo no espaço. Um corpo que se define na procura de uma identidade, em torno de um impulso central, tentando criar um panorama circular e repetitivo sobre a génese humana”.
Nem a Própria Ruína é o primeiro espetáculo de dança criado pelo trio nortenho - Francisco Pinho, João Dinis Pinho e Dinis Santos, tendo por base o álbum 10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte, uma obra de rock progressivo e instrumental, composta por José Cid em 1978, e que será apresentado no sábado, pelas 22 horas, no Centro de Arte de Ovar.
Neste espetáculo, “de entre galáxias surgem sons de um planeta ferido, sublinhando a efemeridade humana. Toda a evolução que esta espécie protagonizou e assistiu parece então destinada a um desaparecimento total, não deixando ninguém para a recontar. Restará um universo imenso, possivelmente em expansão, cujo tudo e nada a nossa compreensão nunca perceberá.”
Markulus, um dueto-ensaio de Ricardo Machado a partir de Mark Diston, Mia Distonia e Masculinidade, encerra a Caixa de Dança, no domingo, dia 10 de novembro, pelas 18 horas. Trata-se de um espetáculo que resultou de uma residência artística realizada na Escola de Artes e Ofícios de Ovar.
“Nascido sem propósito, Markulus é fruto da sua própria invenção. Carne a cristalizar imagem, pose a citar género, voz sem ousar transformismo. É real. É estático. Joga com a audiência.
Forjado na mais poderosa das criaturas originais (o masculino-feminino), Markulus decide a sua própria re-invenção. É mito. Dança. Evoca os deuses.
Markulus ordena. Debaixo da língua, uma única palavra que não quer pronunciar: M-A-S-C-U-L-I-N-I-D-A-D-E. Teme o reflexo, procura o adereço. Desfaz. Enfrenta o espelho, dispensa a fantasia. Constrói.
Se a performatividade que experimenta em palco não é uma ficção de si próprio, então a humanidade que lhe vemos a nu é real.”
Nota: Espetáculo falado em inglês, sem legendagem e que contém nudez em cena.
Alexandre Rosas, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ovar, recorda que “a programação do Centro de Arte de Ovar é sempre diversificada e abrangente, e a dança é sempre parte integrante. Resolvemos, no entanto, criar uma iniciativa dedicada a esta Arte, a Caixa de Dança, para que possa ser usufruída intensamente e percecionada sobre diferentes formas, com diferentes histórias, contextos, coreógrafos e bailarinos. Trata-se, ainda, de uma homenagem que prestamos a uma das artes mais antigas”.
Magda Guedes
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