sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Domingos Lopes, militante dissidente do PCP, publica livro memórias com grandes revelações

Lutador antifascista, Domingos Lopes comeu papéis para proteger camaradas, cumpriu pena de prisão política em Caxias e foi secretário de Álvaro Cunhal nos Governos Provisórios após o 25 de Abril de 1974. Uma vida de militância no Partido Comunista Português que terminou quarenta anos depois, por discordâncias com o rumo assumido pela direcção. Estas e outras memórias são reveladas em Memórias Escolhidas, livro editado pela Guerra e Paz, Editores, que chega às livrarias no próximo dia 4 de Fevereiro. O lançamento acontece no dia 5 de Fevereiro, pelas 18h30, na Associação 25 de Abril, em Lisboa.

Domingos Lopes assume-se, aos 70 anos, como um «militante sem partido». O antigo membro do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP), actual presidente do Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos, continua a defender o ideal que transportou «como um mochileiro» ao longo de quatro décadas. Uma premissa que aguça o interesse para a leitura de Memórias Escolhidas, um livro autobiográfico que traz à luz grandes revelações sobre o processo revolucionário, a vida interna do PCP e as razões pelas quais um ainda convicto defensor dos ideais socialistas decidiu abandonar o partido.

No livro, conheça o percurso de Domingos Lopes, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Desde a infância humilde, passada numa aldeia do Douro Litoral, à expulsão da Universidade de Coimbra, por participação nas lutas académicas, e às disputas com o pai, que não compreendia a importância de combater o regime do Estado Novo. «Ele sempre negara que existisse o Forte de Caxias e a tortura da PIDE. Acreditava que Salazar tinha salvado o país da fome e que Marcelo queria melhorar o regime.»

Só com a prisão política em Caxias, depois dos muitos papéis ingeridos para proteger camaradas de agentes da PIDE, é que o pai de Domingos Lopes percebeu que os torcionários existiam de facto. «Quando chegou ao forte e foi confrontado com as medidas brutais a que os presos estavam sujeitos, foi o fim da crença no regime.»

Após a revolução de Abril, o autor descreve a proximidade com Álvaro Cunhal, de quem foi secretário nos Governos Provisórios, e as responsabilidades que assumiu dentro do partido, como dirigente da Secção Internacional, que o levaram a visitar a Coreia do Norte e a conhecer Nelson Mandela, após a sua libertação, em 1990.

Por fim, conheça as sérias divergências que levaram Domingos Lopes à ruptura com o PCP, explanadas na carta de abandono que endereçou à Direcção do partido em 2009. «Camaradas: Ao cabo de quarenta anos de militância no partido, chegou a hora de dizer, neste momento, adeus.»

Memórias Escolhidas chega às livrarias no próximo dia 4 de Fevereiro. O lançamento da obra acontece no dia 5 de Fevereiro, pelas 18h30, na Associação 25 de Abril, em Lisboa. A apresentação ficará a cargo do jornalista Adelino Gomes.

Este é décimo livro de Domingos Lopes. Antes, o autor publicou várias obras de ficção, entre as quais o romance A Paixão Destrambelhada do Velho MilitanteContos e Crónicas do Alandroal e do Resto do Mundo e o livro de poesia Do Tamanho Possível.

Memórias Escolhidas
Domingos Lopes
Não-Ficção / História
200 páginas · 15x23 · 15,50 €
Nas livrarias a 4 de Fevereiro
Guerra e Paz, Editores

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