Lutador antifascista, Domingos Lopes comeu papéis para proteger camaradas, cumpriu pena de prisão política em Caxias e foi secretário de Álvaro Cunhal nos Governos Provisórios após o 25 de Abril de 1974. Uma vida de militância no Partido Comunista Português que terminou quarenta anos depois, por discordâncias com o rumo assumido pela direcção. Estas e outras memórias são reveladas em Memórias Escolhidas, livro editado pela Guerra e Paz, Editores, que chega às livrarias no próximo dia 4 de Fevereiro. O lançamento acontece no dia 5 de Fevereiro, pelas 18h30, na Associação 25 de Abril, em Lisboa.
Domingos Lopes assume-se, aos 70 anos, como um «militante sem partido». O antigo membro do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP), actual presidente do Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos, continua a defender o ideal que transportou «como um mochileiro» ao longo de quatro décadas. Uma premissa que aguça o interesse para a leitura de Memórias Escolhidas, um livro autobiográfico que traz à luz grandes revelações sobre o processo revolucionário, a vida interna do PCP e as razões pelas quais um ainda convicto defensor dos ideais socialistas decidiu abandonar o partido.
No livro, conheça o percurso de Domingos Lopes, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Desde a infância humilde, passada numa aldeia do Douro Litoral, à expulsão da Universidade de Coimbra, por participação nas lutas académicas, e às disputas com o pai, que não compreendia a importância de combater o regime do Estado Novo. «Ele sempre negara que existisse o Forte de Caxias e a tortura da PIDE. Acreditava que Salazar tinha salvado o país da fome e que Marcelo queria melhorar o regime.»
Só com a prisão política em Caxias, depois dos muitos papéis ingeridos para proteger camaradas de agentes da PIDE, é que o pai de Domingos Lopes percebeu que os torcionários existiam de facto. «Quando chegou ao forte e foi confrontado com as medidas brutais a que os presos estavam sujeitos, foi o fim da crença no regime.»
Após a revolução de Abril, o autor descreve a proximidade com Álvaro Cunhal, de quem foi secretário nos Governos Provisórios, e as responsabilidades que assumiu dentro do partido, como dirigente da Secção Internacional, que o levaram a visitar a Coreia do Norte e a conhecer Nelson Mandela, após a sua libertação, em 1990.
Por fim, conheça as sérias divergências que levaram Domingos Lopes à ruptura com o PCP, explanadas na carta de abandono que endereçou à Direcção do partido em 2009. «Camaradas: Ao cabo de quarenta anos de militância no partido, chegou a hora de dizer, neste momento, adeus.»
Memórias Escolhidas chega às livrarias no próximo dia 4 de Fevereiro. O lançamento da obra acontece no dia 5 de Fevereiro, pelas 18h30, na Associação 25 de Abril, em Lisboa. A apresentação ficará a cargo do jornalista Adelino Gomes.
Este é décimo livro de Domingos Lopes. Antes, o autor publicou várias obras de ficção, entre as quais o romance A Paixão Destrambelhada do Velho Militante, Contos e Crónicas do Alandroal e do Resto do Mundo e o livro de poesia Do Tamanho Possível.
Memórias Escolhidas
Domingos Lopes
Não-Ficção / História
200 páginas · 15x23 · 15,50 €
Nas livrarias a 4 de Fevereiro
Guerra e Paz, Editores
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