O presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, quer que a TAP e o Governo português reconheçam Nicolás Maduro como Presidente e sugeriu que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal contacte o homólogo venezuelano para discutir as sanções impostas à companhia aérea. As declarações surgem um dia depois de o Governo de Maduro ter suspendido as operações da TAP por 90 dias nesse país, por acreditar que a transportadora ocultou a identidade de Juan Guaidó num voo com destino a Caracas.
“Eles sabem quais são os mecanismos. O respeito é o primeiro. Esse é o primeiro mecanismo, o do respeito. E aqui há um presidente que se chama Nicolás Maduro. Não há outro presidente. Não há”, declarou, na segunda-feira, aquele que é considerado o segundo homem mais forte do chavismo.
“Que a TAP peça [a Juan Guaidó] uma reconsideração da sanção, para ver quem é o Presidente da Venezuela. Porque, entre outras coisas, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse que transportavam um Presidente. Presidente de quê? De quê?”, questionou.Diosdado Cabello referiu-se a Juan Guaidó como um "verme e animal perigoso".
O presidente da Assembleia Constituinte garante que a companhia aérea portuguesa “violou as normas de segurança, o que significou um atentado contra a segurança” da Venezuela, pelo que a suspensão dos voos era o mínimo que Caracas podia fazer.
O Governo de Maduro acredita que, para além de ter ocultado a identidade de Juan Guaidó num voo com destino à Venezuela, a TAP permitiu que Juan Marquez, tio do autoproclamado presidente interino desse país, transportasse “lanternas de bolso táticas” que escondiam “substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria”.
A TAP já reagiu à sanção, referindo que “cumpre todos os requisitos legais e de segurança exigidos”.
Diosdado Cabello aconselhou o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a discutir o assunto com o homólogo da Venezuela, Jorge Arreaza, defendendo ainda que o Governo de Portugal deverá reconhecer Nicolás Maduro como Presidente.
O Governo português já pediu um inquérito para averiguar a veracidade das acusações que envolvem a transportadora portuguesa, dizendo não ter qualquer indício de irregularidades no voo que transportou Marquez e Guaidó.
“Dinheiro roubado”
No mesmo discurso, o presidente da Assembleia Constituinte referiu-se a Portugal como um país que se considera imperialista e que trata os venezuelanos como súbditos, pedindo que Lisboa devolva o “dinheiro roubado” a Caracas.
"A menos que os que governam Portugal ainda sintam que são um império. Eles não tinham um aqui no Brasil? (...) Talvez eles ainda acreditem que somos súbditos, que somos uma colónia e que podem, como império, dar ordens", considerou.Guaidó já foi reconhecido por meia centena de países, incluindo Portugal.
O responsável venezuelano aproveitou a ocasião para acusar Portugal de manter nos bancos portugueses "grande parte do dinheiro roubado da Venezuela".
"Dá tristeza, não pensem que é um dos melhores [países] com os quais temos relações. Grande parte do dinheiro roubado da Venezuela está nos bancos de Portugal", disse Cabello, numa alusão aos recursos bloqueados no Novo Banco, mas sem referir o nome da instituição bancária.
"Não pensem que eles são nossos benfeitores. Não, não, não. Grande parte do dinheiro roubado da Venezuela está nos bancos de Portugal", sublinhou.
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