segunda-feira, 30 de março de 2020

Twitter apaga vídeos de Bolsonaro por violarem recomendações para se conter surto

Twitter apaga vídeos de Bolsonaro por violarem recomendações para ...
RR
"Este 'tweet' não está mais disponível porque violou as regras do Twitter", pode ler-se na conta do perfil do Presidente, Jair Bolsonaro.
Nos dois vídeos apagados, o Presidente do Brasil, de 65 anos, defendeu o fim das medidas de contenção em vigor em muitos estados do país e o uso de cloroquina no tratamento da doença, apesar da eficácia do medicamento ainda não ter sido totalmente comprovada.
Numa nota enviada aos 'media' locais, o Twitter lembrou que recentemente incluiu nos seus critérios de exclusão mensagens que fossem "contra informações de saúde pública direcionadas por fontes oficiais e que poderiam colocar as pessoas em maior risco de transmitir a covid-19".
O primeiro dos vídeos bloqueados foi em Taguatinga, uma das cidades satélites da capital brasileira, no qual se via Bolsonaro a conversar com um vendedor ambulante de espetos de carne.
"Eu conversei com as pessoas e elas querem trabalhar. É o que eu disse desde o início. Vamos tomar cuidado, com mais de 65 [anos] deve ficar em casa", disse o governante.
Por outro lado, defendeu que a cloroquina, um medicamento usado contra a malária e outras doenças, "está funcionando em todos os lugares" contra o novo vírus.
Neste domingo, o governo do estado da Bahia (nordeste) anunciou a morte por covid-19 de um homem de 74 anos que havia tomado o medicamento.
No segundo vídeo, num supermercado, volta a motivar aglomerações, critica as medidas de isolamento e diz aos jornalistas que "o país fica imune quando 60, 70% forem infetados" e que um remédio contra o novo coronavírus "já é uma realidade".
Bolsonaro, por decreto, permitiu que casas de lotarias e templos religiosos continuassem em funcionar, embora a Justiça tenha revogado a medida. No entanto, neste domingo, anunciou que vai recorrer.
Apesar de o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, ter frisado, no sábado, a necessidade de isolamento social para evitar o avanço da doença, Jair Bolsonaro contrariou as recomendações sanitárias de quarentena no país e passeou pelas localidades de Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, na área metropolitana de Brasília.
As visitas surpresa do Presidente brasileiro, que não constavam da agenda oficial, aconteceram também após várias críticas de Bolsonaro à forma como diversos estados, nomeadamente São Paulo, têm reagido à pandemia.
"Temos o problema do vírus, ninguém nega, mas também a questão do desemprego. O emprego é essencial", insistiu o chefe de Estado aos jornalistas após a visita a Brasília.
O número de mortos no Brasil devido ao novo coronavírus aumentou hoje para 136, sendo que o país ultrapassou hoje os quatro mil casos confirmados da doença, registando 4.256 infetados, informou o Ministério da Saúde do país.
Segundo o Executivo brasileiro, a taxa de mortalidade da covid-19 no Brasil é de 3,2%, de momento.
O país sul-americano registou um aumento de 352 infetados e de 25 óbitos nas últimas 24 horas, sendo que todas as regiões do Brasil - norte, nordeste, sudeste, centro-oeste e sul - têm mortes confirmadas.
São Paulo é o estado brasileiro mais afetado, totalizando 98 mortos e 1.451 infetados. Segue-se o Rio de Janeiro com 17 óbitos e 600 infetados e o Ceará que, até ao momento, contabilizou cinco vítimas mortais e 348 casos positivos da covid-19.
O sudeste brasileiro, que engloba os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é a região com o maior número de infetados, totalizando 2.342 casos confirmados do vírus. No lado oposto está a região norte do país, com 227 casos de infeção.
Lusa

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