Um grupo global de médicos está investigando o que é chamado de “síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica” (em inglês, “pediatric multisystem inflammatory syndrome”), uma condição que parece afetar crianças após elas terem sido infectadas com Covid-19.
No momento, cerca de 150 casos da síndrome estão sendo analisados, a maioria de Nova York (EUA).
Embora seja uma condição rara, os especialistas creem que mais casos aparecerão conforme a pandemia de coronavírus afete mais pessoas.
“Podemos esperar que cada um dos epicentros veja grupos emergindo aproximadamente quatro a seis semanas depois”, disse o Dr. Jeffrey Burns, especialista em cuidados intensivos do Hospital Infantil de Boston (EUA) e coordenador desse grupo global, à CNN.
Relacionada, não causada pelo coronavírus
De acordo com o Dr. Burns, a síndrome inflamatória não é causada diretamente pelo vírus. “A principal hipótese é que é devido à resposta imune do paciente”, afirmou.
Vale observar que nem todos os pacientes com a condição testaram positivo para Covid-19, mas relatórios dos EUA e da Europa mostraram uma relação.
“Parece haver respostas atrasadas às infecções por Covid nessas crianças”, disse o Dr. Moshe Arditi, especialista em doenças infecciosas pediátricas do Centro Médico Cedars-Sinai em Los Angeles (EUA).
A síndrome e o tratamento
Os sintomas da síndrome incluem febre persistente, inflamação e mau funcionamento de órgãos como o rim ou o coração.
As crianças também podem mostrar sinais de inflamação nos vasos sanguíneos, como olhos vermelhos, língua brilhante vermelha e lábios rachados.
A maioria dos pacientes não é seriamente afetada e não precisa de tratamento em unidades de cuidado intensivo.
Existem terapias provadas que podem ser administradas, incluindo anticoagulantes e moduladores imunológicos. Apesar disso, alguns pacientes morreram.
Questões ainda sem resposta
Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estão preparando um alerta de saúde para enviarem a médicos de todo o país.
De acordo com Burns, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também está trabalhando para definir a síndrome e enviar notificações a médicos sobre a condição.
“Esta nova entidade tem algumas semelhanças com a doença de Kawasaki”, contou Arditi à CNN. “Mas há muito mais características que são consistentes com a síndrome do choque tóxico, como o envolvimento de vários órgãos e o envolvimento abdominal grave com diarreia”, acrescentou.
Os especialistas afirmam que estudar a síndrome pode ajudar a explicar por que as crianças são muito menos propensas a serem severamente afetadas pela Covid-19 do que os adultos.
“Compreender a resposta imune da criança pode ser a chave para o desenvolvimento de uma vacina e terapia para adultos, ao entendermos como as crianças são capazes de combater tão bem a Covid-19”, complementou Burns.
Por Natasha Romanzoti, em 14.05.2020
hypescience
[CNN]
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