quinta-feira, 14 de maio de 2020

Pensar de forma efetiva: os seis estágios do pensamento crítico

O pensamento crítico é fundamental diante das tensões cada vez mais presentes no mundo e em especial com o grande acesso à informação. A própria verdade vem sendo questionada e os termos fake news e pós-verdade ganharam força nos últimos anos. Com o avanço do novo coronavírus, ganharam foco também teorias de conspiração e discussões quanto ao melhor caminho a seguir. Diante disso, desenvolver o pensamento crítico é cada vez mais importante.

A teoria dos estágios do pensamento crítico desenvolvida pelos psicólogos Linda Elder e Richard Paul, pode auxiliar na compreensão dos processos mentais das pessoas. Os pesquisadores identificaram seis níveis de pensamento crítico desde as formas mais superficiais até as mais aprofundadas.

Os autores definem o pensamento crítico como a habilidade e disposição de aprimorar o pensamento o submetendo sistematicamente à autoavaliação intelectual.  O desenvolvimento do pensamento crítico é relacionado ao compromisso do indivíduo e prática constante. O uso mais efetivo da mente não ocorre de forma automática. Os estágios propostos são os seguintes.

Estágio um: o pensador irreflexivo

Nele as pessoas não refletem sobre o ato de pensar e o efeito que tem em suas vidas. Por isso podem formar suas opiniões e tomar decisões baseadas em preconceitos e equívocos. Essas pessoas não avaliam explicitamente seus pensamentos para então melhorá-los. Com frequência, não estão cientes dos padrões apropriados para avaliação do pensamento, como clareza, precisão, rigor, relevância e lógica.

Estágio dois: pensador iniciante

Esse pensador está consciente da importância do pensamento e de que problemas nessa área podem acarretar outras consequências significativas em sua vida. O principal desafio é perceber isso.
 Ele começa a identificar a necessidade de refletir sobre o pensamento para fazer com maior qualidade. Além de identificar possíveis falhas em sua forma de pensar, embora possa não encontrar todas elas.

Pode desenvolver de forma inicial a percepção de que o pensamento envolve conceitos, hipóteses, inferências, implicações e pontos de vista. Além de padrões para avaliar o pensamento como claridade, precisão, relevância e lógica.

Estágio três: pensador básico

Pode começar a tomar controle do pensamento em áreas da própria vida. Reconhece que o pensamento pode ter falhas e passa a tentar compreender e melhorar essas questões. Começa a tomar consciência da função de pensar em conceitos, hipóteses, implicações e pontos de vista. Começam a reconhecer que há padrões na avaliação do pensamento.

Esse pensador começa a apreciar críticas ao seu poder de reflexão. Passa a monitorar seus pensamentos de forma esporádica.  Também percebe pensamentos egocêntrico tanto em si como nos outros.

Estágio quatro: pensador em desenvolvimento

Além de identificar suas falhas, esse pensador tem habilidade para lidar com elas. Ele tem senso dos hábitos necessários para assumir o controle e faz análise regular do pensamento. Mas ainda tem habilidade limitada para análise de níveis mais profundos dos processos mentais.

Estágio cinco: pensador maduro

Esse pensador de nível mais elevado pode ter hábitos que permitem analisar o pensamento com percepções sobre diferentes áreas da vida. Pode ser imparcial e capaz de perceber aspectos nocivos em pontos de vista das outras pessoas e também na sua própria compreensão.
Faz autocrítica com frequência e sem dificuldade com o objetivo de se aprimorar. Tem discernimento para desenvolver novos hábitos, reconhecer inconsistências e contradições, compreender outras pessoas de forma empática e coragem para confrontar posicionamentos com os quais não acreditam ou provocam desconforto.

Estágio seis: pensador sofisticado

Tem controle total sobre como processa informações e toma decisões. Além de estar no comando, continuamente monitora, revisa e repensa estratégias para aprimorar constantemente o pensamento.  Internalizou de tal forma as habilidades que o pensamento crítico é tanto consciente quanto altamente intuitivo. Tem grande controle, embora não seja total, sobre seu egocentrismo.

Por Liliane Jochelavicius, em 13.05.2020
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