Projeto de integração social e mediação intercultural, que pretende aumentar os níveis de escolarização entre a comunidade cigana do Concelho, foi apresentado no Salão Nobre da Câmara Municipal.
“A educação faz toda a diferença”. Rafael Soares, da Gipsy Produções - Associação Cultural, resumiu a essência de um projeto de integração social e mediação intercultural que foi apresentado anteontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Águeda, e que vai decorrer durante três anos. Intitulado “Igualdade na Diversidade”, o projeto (que é promovido pela Câmara de Águeda, em parceria com a Gipsy Produções e com a Associação Cultural e Recreativa de Vale Domingos) tem precisamente como objetivo aumentar a escolarização entre a comunidade cigana do Concelho, promover o sucesso escolar e combater o absentismo e abandono escolares.
O Concelho de Águeda tem uma comunidade cigana com cerca de 300 elementos, agrupados em 80 agregados familiares, distribuídos por várias freguesias, onde têm sido identificados alguns problemas de integração social, cultural e económica. Entre eles estão a baixa escolarização, o abandono e insucesso escolares, pouca integração das crianças no Pré-Escolar e em creche, bem como o baixo nível de integração no mercado de trabalho.
No âmbito deste trabalho de identificação das necessidades da comunidade cigana, a Câmara de Águeda elaborou este projeto que pretende agir junto das famílias e crianças de etnia cigana, procurando atenuar cenários de exclusão e de desintegração social, combatendo também o preconceito, o racismo e a discriminação.
Com uma duração de três anos, este projeto pretende envolver a comunidade cigana, sendo que o acompanhamento, através de mediadores interculturais nas escolas, está a ser feito nos três agrupamentos do concelho (Águeda, Águeda Sul e Valongo do Vouga) e ainda a Escola Secundária Adolfo Portela.
Estes mediadores têm como função criar pontes de ligação e de diálogo entre as comunidades ciganas e escolares, definindo estratégias de intervenção social e facilitando a comunicação entre ambas.
Mudanças que é preciso fazer acontecer
Para Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, este “é um projeto muito interessante, que vem enriquecer muito do que já tem sido feito junto e com esta comunidade”.
“Se cada um de nós fizer o melhor que puder, o mundo será o melhor que pode ser”, argumentou o Edil, acreditando que, no final, com os resultados que se obtiverem, valerá a pena “o investimento que está a ser feito”, porque “é um investimento nas pessoas”, na construção de uma sociedade melhor, com “cidadãos comprometidos com o bem comum, independente da sua origem ou etnia”.
Rafael Soares, Presidente da Gipsy Produções - Associação Cultural, desafiou os pais a enviarem os seus filhos para a escola. “Estudem, enviem-nos para a escola, porque a educação faz toda a diferença”, declarou, desejando, emocionado, que gostaria de, “um dia, ver um jovem cigano como engenheiro ou advogado”.
Esta é também a ambição de Luísa Coelho, que “gostava de ver jovens ciganos a entrar na universidade”. Um sonho que só será possível concretizar com o empenho de todos – autoridades, sociedade civil e comunidade cigana -, defendeu a Presidente da Associação Cultural e Recreativa de Vale Domingos, afirmando que “há mudanças que têm que se fazer acontecer, mas as pessoas têm de se deixar ajudar”.
A responsável, que reconhece as problemáticas do insucesso e abandono escolares associadas à comunidade cigana, acredita que este projeto pode fazer a diferença. “A educação pode mudar as comunidades; não é deixar de se ser cigano, nem abandonar as raízes culturais, mas é ter poder para dar voz àquilo que a comunidade cigana tem de melhor”, sustentou, resumindo que “educação é poder e informação”.
“Estou curiosa para ver o resultado que este projeto vai ter no final destes três anos”, disse Luísa Coelho, confiante de que todos possam ser surpreendidos, tanto pelas respostas sociais como pela adesão das famílias, das crianças e jovens aos projetos educativos.
Refira-se que este projeto resulta de uma candidatura ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), Eixo Inclusão Ativa de Imigrantes e Minorias Étnicas - Projeto de Mediadores Municipais e Interculturais.
Mais informações sobre este projeto podem ser consultadas na página web https://
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