Fonte: Revista Catolicismo, Nº 838, Outubro/2020*
Habitualmente as pessoas veem a Igreja como símbolo direto de Deus, mas não fazem o mesmo em relação ao que existe na sociedade temporal. Uma igreja ou uma catedral são vistas como coisas sagradas, mas não um castelo ou um palácio, considerados como vinculados apenas à esfera temporal. Embora haja uma reversibilidade entre todas as coisas criadas, essa dicotomia desvinculou nas mentalidades as coisas profanas das religiosas, privando-nos de considerá-las sob o ponto de vista da sacralidade, mesmo em edifícios não religiosos, pessoas, animais, árvores, estrelas, mares, rios, pedras, objetos etc.
Contrapondo-se a essa mentalidade, a revista Catolicismo publica mensalmente a seção Ambientes, Costumes, Civilizações. Desde os nossos primeiros números, Plinio Corrêa de Oliveira publicou sob esse título uma coluna com belíssimas transcendências relacionando coisas da sociedade humana com a Igreja e o Criador. Na explicitação dessa reversibilidade, ele foi um paladino do ensinamento de que as coisas da Igreja e as do Estado, da vida religiosa e da vida de sociedade, devem ser símbolos de Deus e cantar Sua glória. Tendo sido ele impedido de prosseguir a redação pessoal dessa seção, por excesso de atividades, tem-nos sido possível perenizar sua coluna com extratos de suas conferências e escritos, mantendo o título por ele escolhido.
Para ilustrar essa transcendência do profano ao religioso, algumas vezes ele exemplificou com a cruz (símbolo essencialmente religioso) fixada no alto da coroa de um rei (símbolo do poder temporal) [foto ao lado]. Frequentemente ressaltou o ensinamento de São Paulo Apóstolo: “As perfeições invisíveis de Deus, desde a Criação do mundo, são interpretadas visivelmente pela inteligência dos homens por meio dos seres que Ele mesmo fez” (Rm 1, 20). E perguntava: Se não amarmos a Deus nas obras que vemos, como poderemos amá-Lo, se não O vemos?
O senso do sacral nos leva a ver Deus em todas as suas criaturas, mesmo quando não são diretamente religiosas. Para o Prof. Plinio, todos os seres existentes no universo criado devem ser analisados com o objetivo de se fazer uma transcendência. Assim, a partir do visível chegamos ao invisível, pois o Criador de todas as coisas é fonte de toda beleza e perfeição. Nesse exercício, por assim dizer espiritual, cumprimos a finalidade para a qual fomos criados, ou seja, conhecer, amar, servir e glorificar a Deus, e assim alcançar a vida eterna.
Com estas considerações, queremos atrair os leitores para a apreciação da primorosa matéria de capa da edição de outubro [capa ao lado], de autoria do historiador italiano Roberto de Mattei. Para este mês, no qual transcorre o 25º aniversário do falecimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — principal idealizador e sustentáculo de Catolicismo —, oferecemos esse importante estudo como incentivo para se observar nas obras da Criação os vestígios das perfeições infinitas de Deus.
ABIM
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