Vasco Ribeiro e Yolanda Hopkins conquistaram, este domingo, o triunfo no Allianz Figueira Pro, a segunda de cinco etapas da Liga MEO Surf 2021, a principal prova de surf em Portugal e a que define os títulos de campeões nacionais. Num dia final longo e marcado por ondas exigentes e de potencial que chegaram à Praia do Cabedelo, Vasco e Yolanda tiraram partido do surf power que os caracteriza para conseguirem várias notas na casa da excelência, que os conduziu a triunfos dominadores e inquestionáveis.
Com o mar a continuar bem desafiante, mas com mais potencial que na véspera, coube à prova masculina ir para a água pela manhã. E cedo se percebeu que iria ser um dia de grande espetáculo de surf. Na ronda 3 Guilherme Fonseca, Tomás Fernandes, Vasco Ribeiro e Miguel Blanco foram os surfistas em maior plano de evidência, mostrando logo aí serem aqueles que melhor se adaptavam às condições. Não foi por acaso que todos eles chegaram às meias-finais, graças a pontuações bem altas, com várias notas acima de 9 pontos.
Nos quartos-de-final surgiu a primeira grande surpresa do dia, com o líder do ranking Afonso Antunes a perder frente a Guilherme Fonseca e a deixar a licra amarela à mercê dos principais rivais. Entre eles estava Tomás Fernandes, que eliminou Jácome Correia nesta fase, mostrando sempre um surf eficaz e de linhas bonitas. Aproveitando o deslize de Afonso, Vasco capitalizou o momento e começou a ligar os motores nas direitas do Cabedelo, com rasgadas monstruosas que lhe rendiam notas altas atrás de notas altas, batendo Guilherme Ribeiro e vingando a derrota nas meias-finais na Ericeira. Por fim, Miguel Blanco utilizou a mesma receita para vencer o jovem Diogo Martins.
Com os quatro surfistas em melhor forma a chegarem às meias-finais, a disputa pelo heat decisivo começou com Guilherme Fonseca a dar show de surf e a bater Tomás Fernandes. Gui carimbou, dessa forma, a segunda final da carreira na Liga MEO Surf. Na outra meia-final, Vasco começou a aumentar ainda mais a fasquia. A Miguel Blanco de pouco valeu ter apanhado um raro e belo tubo, pontuado com 7,50 pontos. Isto porque o tetracampeão nacional juntou uma nota de 7,90 a uma de 9,75 para deixar o adversário em combinação.
Com grande parte do favoritismo a pender para Vasco na final, Guilherme Fonseca ainda conseguiu equilibrar a disputa, estando mesmo na frente até meio do heat, em virtude de uma onda pontuada com 7,40 pontos. Mas os últimos minutos de Ribeiro foram verdadeiramente demolidores. Na antepenúltima onda, Vasco conseguiu uma nota de 9 pontos, que o atirou para a liderança, E nos últimos segundos, para que não ficassem dúvidas no ar, fez a melhor onda de todo o campeonato, com quatro manobras muito fortes, que foram recompensadas com a nota máxima de 10 pontos.
Além de deixar mais um adversário em combinação, com 19 pontos contra 13,05, e de ter conseguido um heat quase perfeito num dos melhores scores de sempre da Liga MEO Surf, Vasco Ribeiro carimbou na Figueira da Foz o 13.º triunfo em etapas, igualando o registo de nomes históricos como Tiago Pires ou José Gregório, e ficando a apenas um do registo de Frederico Morais e a três do recordista João Antunes. Uma vitória que permitiu ainda ao surfista do Estoril roubar a liderança do ranking a Afonso Antunes e ficar lançado na luta por um histórico quinto título nacional.
“Terminei com a cereja no topo do bolo”, começou por afirmar Vasco após a final. “O mar estava a ficar cada vez melhor. Ao início do dia era difícil encontrar as ondas boas, mas com o avançar do dia fui-me adaptando cada vez mais às condições. Foi a primeira vez que ganhei na Figueira da Foz, o que é sempre bom. Senti-me bem e vou tentar levar esta forma para o Porto e depois para todas as provas internacionais que se seguem. Vestir de amarelo é bom, mas é importante é ter a liderança no fim”, rematou o surfista que conseguiu fazer quatro dos cinco melhores scores masculinos do campeonato – todos acima de 15 pontos – e quatro das cinco melhores ondas masculinas – todas acima de 9 pontos.
Na prova feminina, a segunda ronda apenas foi para a água ao início da tarde, com condições menos pesadas, mas ainda assim muito exigentes. E neste tipo de condições, as tops nacionais começaram logo a utilizar a experiência para fazerem pontuações altas a caminho das fases finais. Nesta segunda ronda Carolina Mendes destacou-se das rivais, com um score de 16,30, que garantiu logo aí o prémio Bom Petisco Girls Score. Isto numa fase em que já havia a decisão de levar a prova feminina até final sem heats woman-on-woman.
Nas meias-finais foi Yolanda Hopkins a mostrar que se sente à vontade perante condições desafiantes, conseguindo uma onda de 9,50 pontos, que foi a melhor de toda a competição feminina. A surfista algarvia começava assim a construir um bom momento para levar para a final, onde também estariam a licra amarela Carolina Mendes, Kika Veselko e Mafalda Lopes, todas elas em grande destaque nestas meias-finais.
Já na grande final, Yolanda continuou a produzir um surf de grande nível, onde se destacou uma onda pontuada com 9,00. A campeã nacional de 2019 dominou a final do início ao fim, garantindo, assim, um regresso vitorioso à Liga MEO Surf, depois de ter falhado a etapa da Ericeira. Foi o sexto triunfo de Yolanda Hopkins e o segundo na Figueira da Foz, repetindo o êxito de 2019.
“Foi um campeonato incrível”, começou por dizer Yolanda Hopkins. “A praia do Cabedelo não desiludiu, estiveram ondas incríveis. Foi uma boa opção não se ter feito ontem a prova feminina. Apesar de estar bem preparada para este tipo de condições, poderia ser um mar complicado para as mais jovens. E hoje acabaram por estar condições muito boas. Nem queria sair da água para poder continuar a surfar estas ondas. Esta foi uma boa vitória para me preparar para o Mundial ISA e atacar o sonho da qualificação olímpica”, frisou.
Quanto às restantes surfistas, Kika Veselko conseguiu 13,25 pontos e repetiu o segundo posto da Ericeira, enquanto os 12,15 pontos de Carolina Mendes, que foi prejudicada por partir a prancha a meio do heat, perdendo algum tempo precioso na troca de prancha, foram suficientes para garantir um 3.º posto que a mantém na liderança do ranking feminino. Por sua vez, Mafalda Lopes terminou no 4.º e último posto da final, com 4,25 pontos.
A meio do dia, e antes da disputa dos heats decisivos, disputou-se ainda a Go Chill Expression Session, com o triunfo final a sorrir a Diogo Martins, que conseguiu a melhor manobra. Um grande desfecho de campeonato para Diogo Martins, ao qual juntou ainda um 5.º posto final.
Resultados finais do Allianz Figueira Pro:
A Liga MEO Surf segue agora para o Norte do país, para as ondas do Porto e Matosinhos, onde de 7 a 9 de Maio se disputa o Joaquim Chaves Saúde Porto Pro. Os melhores surfistas nacionais vão chegar, assim, ao equador da Liga MEO Surf com Vasco Ribeiro e Carolina Mendes na liderança dos respetivos ranking e também na frente da Allianz Triple Crown, numa altura em que falta apenas a etapa de Sintra para decidir os campeões deste sub-troféu.
Imagem: Sapo Desporto
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