Muita montanha, cinco chegadas no alto, a pedalar no interior, três passagens pelo litoral e a “cheirar” a normalidade. A 82.ª edição da Volta a Portugal arranca hoje com um contrarrelógio em Lisboa (prólogo), e termina ao cronómetro, a 15 de agosto, em Viseu. Ao longo de 10 etapas e um dia de descanso na cidade mais alta do país, Guarda, 18 equipas e um pelotão de 126 ciclistas inauguram o Museu Joaquim Agostinho, em Torres Vedras, e testemunham a estreia de uma partida em Ponte de Sor. Além de tudo isto, a Volta recebe uma equipa da 1.ª divisão internacional, 11 anos depois.
Entre as duas cidades, Lisboa e Viseu, os 126 ciclistas e 18 equipas pedalam 1.568,2 Km durante 10 etapas, com direito a um dia de descanso (9 de agosto), na Guarda, cidade mais alta do país. A caravana terminará cinco etapas no alto, com destaque para a chegada à Torre (categoria especial), Serra do Larouco, segundo ponto mais alto de Portugal Continental (1.503 metros) e Senhora da Graça (Monte Farinha) — atribui 4 Prémios de 1.ª categoria e contabiliza 33 contagens de Prémios de Montanha.
Os números da Volta
Joaquim Gomes, diretor da prova, relativiza o eventual peso da montanha no traçado. “A dureza de uma Volta mede-se em muitos outros parâmetros. E a esse nível será sempre uma grande prova por etapas, realizada numa altura de grande calor e em que acaba por exigir muito aos seus participantes”, disse, numa mensagem áudio. “Uma coisa tenho a certeza: com mais ou menos chegadas em montanha, esta edição, em particular, deverá obrigatoriamente apresentar no final, em Viseu, o homem mais forte desta corrida”, sustentou.
O prólogo da capital, 1.ª etapa (Torres Vedras-Setúbal) e a 5.ª etapa (Águeda-Santo Tirso) são o oásis de litoral na viagem pelo interior do país. Na cidade do Oeste a caravana testemunhará a inauguração do Museu Joaquim Agostinho. Para além de um espólio que inclui camisolas amarelas e objetos de Agostinho e de outros nomes grandes do ciclismo do Oeste, João Roque, Marco Chagas e Joaquim Gomes, o espaço museológico mostra a fatídica bicicleta com que o mais famoso ciclista português sofreu a queda mortal em Faro, no dia 10 de maio de 1984 (Volta ao Algarve).
94 anos depois da primeira edição da Volta a Portugal em Bicicleta (1927), a mais importante prova velocipédica nacional continua a apresentar estreia de cidades. Desta vez, a honra cabe a Ponte de Sor. A capital da inovação da indústria aeronáutica situada no Alto Alentejo, distrito de Portalegre, estreia-se nas partidas das duas rodas, na 2.ª etapa, a 6 de agosto, graças a uma parceria conjunta com os municípios do Crato, Portalegre, Castelo de Vide e Nisa.
O dia reservado em exclusivo a rolar no Minho (Viana do Castelo-Fafe) antecederá a etapa mais longa, 193,2 quilómetros, entre Felgueiras e Bragança.
As 10 Etapas
A questão pandémica e os estrangeiros da 1.ª liga de regresso 11 anos depois
No ano passado, a prova de agosto foi empurrada para uma “Especial” em outubro devido à situação sanitária. A questão pandémica da Covid-19 continua a marcar a Volta a Portugal. “Depois do calvário de mais de um ano e meio que afastou a Volta a Portugal de cumprir um dos seus maiores requisitos, que é, no verão, constituir-se como o principal evento e o mais popular, que leva o colorido a casa das pessoas, esperamos, finalmente, neste agosto, dar um pouco esse 'cheirinho' de normalidade às pessoas”, sublinhou Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal Santander, durante uma apresentação realizada via Zoom.
A presença da Movistar, equipa espanhola da World Tour, 19 anos depois da última participação, é uma nota de destaque desta edição da Volta a Portugal em Bicicleta. A juventude impera no regresso de um bloco do escalão máximo do ciclismo mundial às estradas portuguesas 10 anos depois da Lampre. Das restantes oito equipas estrangeiras, as segundas linhas são a norma nos sete nomes que compõe os conjuntos.
Espanha apresenta-se com 5 equipas: Movistar, Caja Rural, Euskaltel-Euskadi, Burgos-BH e Kern Pharma. Bingoal-Wallonie Bruxelas (Bélgica), Rally Cycling (EUA), UCI Proteams e Israel Cycling Academy (Israel) e SwiftCarbon (Gbr), equipas UCI Continental, fecham os estrangeiros em prova.
Portugal apresenta nove equipas Continentais: W52-FC Porto, Efapel, Tavfer-Measindot-Mortágua, Louletano-Loulé Concelho, Antarte-Feirense, Kelly-Simoldes-Udo, Radio Popular-Boavista, LA Alumínios-LA Sport e Atum General-Tavira- M. N. Hotel.
As portuguesas W52-FC Porto, vencedora das últimas cinco edições — composta por Amaro Antunes, João Rodrigues e Joni Brandão —, e a Efapel são as equipas que se perfilham na luta pelos pódios.
Dia 15, o contrarrelógio de 20,3 quilómetros na terra de Viriato, recetora pela 27.ª vez da mais importante prova velocipédica nacional, determinará o sucessor de dois ciclistas, conforma a leitura que se faça da contabilidade de edições: João Rodrigues (W52-Porto), vencedor da 81.ª edição, em 2019, prova que ligou Viseu ao Porto; ou de Amaro Antunes, vencedor da edição “Especial”, em setembro-outubro de 2020 (Fafe-Lisboa), prova organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo e, até à data, não contabilizada para efeitos estatísticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário