Os hospitais portugueses receberam, em 2020, mais doentes com cancro de mama em fase avançada devido à pandemia da covid-19, disse à agência Lusa a vice-presidente da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia.
“No ano passado notou-se um decréscimo de casos em fase inicial”, disse à agência Lusa Ana Joaquim, à margem de uma campanha nacional de sensibilização sobre o cancro da mama metastático, que está a ser preparada para lançar em outubro.
A iniciativa, que consiste na gravação de 18 vídeos informativos, em que participam profissionais de saúde e doentes, pretende “explicar as várias etapas da doença oncológica e desmistificar a vivência com o cancro da mama”.
A médica oncologista Leonor Pinto, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, reforça que, “estranhamente ao que acontecia até há cerca de ano e meio”, as unidades de saúde estão a encontrar doentes “com tumores maiores, localmente mais avançados, às vezes já com a pele ulcerada, o que não era comum”.
Apesar da grande sensibilização e do conhecimento da população da existência do cancro da mama, infelizmente este contexto pandémico trouxe-nos alguns dissabores por dificuldade de acesso a exames de rastreio que se fazia de uma forma mais contínua”, frisou à agência Lusa.
Segundo Leonor Pinto, verifica-se um “aumento do número de cancros de mama localmente avançados, que já não são tumores iniciais, e estamos agora a encontrar doentes que chegam à consulta já com doença metastizada, o que não era tão comum há um ano e meio”.
A campanha de sensibilização da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia inclui gravações em hospitais do norte ao sul do país, em diversos ambientes, como bloco operatório e gabinetes de consulta.
As filmagens tiveram início em Gaia, decorreram, também em Coimbra e no início de setembro vão ser em Lisboa, prevendo-se que a campanha seja lançada no dia 1 de outubro nas redes sociais, no âmbito do “Outubro rosa”.
Salientando que esta é uma “boa forma de passar a mensagem”, a vice-presidente da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia, Ana Joaquim, salienta que o grande objetivo dos vídeos passa “por desmistificar a doença, chegar a quem recebe este diagnóstico e fornecer informação clara e precisa”.
Lusa
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