O pequeno estado de San Marino está dividido a poucos dias do referendo sobre o aborto. Profundamente católico, é um dos poucos estados da Europa onde o aborto ainda é ilegal. O resultado da consulta popular é muito incerto. Sondagens não há, mas argumentos pró e contra não faltam.
"Não é verdade que o aborto não exista em San Marino. As mulheres de San Marino vão fazer abortos fora do nosso país. Fazem-no ilegalmente porque o aborto é um delito criminal aqui. Tudo isto é vergonhoso", diz Rosa Zafferani, membro da União das Mulheres de San Marino, a organização que avançou com a proposta de referendo.
Um cidadão, por seu lado, defende: "Porque é que só a mãe deve decidir? Um casal é composto por uma mãe e um pai. Porque tem sempre de ser apenas a mãe a decidir? Será que o pai não tem qualquer poder de decisão? A gravidez deve ser levada a cabo sem aborto. Se realmente não quer a criança, há a possibilidade de a pôr para adoção".
Todas as tentativas de legalizar o aborto em San Marino foram vetadas nos últimos 20 anos por governos conservadores. O assunto vai ser referendado a 26 de setembro, mas quer o governo, quer a Igreja apelam ao voto "Não".
San Marino é um dos últimos lugares na Europa - juntamente com Malta, Andorra, o Vaticano e a Polónia - a ter uma proibição total do aborto, mesmo em casos de violação ou incesto, grave deficiência fetal ou risco para a vida da mãe.
Não é a primeira vez que o estado se inflama por causa desta questão. A antiga deputada comunista Vanessa Muratori foi a primeira a apresentar uma proposta de lei pró-escolha em 2003, mas não deu em nada.
Mas a UDS, que conseguiu recolher as assinaturas necessárias para a consulta popular, espera que isto seja um sinal de que poderá ser a altura certa para se juntar a outros países católicos, europeus, como a Irlanda, que já legalizaram o aborto.
Nesta pequena república de 33 mil habitantes as mulheres só obtiveram o direito de voto em 1964 e o divórcio só foi autorizado a partir de 1986.
Euronews
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