quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Cantanhede | Candidatura elaborada pelo Gabinete Técnico Florestal foi aprovada

 

Mais de um milhão e meio de euros para reflorestar o Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede

A candidatura para reflorestação de 1.503 hectares Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede elaborada pelo Gabinete Técnico Florestal da autarquia acaba de ser aprovada no âmbito do PDR 2020 – Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020, designadamente da operação referente ao Restabelecimento da Floresta Afetada por Agentes Bióticos e Abióticos ou por Acontecimentos Catastróficos.

A candidatura resultou da concertação de posições entre a Câmara Municipal de Cantanhede, a Comunidade Local dos Baldios da Freguesia da Tocha e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas relativamente à estratégia para reflorestar a área do perímetro afetada pelo grande incêndio de outubro de 2017. Essa estratégia passa pela plantação de árvores, uma vez que a regeneração natural do pinheiro-bravo é manifestamente insuficiente para garantir em condições satisfatórias o repovoamento da zona afetada, tanto mais que há necessidade de a recuperar rapidamente do ponto de vista florestal e lhe devolver a importância ambiental, turística e social que tem para o concelho de Cantanhede e especialmente para a freguesia da Tocha.

A intervenção abrange 1.503 hectares de floresta devastada e ascende a 1.676.679 de euros, investimento que será comparticipado pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 em 80%, sendo o restante da responsabilidade da Comunidade Local dos Baldios da Freguesia da Tocha.

Para além da elaboração do projeto e submissão da candidatura, o Município de Cantanhede assegurará, também através do seu Gabinete Técnico Florestal, o acompanhamento e a fiscalização dos trabalhos, bem como a conceção do Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede.

A execução do projeto de reflorestação deverá concretizar-se em dois anos, contemplando a execução de operações de controlo da vegetação espontânea (acácias e outras), mobilização do solo para a instalação das plantas e a plantação de pinheiro bravo (1.395,8ha nos talhões), pinheiro-manso (49,2ha nas faixa da rede primária e faixa de gestão de combustível associada à rede viária) e choupo-negro, borrazeira-preta e salgueiro-branco (20,5ha para reabilitação das galerias ripícolas associadas às linhas de água).

Serão ainda instaladas duas parcelas experimentais, uma de consociação de pinheiro-bravo e sobreiro (20,1 hectares) e uma outra só com pinheiro-manso (17,4 hectares).

Trata-se de um projeto técnico muito ambicioso a todos os níveis, uma vez que o local em causa se insere na Rede Natura 2000 e que por esse motivo determina a subordinação da existência de floresta a determinados fins de utilidade pública, tais como a conservação, a gestão sustentável dos recursos naturais associados e a preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, tendo em consideração as orientações regionais de ordenamento florestal constantes no Programa Regional de Ordenamento Florestal (PROF).

O Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede situa-se na freguesia da Tocha e está submetido ao Regime Florestal Parcial (terrenos baldios) por força de decretos-lei de 1901 e 1903 e demais legislação complementar, encontrando-se sob gestão direta do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Possui uma área total de 3.521,8ha, está dividido em unidades de gestão (160 talhões), e caracteriza-se por um cordão dunar litoral contínuo, formando uma planície de substrato arenoso com povoamento vegetal dominado por pinheiro-bravo e em sub-coberto a presença de acacial e matos psamófilos, com pequenas lagoas abastecidas por linhas de água secundárias de água doce.

O facto da área de intervenção se localizar dentro do limite da Zona Especial de Conservação PTCON0055 - Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, determinou a necessidade de identificar os Habitats referenciados para a zona de conservação, considerar as orientações de gestão aplicáveis às atividades silvícolas previstas no Plano Setorial da Rede Natura 2000 e selecionar práticas culturais com vista à minimização das incidências sobre os valores naturais (Habitats e espécies da flora e da fauna).

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