segunda-feira, 11 de abril de 2022

Da Rússia dos Tzares ao período comunista, seu desmoronamento e ressurgimento metamorfoseado

 

FONTE: REVISTA CATOLICISMO, Nº 856, ABRIL/2022

“Putin não é uma pessoa qualquer dentro do sistema comunista russo. Nos anos de 1980 ele ‘percebeu’, ou alguém o fez ‘perceber’, que o comunismo estava se desmoronando. Ele então começou a concentrar ‘assets’ — áreas de estrutura econômica, produtiva e financeira da União Soviética — nas mãos de algumas pessoas muito próximas a ele, todas ligadas à KGB”

A propósito da invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin, o presidente da TFP italiana e autor do livro Teologia da Libertação – Um salva-vidas de chumbo para os pobres, Julio Loredo de Izcue [foto abaixo], concedeu-nos uma entrevista através do nosso colaborador Frederico de Abranches Viotti. Estudioso de política internacional, Loredo de Izcue conhece muito bem a Rússia. Nosso entrevistado apresenta aos leitores de Catolicismo o panorama atual dentro de um contexto histórico que cumpre entender para evitar uma apreciação equivocada do que vem ocorrendo no conflito entre Rússia e Ucrânia envolvendo outras nações.

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Gostaríamos primeiramente de conhecer sua impressão sobre este momento histórico: a invasão russa à Ucrânia.

Para começar, a maioria dos russos não entendem a democracia como a entendemos no Ocidente. Eles gostam de ser dirigidos por pessoas fortes, chegando a ter veneração religiosa por figuras como Stalin.

E sobre Putin?

Membro do Partido Comunista Soviético, Vladimir Vladimirovich Putin ocupava um posto na KGB em Dresden (Alemanha). Lembremos que a KGB não era tão-só o serviço secreto soviético, mas a estrutura repressiva que governava a União Soviética. Na verdade, esse período da vida do atual dirigente russo foi muito obscuro, constando até implicações dele com o grupo terrorista Rote Armee Fraktion. De repente o chamam em 1990 a Moscou para ocupar a subchefia da KGB com patente de tenente-coronel. Putin não é uma pessoa qualquer dentro do sistema comunista russo. Nos anos de 1980 ele ‘percebeu’, ou alguém o fez ‘perceber’, que o comunismo estava se desmoronando. Ele então começou a concentrar assets — áreas de estrutura econômica, produtiva e financeira da União Soviética — nas mãos de algumas pessoas muito próximas a ele, todas ligadas à KGB. Com a queda da Cortina de Ferro em 1989 e a dissolução da União Soviética em 1991, a Rússia caiu num caos completo. Ela se desagregou em vários países, internamente houve um processo de privatização bastante desordenado. Nesse tempo, quem tinha em mãos muitas das rédeas da estrutura do poder econômico e da inteligência era Vladimir Putin, que foi nomeado chefe do FSB, o novo nome da KGB.

Quando e como ocorreu essa reconstrução da antiga URSS?

Putin teve uma carreira política fulminante. Vereador de São Petersburgo em 1992, Primeiro Ministro de Yeltsin em 1999, no ano 2000 ele galgou a presidência. Lembro-me de ter entrevistado em 2002 o famoso dissidente russo Vladimir Bukovskij. Na ocasião ele me disse para não perder de vista Vladimir Putin, pois será ele quem reconstituirá a União Soviética com outro nome. Foi presidente por dois mandatos consecutivos. Como a Constituição não lhe permitia um terceiro mandato, ele guindou um “laranja”, Medvedev, e se tornou seu primeiro-ministro. Depois voltou a ser presidente, reformou a Constituição da Federação Russa e virou presidente vitalício.

Poderia nos explicar um pouco mais essa política do Putin?

Criança é evacuada, por um soldado, de uma área de Kiev atacada pelos invasores russos.

Putin foi retomando e concentrando o poder nas mãos do governo, criando um grupo muito restrito de oligarcas. Quem porventura ainda tivesse algum poder fora desse grupo íntimo ia sendo eliminado ou preso, como foi o caso de Mikhail Khodorkovsky, proprietário da maior petroleira da Rússia, a Yukos. Putin liquidou com ele e absorveu sua petroleira. Pouco a pouco foi reconstituindo a estrutura interna de poder da antiga União Soviética, tal qual previra o dissidente Vladimir Bukovskij. Ele então procedeu a uma série de invasões, criando repúblicas fantoches, como a Ossétia e a Abkhatia. Depois invadiu a Geórgia e a Chechênia. A Crimeia foi tomada mais tarde, em 2014, juntamente com Sebastopol. Criou Doneskt e Lugansk, e assim por diante. Agora invade a Ucrânia e ameaça os países bálticos.

O que ele alega para agir assim?

A Rússia não é o país imaginado por nós, pois há muito blefe em todo aquele aparato. Por exemplo, durante esta recente invasão da Ucrânia as bolsas europeias caíram três, quatro pontos percentuais, o que é uma barbaridade. Já a bolsa de Moscou chegou a cair mais de 40 pontos… Quer dizer, a Rússia não é nada. Depois, o próprio poderio militar russo é muito discutível, como se está demonstrando nestes dias. A economia russa está indo muito mal. A produção não decola. Não fosse a ajuda da China e do Ocidente, que compram produtos russos como gás e petróleo, por exemplo, a economia russa estaria em situação ainda mais crítica. É inútil dizer que a Rússia é o maior país do mundo ou que tem recursos naturais infinitos, pois o problema é saber e poder utilizá-los. Ao sair do eixo Moscou-São Petersburgo, que são cidades grandes, já se cai na Rússia real, que é de causar espanto. Então, é uma exigência de autoafirmação do próprio poder russo que leva Putin a proceder como vem procedendo.

Poderia tratar de uma questão que vem afetando muitos brasileiros, e certamente os leitores de Catolicismo, ou seja, como entender o poder de Putin na Rússia atual?

Os comunistas russos são muito pragmáticos, à diferença dos revolucionários franceses de 1789. Isso tem por base o conceito marxista de verdade, bem explicado pelo próprio Marx no livro Teses sobre Feuerbach, no qual ele afirma que a verdade é aquela que se faz, não aquela que se pensa. Então, se o que eu faço conduz ao que eu quero, isso é verdade. Lenin já aplicou essa teoria. Enquanto os revolucionários franceses de 1789 destruíram os palácios reais, os revolucionários russos de 1917 conservaram os palácios imperiais dos tzares, porque eles entraram e caminharam pondo os pés nas pegadas dos tzares. Sabiam perfeitamente que tinham de herdar aquela haura do poder autocrático dos tzares. Lenin chegou a proibir que se tocasse no Palácio de Inverno, o atual Museu Hermitage — que aliás é uma fábula —, pois tinham de conservar aquele símbolo de poder tzarista por dever religioso.

Não fosse a ajuda da China e do Ocidente, que compram produtos russos como gás e petróleo, por exemplo, a economia russa estaria em situação ainda mais crítica

Há mais exemplos em outros setores da sociedade e instituições russas?

Quando a economia russa ruiu com toda a política de Lenin de expropriações comunistas, ele imediatamente restaurou a propriedade privada e a livre iniciativa (1921) lançando a NEP (Nova Política Econômica). Poderíamos até nos perguntar como um comunista que nega essencialmente a propriedade privada pode restaurá-la. O motivo foi que ele se deu conta de que sem produção a recém-nascida União Soviética desmoronaria. Isso para eles não é contradição. Pouco tempo depois, Stalin percebeu que a Rússia teria de lutar em uma guerra não tão longínqua — a Segunda Guerra Mundial — e precisava estar forte e alimentada. Stalin aboliu o aborto e praticamente aboliu o divórcio, reabriu as igrejas que Lenin havia fechado, chamou de volta da Sibéria os sacerdotes ortodoxos exilados em campos de concentração, convocou dois sínodos e restaurou o Patriarcado de Moscou. Esse homem teria sido bom? Não. Ele atendia aos interesses da União Soviética.

Stalin fez muito mais do que Putin vem fazendo em relação aos valores familiares?

Sem dúvida, muito mais! É bom lembrar, porque há muita gente dizendo que Putin é bom. Foi por isso que Stalin é venerado como santo na Rússia. Ao visitar igrejas ortodoxas russas deparamo-nos às vêzes com ícones de Stalin com auréola de santo. Para os russos, quem governa a Santa Rússia deve ser santo. É muito importante entendermos como funciona a mentalidade russa. Putin parece proceder exatamente assim. Por exemplo, mostra-se contrário ao homossexualismo, mas isso é comum nos países eslavos. Na realidade, a homsexualidade é livre, o que não é permitido hoje na Rússia é a propaganda homossexual para menores de idade.

A imoralidade hoje na Rússia é como em qualquer outro lugar do Ocidente, ou é reprimida em alguma medida?

Exatamente como em qualquer outro lugar. Por exemplo, às tardes e às noites, ao se caminhar pela Nevsky Prospekt — avenida principal de São Petersburgo —, é impossível não ser abordado, literalmente a cada dois metros, por uma prostituta, ou por uma “moça” que lhe passa cartões convidando para os clubes imorais da vida noturna.

Mas existe algum sinal de conversão da Rússia?

Não percebo qualquer vislumbre de ressurgimento de uma Rússia cristã, e que defenderá a família contra a avalanche de imoralidade e do liberalismo ocidental. Não faz sentido alguém dizer-se favorável à Rússia porque é contra os liberais.

Conservam-se ainda as tradições russas? O senhor se recordaria de alguma delas?

Em São Petersburgo está a Basílica de São Pedro e São Paulo, no centro da fortaleza de mesmo nome. Aí estão enterrados todos os tzares da Rússia a partir de Pedro, o Grande. Ela tem um campanário muito bonito, encimado por São Miguel, que é o padroeiro da cidade. Ao meio-dia em ponto o canhão da fortaleza troa, seguido do carrilhão do campanário, que executa o Hino Imperial da Rússia… Tudo isso para passar a ideia do império de todas as Rússias.

Como vêm funcionando a religião e as práticas religiosas na Rússia?

Kyrill, patriarca de Moscou, foi agente da KGB.

Trata-se de outro ponto que é preciso ter claro. Na Rússia existem três tipos de religiões. Uma é a religião do Estado, que é a Igreja Ortodoxa autocéfala do Patriarcado de Moscou, restaurada por Stalin. É por isso que Vladimir Bukovskij falava que não se deve dizer Igreja Ortodoxa, mas Igreja Staliniana. Até os anos 1990, para ser ordenado sacerdote da I.O. russa era preciso um documento da KGB. O atual patriarca de Moscou, Kyrill, foi agente da KGB com o codinome “továrisch Michailov”, como também o foi o anterior patriarca, Alexis, “továrisch Drozdov”. É tudo KGB, porque Igreja e Estado são unidos. União Soviética, comunismo, partido comunista e Igreja Ortodoxa são uma só coisa. Existe um segundo nível de religiões oficiais: hebraísmo, islamismo e budismo. Sem esquecer o xamanismo siberiano. No terceiro nível, estão as outras religiões, mal toleradas e, na realidade, perseguidas.

Qual o conceito que o russo tem de religião?

Na verdade, um conceito territorial. Certa vez cheguei a discutir lá na Rússia com um teólogo do Patriarcado de Moscou, o qual dizia que para eles o que interessa é ser russo, nascer em território canônico e sagrado que é a Rússia. O batismo para eles é quase secundário, uma espécie de selo que a Igreja manda imprimir, mas o fundamental é ser russo. As demais religiões são apenas mal toleradas. Por exemplo, as igrejas católicas não podem possuir fachadas de igrejas. A única com fachada de Igreja é a Catedral de Santa Catarina, na Nevsky Prospekt, em São Petersburgo, por decreto da então imperatriz Catarina, a “Grande”. A catedral de Moscou tem esse nome, mas na realidade é a igreja dos poloneses. Todas as outras igrejas devem estar escondidas atrás de fachadas anódinas.

Pode-se fazer apostolado católico na Rússia  por exemplo, rezar em público?

Absolutamente não, e caso o faça vai preso por fazer proselitismo… Cito um fato. No jardim em frente à catedral de Moscou, Dom Tadeusz Kondrusiewicz, ex-bispo de Moscou, construiu um parque de jogos para crianças. Imediatamente o Patriarcado de Moscou fez um protesto oficial, pelo fato de se estar fazendo proselitismo com meninos ortodoxos, uma vez que alguns deles entravam lá para brincar… Esse é o nível de “liberdade” que existe para a Igreja Católica na Rússia de hoje. Dois anos atrás, Putin fez nova lei restringindo ainda mais a liberdade das religiões não oficiais. Portanto, a situação da Igreja Católica, que já é muito limitada, pode ainda ficar pior, o que implica na questão da conversão da Rússia anunciada por Nossa Senhora em Fátima.

A Rússia foi citada duas vezes por Nossa Senhora em Fátima, pouco antes de cair no comunismo.

Sempre que escrevo ou falo procuro ressaltar este ponto, talvez o mais importante de todos os que tratei até o momento nesta entrevista. Nossa Senhora foi muito clara ao dizer que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, ou seja, seria um castigo para a humanidade. Disse que haveria guerras e perseguições, que o Papa teria muito de sofrer, mas que, por fim, seu Imaculado Coração triunfaria, a Rússia se converteria e seria concedido ao mundo algum tempo de paz.

O senhor poderia ainda dizer uma palavra sobre a Ucrânia?

Historicamente, a Rússia nasceu da Ucrânia, e não o contrário. Quem primeiro se converteu ao catolicismo foi São Vladimir de Kiev, Príncipe de Kiev, da dinastia Rurik. Ele governava sobre a Rus’, que depois foi a Rússia. Por séculos a Rússia foi governada a partir de Kiev. Moscou surgiu mais tarde, São Petersburgo mais tarde ainda. Portanto, o que podemos chamar de Rússia católica original é o Principado de Kiev, que se chamava “Kievskaja Rus” (Rus’ de Kiev).

É difícil comparar Putin com Hitler?

No século XX se tem apresentado uma série de falsas alternativas. Por exemplo, no começo dos anos de 1920, a Itália caiu no chamado Biennio Rosso, em que os comunistas quase tomaram o poder. E qual era a alternativa? Podia-se escolher entre o Partido Popular, católico mas progressista, ou o Partido Fascista, anticomunista mas não católico. Falsa alternativa, muito semelhante à atual situação, que nos coloca entre o globalismo de Putin e o globalismo do Ocidente. Como bom político, Mussolini entendeu que tinha de governar com a Igreja Católica, como Stalin entendeu que tinha de governar com a Igreja Ortodoxa. Fez as pazes com a Igreja em 1929 com o Tratado de Latrão. Muitos católicos, inclusive cardeais, apoiaram o fascismo, pois viam nele a alternativa ao caos comunista. Com Hitler aconteceu exatamente a mesma coisa. Depois da República de Weimar houve um verdadeiro caos social. Foi nesse momento que Hitler se apresentou com o Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), aliás, o mesmo nome do PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil. Contudo, ele não podia se tornar primeiro-ministro sem apoio dos católicos. Entendendo isso, entrou em combinação com Franz von Papen, chefe do partido católico. Ganhou as eleições e foi eleito chanceler democraticamente. Em seguida se apresentou como restaurador da civilização cristã. Houve católicos que o apoiaram. Graças a Deus, foi uma minoria. Figuras muito importantes como as dos Cardeais von Galen e von Faulhaber impediram que isso acontecesse. Pelo contrário, o Cardeal Innitzer, de Viena, era pró-nazi. Hitler não se apresentou como revolucionário, mas como “restaurador” do passado. Restaurou o Reich. Uma das primeiras coisas foi proibir a pornografia, a homossexualidade, a propaganda imoral, e favorecer a família. Por quê? Porque sabia que era a favor da Alemanha.

Depois da República de Weimar houve um verdadeiro caos social na Alemanha. Foi nesse momento que Hitler se apresentou com o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães

Qual seria a aplicação desses acontecimentos aos dias de hoje, concretamente entre Putin e o Ocidente permissivo?

Esses acontecimentos se assemelham aos de nossos dias, quando nos encontramos diante de uma encruzilhada cuja opção é fundamentalmente falsa. Nossa resposta deve ser: “Nem de um lado, nem de outro, estamos com a Santa Igreja Católica Apostólica Romana!”. Aquilo que há de LGBT, aborto, homossexualismo e imoralidade no Ocidente constitui um câncer. Agora, quando se luta contra um câncer, ou se faz uma cirurgia eliminando-o pela raiz ou se faz quimioterapia, não se mata o paciente. Queiram ou não, o que hoje ainda resta de bom no Ocidente adveio da civilização cristã. Se trata de restaurá-la. Portanto, Putin-Revolução é uma alternativa falsa. O mesmo se dá com a Igreja Católica, em cujo seio irrompeu em certo momento o progressismo, que é a sua negação. Eu não procuro lutar contra o progressismo eliminando a Igreja Católica, mas devo lutar contra o progressismo para salvar a Igreja.

Há dois globalismos na falsa alternativa criada?

Temos o globalismo do “pan-eslavismo”, de Alexander Dugin, o pensador de Putin, discípulo de Julius Evola, ocultista e gnóstico italiano. De outro lado temos o globalismo de George Soros. São dois globalismos ambos péssimos, que se tocam. Talvez seja novidade para os leitores de Catolicismo, mas um dos principais assessores de Putin é Henry Kissinger, um dos pais do mundialismo. Putin se diz antiglobalista, mas está invadindo um país independente. Lembremos que em 1991, quando a Ucrânia recobrou sua independência, 92,5% dos ucranianos sufragaram essa independência. Ora, como posso dizer que sou nacionalista e antiglobalista quando o que eu faço é englobar um país depois do outro?

O senhor gostaria de dizer algo mais para os nossos leitores?

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na época do “Legionário”

Aproveito o ensejo para me reportar aos anos de 1930 no Brasil. Já nessa época o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi muito claro, e seria muito interessante que lessem seus artigos dos anos 30. Ele escrevia no semanário Legionário, e nas suas análises sobre o fascismo e o nazismo ele afirmava que “os católicos deveriam ser anti-nazistas, anti-comunistas, anti-liberais, anti-socialistas, anti-fascistas, precisamente porque católicos”. Ele nunca aceitou essa dicotomia. Se o senhor me perguntasse entre AIDS e câncer no fígado, o que eu escolheria, eu respondo: — Eu quero a saúde! E a saúde se chama Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Repito uma coisa que disse num congresso em Moscou. Há na Rússia um mistério, por ter sido o único país mencionado duas vezes na Mensagem de Nossa Senhora de Fátima. Uma vez enquanto flagelo da humanidade e outra vez como o país cuja conversão abrirá a era do triunfo do Imaculado Coração de Maria. Então, ao falarmos da Rússia devemos nos perguntar de antemão se estamos nos referindo a ela enquanto flagelo ou enquanto convertida.

E como o senhor imagina uma Rússia convertida?

Conversão — eu disse isso em Moscou, portanto não é uma coisa secreta, privada — é tomar o caminho inverso e seguir a verdadeira religião, que é a católica. Esse é o ponto absoluto. Já no campo temporal, conversão é abandonar o caminho que Nossa Senhora chamou de “erros da Rússia”, ou seja, o comunismo. Enquanto não houver uma rejeição do período comunista, não podemos falar de conversão da Rússia.

Existem sintomas de que a Rússia esteja a caminho dessa conversão?

Francamente, eu não vejo nem uma nem outra conversão. Razão pela qual devemos ter todo o cuidado ao tratar desta questão, não pondo o pé numa falsa alternativa. Isso já aconteceu nos anos 30. E está acontecendo agora. Essa crítica à ação da Rússia não implica apoiar os aspectos ruins do Ocidente. Pelo contrário! Rezemos à Virgem de Fátima para que sua promessa se cumpra o mais rapidamente possível. Aproveito para cumprimentar os diletos leitores de Catolicismo.

ABIM

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