O livro com os textos premiados na quarta edição do Prémio
Literário Pedro da Fonseca foi apresentado no dia 29 de abril na
Biblioteca Municipal, contando com a presença de autores premiados,
de elementos do júri, de antigos resineiros e de público em geral.
João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova e, por
inerência, presidente do júri, agradeceu aos concorrentes que
enviaram textos em prosa e poesia e falou do tema escolhido: a
resinagem, atividade “que criou muito valor e riqueza para as
comunidades. Muitos de nós tivemos condição de sair destes
territórios para estudar, para ter outra qualidade de vida, muito
devido a essa forma de extrair este produto do pinheiro bravo, um
trabalho muito árduo”. João Lobo deu nota do projeto de criação
da Rede Europeia dos Territórios Resineiros, mais um instrumento da
“transformação de paisagem que precisamos objetivamente de
realizar” e que potenciará a figura do resineiro vigilante.
Elemento
do júri desde a primeira edição, Inês Cardoso, diretora do Jornal
de Notícias, destacou a dificuldade em escolher os vencedores –
motivo pelo qual foram atribuídas menções honrosas em cada uma das
categorias – e a exigência de pesquisa a que o tema obrigou. “Esta
temática tem essa virtualidade de estimular muito a ligação entre
passado, presente, futuro e as obras a concurso fazem-no muito bem.
Temos simultaneamente alguma nostalgia, muita memória nas viagens
que promove no tempo, mas simultaneamente a atualização dessas
tradições e desta capacidade de trazer para o presente ou até
projetar para o futuro algumas virtualidades desta nossa história,
desta nossa riqueza natural e cultural”. A aparente dificuldade
acabou por criar textos muito originais, como destacou António
Borges, elemento do júri convidado: “não sendo expetável à
partida que um simples líquido branco viscoso, que circula nas veias
das árvores resinosas e que é exsudado quando estas são molestadas
de qualquer forma, pudesse gerar tantos poemas e contos tão
originais e totalmente bem conseguidos”. Pertencente ao Instituto
de Conservação da Natureza e das Florestas, salientou a
sincronicidade de se comemorar, na mesma data, o Dia Internacional
das Florestas e o Dia Mundial da Poesia.
“A
resina é extremamente poética!” – a afirmação (e confirmação)
surge por Luís Aguiar, vencedor na categoria de poesia. “Creio que
nós portugueses temos uma riqueza brutal de algumas profissões que
estão a desaparecer e que são de facto extremamente poéticas. Esta
é uma delas. E é curioso que até o próprio termo resina no seu
interior tenha outra condição que é a sina, como se fosse um
percurso que o trabalhador teve que passar”. O autor refletiu ainda
sobre a necessidade da leitura, não só importante para quem
pretenda escrever, mas para todas as pessoas de forma transversal.
Nesta categoria foi ainda entregue uma menção honrosa a João
Rasteiro. Em prosa, Joana Guedes foi a vencedora e a menção honrosa
entregue a Nuno de Sousa, este último presente na apresentação.
“Era um tema que eu achei interessante abordá-lo, foi recuar na
minha vida porque parte da minha família é de Trás-os-Montes e eu
vivi este processo”. Conhecedor da realidade do Pinhal Interior
Sul, para onde vinha de férias, Nuno de Sousa falou ainda dos
incêndios florestais, num ciclo “que tem de ser parado rapidamente
antes que o Pinhal Interior desapareça”. Os ciclos da natureza –
e os ciclos humanos – são abordados no seu texto.
Com
moderação de Elsa Ligeiro, da Alma Azul e pertencente ao júri
desde a primeira hora – tal como Isabel Bessa Garcia, em
representação do Agrupamento de Escolas de Proença-a-Nova, a
apresentação contou ainda com o testemunho de Marcolino Nel que
começou a trabalhar na resinagem com 11 anos e um dos
impulsionadores da criação da Casa do Resineiro na aldeia de
Corgas. Alunos e alunas da Escola Pedro da Fonseca, patrono do
prémio, e da Universidade Sénior leram alguns excertos dos textos
premiados. O livro, com ilustrações de Catarina Alves, do Município
de Proença-a-Nova, encontra-se disponível para requisição na
Biblioteca Municipal, polos e Bibliomóvel.
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