O ministro das Infraestruturas não resistiu à mais recente polémica no Governo e está de saída apenas quatro meses depois de ter assumido o cargo. O anúncio foi feito depois de uma longa conversa entre António Costa e o Presidente da República.
Apesar das explicações sobre o incidente com o ex-adjunto, o ministro João Galamba não resistiu no cargo. Depois de uma conversa, esta manhã de terça-feira, com o chefe do Governo, António Costa reuniu-se com os ministros do "núcleo duro" do Governoe deslocou-se depois ao Palácio de Belém.
Em Belém, o primeiro-ministro esteve reunido com o Presidente Marcelo durante mais de uma hora e, no final, desse encontro foi tornada oficial a saída do ministro das Infraestruturas, que ocupou o cargo apenas quatro meses, substituindo, recorde-se, Pedro Nuno Santos.
O recurso aos Serviços de Informação e Segurança (SIS) depois de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro, ter levado um computador do Ministério não caiu bem em Belém, avançou o semanário Expresso. O Presidente da República, que recusou comentar publicamente o caso, conversou por telefone, logo no sábado (dia 29), com António Costa a quem manifestou reservas sobre o que se passou no Ministério das Infraestruturas.
Para Marcelo, esta situação pôs em causa a credibilidade do Estado e, por isso, esperava que João Galamba fosse afastado do cargo. Saliente-se que, numa primeira reação, o próprio primeiro-ministro reconheceu que “o que se passou é inadmissível”, mas o ministro fez o que tinha de fazer: “[João Galamba fez] bem” em “dar o alerta pelo roubo do computador com informação classificada”.
Já esta terça-feira, o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) informou que, na sequência das notícias vindas a público no passado dia 18 relativas ao envolvimento do Sistema de Informações e Segurança (SIS) na recuperação de um computador portátil do Estado, pediu “de imediato e por sua própria iniciativa” informações sobre a intervenção do SIS neste caso.
O insólito caso que derrubou Galamba
A notícia de que o ministro das Infraestruturas tinha exonerado o adjunto chegou ao início da tarde do dia 28 de abril, mas tinha sido tomada dois dias antes. O semanário Expresso, que avançou com a informação, indicava outro dado relevante. A decisão foi tomada em “clima de tensão” - e, soube a SIC depois, de violência também.
O ex-adjunto Frederico Pinheiro, cujo nome era desconhecido para a maioria dos portugueses até à passada sexta-feira, teria recorrido à força para levar do Ministério o computador com o qual trabalhava. Polícia Judiciária, PSP e SIS estariam envolvidos e cinco funcionários do Ministério, incluindo a chefe de gabinete de Galamba, tiveram de se barricar numa casa de banho devido ao ataque de Frederico.
Perante estas acusações, que acabaram em queixa-crime, o ex-adjunto enviou um comunicado à redações com a sua versão dos factos e na qual não só desmentia João Galamba, como o acusava de querer omitir informações (as famosas “notas”) à comissão de inquérito. Ainda nessa sexta-feira, ao início da noite, o gabinete de Galamba negava “categoricamente qualquer acusação”.
Mas a confusão não acabou por aqui. Frederico Pinheiro contra-atacou e continuou a partilhar a sua versão - e respetivos desmentidos - em vários meios de comunicação. E, no dia seguinte, é o próprio ministro quem, em conferência de imprensa, se explica publicamente, centrando a sua declaração no incidente no Ministério das Infraestruturas. Acontece que, aquando das perguntas dos jornalistas, muitas dúvidas ficaram por esclarecer.
E, enquanto os partidos continuavam a exigir a demissão do ministro e o Presidente Marcelo evitava comentar o assunto publicamente, António Costa estava fora do país, mas o caso mantinha-se na ordem do dia. Afinal, sem comentar mas comentando, o chefe de Estado já tinha reconhecido que a questão “era sensível”. Terminado o fim de semana prolongado, esta terça-feira, pela manhã, João Galamba foi explicar-se, cara a cara, ao primeiro-ministro. O que de lá saiu já se sabe…
SIC Notícias
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