Os alunos da faculdade de direito de Lisboa deliberaram a extinção da "sala museu" dedicada ao professor Marcelo Caetano que foi a maior referência do "direito administrativo" em toda a História de Portugal.
O erro, a meu ver, da decisão destes alunos, com uma petição na internet de apenas 550 assinaturas, é não terem a maturidade suficiente para distinguirem o percurso académico, o contributo académico de uma personalidade académica determinante do seu percurso político.
Quando nos dias que correm exige-se ao presidente da república atual que seja menos comentador/professor e mais chefe de estado, vemos na faculdade de direito extinguir uma memória histórica pelo facto destes alunos de direito misturarem tudo e acharem que um ex-chefe de estado não merece ser reconhecido como professor mesmo sendo uma das maiores referências do direito.
Marcelo Caetano como professor deixou-nos uma obra vasta e formou outros grandes vultos do direito administrativo como Diogo Freitas do Amaral, fundador da democracia entre muitos outros juristas bem conhecidos da nossa praça...e este papel de grande contributo para alguns alicerces jurídicos que ainda vigoram e sustentam a democracia, não deverá ser esquecido.
Não vou aqui apreciar o seu papel de político pois um ditador é um ditador e o seu papel como chefe de estado é de condenar, mas no ano em que comemoramos 50 anos do 25 de abril , seria de reconhecer a este Homem, o facto do 25 de abril ter decorrido sem derramamento de sangue e sem que o poder caísse na rua.
A nossa distância temporal do 25 de abril deveria dar-nos uma clarividência daquilo que correu mal e daquilo que correu bem mas vivemos num tempo em que a esquerda continua apaixonadamente a viver a expetativa que a revolução aconteça amanhã e a agir como Estaline agiu relativamente à História apagando e aniquilando o fundador do seu partido, Trostky...
Paulo Freitas do Amaral
Professor de História
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