sexta-feira, 19 de abril de 2024

Cantanhede | No âmbito das comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril. Elsa Ligeiro abordou vida e obra de Augusto Abelaira

 
Cerca de uma centena de participantes estiveram presentes no auditório da Biblioteca Municipal de Cantanhede, ontem, dia 17 de abril, para uma sessão subordinada ao tema A Liberdade em Augusto Abelaira.
Integrada no projeto Tardes Comunitárias, a ação contou com a presença de Elsa Ligeiro, da editora Alma Azul e teve como objetivo principal divulgar a vida e obra do escritor e jornalista Augusto Abelaira (1926 – 2003).
Presente na cerimónia esteve Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal, com o pelouro da Cultura, aproveitando a ocasião para realçar “a importância de Augusto Abelaira como um vulto bastante relavante da literatura portuguesa contemporânea”, salientando ainda “a sua grande cultura e preparação intelectual, colocada em prol da luta contra o regime ditatorial que vigorou até abril de 1974, assim como na defesa da liberdade”.
O autarca relembrou o escritor natural de Ançã, concelho de Cantanhede, “como autor de uma vasta obra, que o coloca em destaque no panorama da literatura neorrealista portuguesa”.

A editora Elsa Ligeiro, responsável pela apresentação, abordou vários aspetos relacionados com a vida e obra de Augusto Abelaira, com natural destaque para os doze romances (o último póstumo), as três peças de teatro, um livro de contos e um monólogo. Salientou, ainda, as dezenas de crónicas jornalísticas de pendor político e cultural, na sua maioria orientadas por uma consciência ético-histórica, sempre com uma visão atenta e crítica sobre a sociedade.
A sessão foi enriquecida com a apresentação de vários trechos de crónicas e textos do autor, pelas vozes da oradora, Elsa Ligeiro, e de duas convidadas, Fátima Reis Melo e Urtélia Silva, respetivamente
Augusto Abelaira participou ativamente na luta contra o regime de Salazar, integrou movimentos estudantis de oposição ao regime, participando na distribuição de panfletos políticos e assinando documentos a favor da liberdade. Foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) por ter atribuído, como membro de júri, o Prémio de Novelística da então Sociedade Portuguesa de Escritores, ao livro de contos Luuanda (1963), do escritor luso-angolano Luandino Vieira, na altura preso no campo de concentração do Tarrafal.
Augusto Abelaira é autor de romances, peças de teatro, contos e crónicas; como jornalista, trabalhou nos jornais Diário Popular, O Século e no Jornal de Letras. Foi diretor de programas da RTP, entre 1977 e 1978,  e das revistas Seara Nova Vida Mundial.

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