Uma série de acontecimentos, declarações oficiais, umas
ofensivas dos mais pobres, outras subordinadas de tal modo ao dinheiro que
esquecem as pessoas mais carenciadas, reformas imoralmente obscenas, nomeações
que permitem disfarçadamente que os subsídios de Natal e de férias sejam
recebidos, poderes ocultos ou nem tanto, enfim, uma sociedade onde se perdeu o
norte, onde os valores da lealdade nacional, do serviço público, da
solidariedade e sobretudo da centralidade da pessoa se perderam numa noite de
nevoeiro.
Há coisas boas, muito boas, mas que não são contadas, que só
os que vive próximo conhecem. Há uma ou outra excepção: apesar de tão pouco
destacada é bonito ver o que está a acontecer na Sicasal, que bem poderia ser
um exemplo a seguir por todo o país. Mas não é.
Por isso e por outras coisas aqui
partilho convosco a minha última crónica.
Autor não identificado
Realidade Paralela
Vivemos em uma sociedade em que os valores, além de estarem
perdidos, se confundem entre si. Se uma garota se maqueia e cuida de seu corpo,
é taxada como fútil. Como filhinha-de-papai. Se ela não dá importância à sua
aparência, é ridicularizada e vista como desleixada. Se é virgem e pura, se
torna a atrasada da turma. Se já perdeu a virgindade, não passa de uma vagabunda.
Se é traída pelo namorado e não o perdoa, se transforma na vilã da história. Se
o perdoa, é uma idiota. Se sai com as amigas nas noites de sábado, ela não
presta. Se fica em casa estudando, é uma nerd. Se come muito, é uma obesa. Se
come pouco, é anoréxica. Se tira muitas fotos, está querendo aparecer. Se não
tira nenhuma foto, tem vergonha de si própria. Se fala sobre sexo, não tem
vergonha na cara. Se não fala, quer bancar a santinha. Se tenta agradar as
pessoas, é uma puxa-saco. Se não agrada, é uma ingrata. Todas as garotas
deveriam entender que não se deve satisfazer as vontades da sociedade. Todos os
seus esforços nunca serão suficientes, e sempre lhe exigirão mais e mais.
Agrade a si mesma. Faça o que tiver vontade, e ligue o f…-se para o mundo. É o
caminho mais curto para a felicidade.
(Henrique Dias
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