O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, disse hoje em Bruxelas que interpreta os protestos de produtores de leite e de carne em Portugal como "uma manifestação de apoio às posições" que leva à reunião de ministros da União Europeia.
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À chegada ao Conselho de Agricultura, Capoulas Santos indicou que leva várias propostas, que preparou previamente com as organizações do setor, disse ter noção de que "não é uma tarefa fácil" a que terá pela frente, pois uma maioria dos Estados-membros da UE defende outras soluções, mas garantiu que vai bater-se "pela defesa dos agricultores" portugueses, como sempre fez, pelo que entende os protestos em curso em Portugal como uma posição de apoio às propostas que leva a Bruxelas.
"Eu interpreto também o seu protesto como uma manifestação de apoio às posições que eu estou aqui a tomar, já que as posições que estou aqui a tomar são para os defender. E o facto de os agricultores estarem a protestar em Portugal, como estão hoje aqui a manifestar-se em Bruxelas, como se manifestaram em Helsínquia, como se manifestaram em Paris, como estão a manifestar-se noutros pontos na Europa, demonstra aos governos e à Comissão Europeia que há um problema e que esse problema tem de ser resolvido ou temos de encontrar soluções para pelo menos o suavizar", disse.
"Portanto, eu interpreto a posição dos agricultores portugueses como uma posição de apoio às minhas posições, já que estou aqui a defende-los", reforçou, quando questionado sobre uma manifestação agendada para hoje em Portugal de produtores de leite e de carne, anunciada como "a maior alguma vez realizada pelo setor em Portugal".
Capoulas Santos apontou que as propostas que leva a Bruxelas visam dar respostas "ao imediato" mas também a pensar no futuro, afirmando que, no caso das soluções mais urgentes para "uma crise conjuntural a que é necessário dar resposta", e única possível é haver "uma redução da produção em toda a Europa, já que o problema é um problema de excesso de oferta, que está a pressionar os preços em baixa", pelo que os agricultores "devem ser compensados pela redução da produção durante um determinado período e devem ser retirados do mercado os outros excedentes".
Depois, salientou, é necessário "encontrar soluções para estabilizar a produção no futuro, e isso passa por soluções politicas, como a normalização das relações com a Rússia, a abertura de novos mercados, na América Latina, na ásia, de forma a que excedentes europeus possam ser canalizados para fora da europa", defendeu.
"Eu sei que não é uma tarefa fácil aquela que nos espera hoje aqui. Infelizmente, uma maioria de Estados-membros continua a pensar que o mercado resolve todos os problemas e que aqueles que não conseguem competir neste mercado ferozmente competitivo devem ser pura e simplesmente lançados para o lixo. Não me conformo com essa posição. Sempre me bati e vou continuar a bater-me pela defesa dos nossos agricultores e pela defesa de uma ideia de uma política agrícola europeia", disse.
O ministro lamentou que muitos países considerem que a solução passa por "dar autorização aos governos para utilizarem dinheiros nacionais para apoiarem os seus agricultores", já que "isso é fácil para quem tem excedentes orçamentais", mas "é uma tarefa impossível" para quem, como Portugal, "vive ainda momentos de grande constrangimento".
Segundo Capoulas Santos, a solução tem de ser encontrada entre as três partes que integram a fileira, ou seja, a produção (agricultores), a indústria (que transforma os produtos) e a distribuição, com conjunto com o Governo e a União Europeia.
"No que me diz respeito, eu vou bater-me aqui hoje por encontrar soluções europeias, estou a preparar soluções nacionais, e espero também que, quando voltar a Portugal e voltar a reunir-me com o setor, que a indústria e a grande distribuição também apresentem as suas propostas para ajudarem a resolver este problema, que é de todos. Eu estou a fazer aquilo que me compete", concluiu.
Na agenda de trabalho do encontro de hoje dos ministros da Agricultura da União Europeia constam os temas que mais preocupam os produtores portugueses, nomeadamente, as crises europeias nos setores do leite e da suinicultura.
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