Produtores portugueses de leite e carne manifestam-se nesta segunda-feira em frente à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, em Matosinhos, Porto, “em defesa da produção nacional” e contra as “práticas comerciais abusivas” da grande distribuição.
Organizada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e pela Associação Portuguesa de Produtores de Leite e Carne (APPLC), em conjunto com outras organizações da lavoura, a iniciativa promete ser “a maior alguma vez realizada pelo setor em Portugal” e prevê ainda protestos junto a dois hipermercados.
O objetivo é “assinalar reclamações específicas perante as práticas comerciais abusivas” de que os produtores acusam as grandes superfícies comerciais e que, garantem, “têm contribuído para a grave crise que arrasa a pecuária nacional”, nomeadamente os produtores de leite e carne.
Reclamando ser “indispensável a regulação legislativa e a fiscalização da atividade dos hipermercados”, o setor reclama também ao Ministério da Agricultura e ao Governo que criem “condições para escoamento, a melhores preços à produção, dos produtos agroalimentares” nacionais, desde logo o leite e a carne, e ao mesmo tempo efetuem um “controlo severo das importações, como está a fazer a Espanha desde há meses”.
Ainda exigido pelas organizações agrícolas é uma “‘retirada’ à produção (compra pública a preços compensadores) dos vitelos e das vacas já fora da produção leiteira”, assim como a isenção temporária e “sem perda de direitos” do pagamento das contribuições mensais para a Segurança Social e o reembolso de parte do consumo da ‘eletricidade verde’.
Adicionalmente, o setor pretende um aumento da ajuda (ligada à produção) à vaca leiteira e a promoção do “consumo prioritário” da produção nacional nas cantinas públicas e dos mercados de proximidade.
A manifestação dos produtores de leite e carne está agendada para o mesmo dia em que o Ministro da Agricultura estará em Bruxelas numa reunião dos ministros da Agricultura da União Europeia, que voltará a ter em cima da mesa o tema do leite e da carne suína, e segue-se a uma manifestação de suinicultores em Lisboa, na sexta-feira.
“O leite e a carne suína são produções estratégicas para a soberania alimentar do país, para a economia nacional e para a nossa alimentação”, sustentam, defendendo que o Ministério da Agricultura e o Governo “devem lutar” a nível europeu, “sem mais hesitações, para a retoma de mecanismos públicos de controlo da produção e dos mercados como as ‘quotas’ leiteiras nacionais cujo fim determina, em grande parte, a atual crise”.
Ainda reclamado no contexto europeu é o aumento do preço à ‘intervenção’ (compra pública) de leite, laticínios e carne.
“Na União Europeia impõe-se a regulação pública da produção e do mercado e ajudas para continuar a produzir e não para deixar de produzir”, sustentam, considerando “mais um grave erro estratégico admitir – como parece que admite o ministro da Agricultura – a redução, com ajudas públicas, da produção nacional de leite e carne suína, ainda que de ‘forma voluntária e temporária’”.
Para o setor, o que se impõe são “ajudas excecionais para fazer frente a uma situação de excecional gravidade” e para “apoiar e manter” os produtores pecuários a produzir, não “deitando a perder os vultosos investimentos públicos e privados feitos no setor”.
Fonte: economico
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