O presidente do BCE é uma das figuras que esta quinta-feira vai marcar presença no primeiro Conselho de Estado de Marcelo. Mas nem todos veem esta visita com bons olhos, a começar pelo BE.
O primeiro Conselho de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, que acontece esta quinta-feira no Palácio de Belém, está a ser marcada pela presença de um convidado especial.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, vai marcar presença nesta primeira reunião do Presidente da República, na qual também vão estar o primeiro-ministro e Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.
Segundo o atual chefe de Estado, citado pelo Diário Económico, a presença do presidente do BCE é bom para que este “tenha a noção exata daquilo que se passa em Portugal”.
A visita de Draghi acontece numa altura em que o país vive uma enorme instabilidade no setor financeiro, acentuada pelo tema da “espanholização da banca” e por casos como o BPI, o Banif, o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos.
De acordo com o mesmo jornal, enquanto supervisor europeu, o BCE terá a última palavra não só no processo de venda do Novo Banco como também no destino do BPI, que se encontra num impasse entre os espanhóis do CaixaBank e a angolana Isabel dos Santos, e na solução encontrada para o CGD, que o Governo pretende manter público.
Ao que o jornal Expresso apurou, tanto Marcelo como António Costa esperam sensibilizar Draghi para a especificidade da relação entre Portugal e Angola e para os riscos desta tal “espanholização”.
O tema deverá ser abordado no almoço antes da reunião do Conselho de Estado, no qual vão estar o Presidente da República, o primeiro-ministro, o governador do BdP e também Mário Centeno, ministro das Finanças.
Oficialmente, a intervenção de 20 minutos de Mario Draghi no Conselho de Estado será sobre temas macroeconómicos, tal como “a situação económica e financeira europeia”, mas fontes daquele órgão anteciparam ao jornal que as perguntas dos conselheiros ao presidente do BCE também podem “descer para questões micro”, nomeadamente as relacionadas com a banca.
Apesar de ser a banca portuguesa a estar na calha, a reunião de hoje terá como tema oficial oPrograma Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade, dois documentos que têm de ser entregues em Bruxelas até ao final deste mês.
“Xô Draghi”
A verdade é que nem todos veem com bons olhos a visita do presidente do Banco Central Europeu ao nosso país, a começar pelo Bloco de Esquerda que preparou aquilo a que chama de uma “receção alternativa”, conta o Público.
Esta será uma ação simbólica a decorrer, às 19 horas, no Largo de S. Domingos, em Lisboa, bem longe do local onde acontece a reunião em que Draghi participa e também bem depois (o Conselho de Estado começa às 15 horas).
Batizada de “Xô Draghi! Not welcome”, esta receção pretende sensibilizar os portugueses para o facto do presidente do BCE ser “um rosto da austeridade, da crise europeia e da perda de soberania democrática dos países do sul da Europa”, pode ler-se na convocatória divulgada no Facebook.
“Não é bem-vindo a Portugal e terá uma receção digna do triste papel que tem na política europeia”, acrescenta-se na rede social.
“Mario Draghi conhece bem Portugal, mas os portugueses também conhecem bem o presidente do Banco Central Europeu”, diz ao jornal Jorge Costa, deputado e dirigente do BE.
Questionado sobre se esta ação poderá dificultar as relações com o Governo, o bloquista declara ao diário que “o BE vai continuar a dizer o que pensa dentro de uma União Europeia que é cada vez mais uma instituição de atraso para a maioria do povo europeu”, confirmando que, nestes temas, “o Bloco não vai nunca silenciar-se”.
ZAP
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