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E se o conto
de fadas vivido pelo Leicester tiver começado com uma violação das regras do
fair play financeiro...? Ainda não há certezas, é certo, mas uma investigação
do 'The Guardian' dá conta de uma alegada irregularidade financeira cometida em
2013/14, o ano em que os foxes conseguiram a promoção do Championship para a
Premier League. A situação já estará a ser alvo de atenta análise por parte da
Football League, em face das dúvidas geradas junto de outros clubes envolvidos.
A situação é
complexa, mas a lógica aparentemente será fácil de entender. Na base da
polémica está um acordo assinado pelo Leicester, em janeiro de 2014, com uma
empresa chamada Trestellar Ltd, que tinha como objetivo promover o nome do
clube no Reino Unido e no sudeste asiático, e que rendeu aos cofres dos foxes
11 milhões de libras (13,7 milhões de euros), reduzindo na altura os prejuízos
para 42,4 milhões de euros. O problema
foi que, na apresentação das contas de 2014/15, o Leicester comunicou que a
Trestellar vendeu o referido patrocínio à King Power, empresa detida por Vichai
Srivaddhanaprabha, o milionário tailandês que... adquiriu o clube em 2010.
De resto,
segundo os mesmos dados, o valor dos patrocínios passou de 6,5 milhões de euros
em 2012/13 para 19,9 depois do acordo da Trestellar, isto mantendo-se sempre a
King Power como patrocinador principal na zona frontal do equipamento. Um
aumento de ganhos que naturalmente ajudou o Leicester a baixar o seu prejuízo,
uma situação que, a não suceder, valeria uma multa pesada ao clube por parte da
Football League, já que todos os emblemas estão obrigados a cumprir um limite
máximo de 9,9 milhões de euros de prejuízo anual. Uma medida que, quando foi
aplicada, passava por incentivar os clubes a reduzir a sua folha salarial.
Ora, os
restantes clubes não se conformaram ao saberem da situação do Leicester,
argumentando que, ao contrário destes, foram forçados a reduzir a sua folha
salarial para conseguir cumprir as obrigações financeiras. Já os foxes até
terão investido ainda mais em salários, facto que (também) os terá ajudado a
assegurar a promoção rumo à Premier League. Segundo os dados apresentados nas
suas contas, o Leicester terá pago um total de
44,9 milhões de euros em salários em 2013/14, ainda que o clube atribua
11,7 milhões desse valor ao bónus de promoção.
Ligações...
duvidosas
No artigo do
'The Guardian' é ainda apontado um pormenor 'curioso'. Tudo porque a
Trestellar, empresa que havia sido criada pouco tempo antes deste acordo de
patrocínio, é detida pelos filhos de Sir Dave Richards, antigo líder da Premier
League, que conta com ligações precisamente aos donos do Leicester... Depois,
ainda segundo o mesmo jornal, a empresa em questão não tem (nem teve) site na
internet ou telefone fixo. A sua morada de registo, por exemplo, não apresenta
qualquer sinal da existência da empresa...
Um acordo
anormal
Ouvidos pelo
'The Guardian', elementos de vários clubes do Championship apelidam este
negócio como "doping financeiro" com recurso a milhões dos seus
donos. Tudo porque, na ótica destes, um acordo de patrocínio visto como normal
naquela divisão ronda entre os 311 e 622 mil euros, ao passo que a venda do
'naming' de um estádio se torna ainda mais complicada - o Derby County, que tem
um estádio maior, vendeu o seu 'naming' por 873 mil euros anuais, por
exemplo...
Ainda que se
tenha recusado a comentar o artigo em causa, o Leicester assegurou que está a
colaborar com as autoridades. "O clube enviou à Football League o registo
dos seus retorno relativos à época 2013/14. A Football League, posteriormente,
exigiu algumas clarificações, que nós cedemos. Estamos confiantes de que
cumprimos os regulamentos do fair play financeiro durante essa temporada e nada
ilegal será encontrado", disse um porta-voz do clube.
Resta agora
saber se haverá punição e qual a magnitude da mesma, isto numa altura em que o
Leicester lidera a Premier League com 7 pontos sobre o segundo classificado
Tottenham.
Fonte: Record
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