terça-feira, 12 de abril de 2016

Emigrantes serão abrangidos pela solução para lesados do BES

Imagem:economico
Os emigrantes lesados pela derrocada do BES também estão abrangidos pelo memorando de entendimento assinado  entre o Governo e todas as partes envolvidas numa solução para os lesados do papel comercial do BES.

Os emigrantes lesados com a falência do BES também estão incluídos no memorando de entendimento assinado por Governo, Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Banco Espírito Santo (BES) e Associação de Defesa dos Clientes Bancários Lesados, Investidores em Papel Comercial (AIEPC). A garantia foi dada pelo primeiro-ministro ao deputado socialista Paulo Pisco, deputado do PS eleito pelas Comunidades Portuguesas.

Em declarações ao Económico, este deputado socialista avança que a garantia foi dada por António Costa, a 5 de Abril, numa reunião da Comissão Nacional, que decorreu em Lisboa.  “Nessa reunião alertei o secretário-geral do PS para a situação verdadeiramente dramática dos emigrantes lesados, que trabalharam de forma muito dura a vida inteira e julgaram que estavam a aplicar todas as suas poupanças em depósitos e chegam agora à idade de reforma - em muitos casos com poucos descontos - e queriam usar o seu dinheiro e nem sequer têm uma reforma decente, para viver de forma minimamente condigna”, afirma Paulo Pisco.

Após ter alertado para a necessidade dos emigrantes não serem esquecidos no processo de recuperação dos depósitos que confiaram a agentes, “o primeiro-ministro garantiu que o memorando de entendimento com os lesados do papel comercial, assinado há duas semanas também abrange os emigrantes lesados do BES”. O deputado socialista frisa mesmo que a indicação de António Costa passou pela necessidade de passar a mensagem de que os emigrantes lesados não estão excluídos de uma solução futura a negociar pelas partes envolvidas.

Com efeito, recorda Paulo Pisco, o memorando de entendimento deixa em aberto, nos pontos 3 e 4, a possibilidade de “todos os investidores, sejam ou não membros da Associação, aderirem às eventuais soluções para minorar as suas perdas”.

A questão agora, diz o deputado socialista, passa por saber qual é a forma desta possibilidade de entendimento e dos emigrantes lesados se sentarem também à mesa das negociações. Em causa está saber qual será o representante do Estado para os cerca de 2.000 emigrantes que querem reaver cerca de 150 milhões de euros e que, em 2015, não aceitaram a solução do Novo Banco. Recorde-se que, no caso dos lesados do papel comercial, Diogo Lacerda Machado, amigo e homem de confiança do primeiro-ministro, é o representante do Estado que tomou conta do dossiê.

“É preciso saber quem é o interlocutor”, afirma Paulo Pisco, realçando que os emigrantes lesados têm os seus activos no Novo Banco e é uma situação diferente de quem investiu em papel comercial e assumiu algum risco, pois, diz, “foram enganados”. Este responsável lamenta a forma como têm sido “ignorados quer pelo Banco de Portugal quer pelo Novo Banco”, considerando “inaceitável a opacidade deste processo e a sobranceria com que as entidades têm tratado este processo, nomeadamente os dramas pessoais e familiares que esta situação está a trazer a milhares de emigrantes que foram lesados”.

Emigrantes reúnem-se com CMVM e Presidência da República

Os representantes da Associação Movimento dos Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) reuniram-se ontem com os responsáveis da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para discutir o problema dos clientes que investiram em produtos do banco.

O encontro realizou-se depois de uma ronda de contactos no Parlamento com o Presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares e a deputada Mariana Mortágua. Sobre a reunião com os deputados bloquistas, Luís Marques, presidente da AMELP, saiu com uma garantia: “Vão dar todo o apoio parlamentar e pedir explicações ao presidente do Novo Banco“.

Na próxima quinta-feira, os contactos continuam com o grupo parlamentar do PS e com a Presidência da República para dar conta da situação de cerca de 2.000 emigrantes num total de 8.000 clientes emigrantes com aplicações no valor global de 732 milhões de euros.

O presidente da AMEL diz que estão em causa entre 150 milhões a 180 milhões de euros, aplicados pelos emigrantes que não aceitaram a solução do Novo Banco, os quais, diz, “não estão dispostos a assumir qualquer perda” e pretendem um acordo que passe por um depósito do dinheiro com um prazo máximo de quatro anos. “O Novo Banco até pode liquidar desde já esta dívida. Até seria preferível dado que o banco pode financiar-se, actualmente, junto do BCE com uma taxa zero por cento”, acrescentou Luís Marques.

Com o Governo, também têm sido mantidos contactos, mas que ainda não foi marcada uma reunião formal.

Os milhares de emigrantes que se consideram lesados pelo BES garantem que foram "enganados" pelo banco, uma vez que o que queriam era pôr as poupanças em depósitos a prazo, com capital e juros garantidos, mas gestores do BES aplicaram-nas em produtos financeiros complexos, como séries de acções preferenciais, sem o seu conhecimento.


Fonte: económico

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