Estreou-se nos palcos aos 14 anos, foi um dos nomes importantes da história do teatro de revista e da televisão. Em 2014 escreveu o primeiro romance. Ator morreu aos 77 anos, em Lisboa.
Imagem:TVI24.iol |
O ator, dramaturgo e argumentista Francisco Nicholson morreu esta segunda-feira, disse à agência Lusa fonte da família. Nome fundamental do teatro e da televisão portuguesas, construiu carreira também entre o cinema e a música. Morreu em casa, aos 77 anos.
Francisco Nicholson começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade, que integrou com, entre outros, Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar e Mário Pereira.
Até aos 21 anos esteve entre os palcos, os estudos e a marinha mercante. Dedicou-se depois ao teatro de corpo inteiro. Recordou esses tempos em entrevista à revista Sábado, em 2014: “Naquela altura ninguém queria. Os meus pais exigiram que eu tirasse um curso. Quando tivesse 21 anos podia seguir o que quisesse. De maneira que fui para a Marinha Mercante, tirei o curso de pilotagem e embarquei. Aos 19 anos, era oficial e dava ordens aos marinheiros barbudos, mas não podia ter autoridade sobre mim.”
Estudou em Paris, frequentando a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes do teatro francês, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe. Regressou a Portugal em 1960 e passou pelo Conservatório mas só durante três meses — abandonou depois de um desentendimento com uma colega. Estreou-se como profissional no Teatro Gerifalto, com a peça “Misterioso até Mais Não”, um espetáculo infantil que o próprio Nicholson escreveu.
A Companhia Nacional de Teatro e o Teatro Estúdio de Lisboa foram alguns dos palcos por onde passou e onde interpretou obras de Strindberg, Kleist ou Bernard Shaw. Foi ainda um dos atores que inaugurou o Teatro Villaret, fundado por Raul Solnado. “O Inspetor Geral”, de Nicolau Gogol, esteve no Villaret em 1965 e tinha Nicholson como um dos nomes do elenco.
Foi um dos responsáveis pela cooperativa teatral Teatro Adoque, a mesma onde trabalhou a bailarina Magda Cardoso, que seria mulher de Nicholson. Pelo Adoque passou gente como José Raposo, Maria Vieira, Virgílio Castelo, Ana Bola, Henrique Viana e também António Feio.
Entre a revista e a TV
A revista foi uma das principais áreas de trabalho de Francisco Nicholson, com o ABC, no Parque Mayer, como palco privilegiado das suas interpretações e criações. Em “Bikini” teve o espaço que precisava para se mostrar enquanto artista que ocupava todos os lugares: autor, encenador e ator. Contracenou com Ivone Silva, Irene Cruz, Manuela Maria ou João Maria Tudela. “Tudo a Nu” (a revista que tinha em cena no 25 de abril de 1974) ou “Não Batam Mais no Zezinho” (escrita com Henrique Santana, Mário Zambujal, Rogério Bracinha e Augusto Fraga) foram outras das peças que levou ao Parque Mayer e que mais sucesso lhe deram.
“Vai de Em@ail a Pior” (2011), revista que escreveu para o Teatro Maria Vitória, com produção de Hélder Costa, e foi um dos seus últimos trabalhos.
Foi também figura importante das primeiras décadas da televisão portuguesa. Em 1964 fez parte de “Riso e Ritmo”, enquanto ator mas também assinando a autoria e cumprindo as funções de produtor. O papel de diretor em televisão desempenhou-o em diferentes ocasiões mas ficaria também na história como autor de novelas, especialmente a primeira do género produzida em Portugal, “Vila Faia”, em 1982, que criou em conjunto com o colega de profissão e amigo Nicolau Breyner, Thilo Krassman e Nuno Teixeira. Outras novelas, como “Origens”, “Cinzas”, “Os Lobos” ou “O Olhar da Serpente” contaram também com a assinatura de Nicholson.
Fonte: observador
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