A joalharia suíça do marido de Isabel de Santos, detida por uma “empresa-fantasma” com capitais do empresário e do estado angolano, adquiriu o maior diamante já encontrado em Angola. O negócio foi feito com um intermediário do Dubai por valores não revelados.
Foi este intermediário do Dubai, a Nemesis International DMCC, quem anunciou o negócio com a De Grisogono SA, joalharia suíça que faz parte da preferência de muitas vedetas mundiais, como Sharon Stone e Heidi Klum, e que é detida em 75% por uma offshore com capitais de Sindika Dokolo, o marido de Isabel dos Santos, e de uma empresa estatal angolana.
O diamante de 404 quilates e sete centímetros de comprimento, o maior já encontrado em Angola e o 27º maior do mundo, foi encontrado pela companhia mineira australiana Lucapa, numa exploração em parceria com o estado angolano no campo do Lulo, na Lunda Norte.
O diamante foi vendido à Nemesis por 22,5 milhões de euros, de acordo com a agência Bloomberg, mas não se sabe por que valor foi revendido agora, à De Grisogono SA.
Em 2014, a revista Forbes divulgou uma investigação do jornalista angolano Rafael Marques em que este revelava as ligações entre Isabel dos Santos e o negócio dos diamantes.
O jornalista relatava como a De Grisogono foi adquirida, em 2012, por Sindika Dokolo através da “empresa-fantasma” Victoria Holding Limited, com sede em Malta.
A Victoria Holding foi criada, em 2010, como uma parceria entre a empresa estatal angolana Sodiam(Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola) e a empresa holandesa Melbourne Investments que tem Dokolo como o único proprietário.
A Sodiam tem o direito exclusivo de comercialização de diamantes de Angola para o estrangeiro, pelo que, tendo em conta estes contornos, se pode concluir que a empresa estatal teve, mesmo que por via de terceiros, parte no processo como vendedora e compradora deste mega-diamante que vai levar cerca de seis meses a polir.
O site Maka Angola, alimentado por Rafael Marques, lembra a complexa rede que envolve os negócios de Dokolo, com o envolvimento de Isabel dos Santos e de dinheiros do estado angolano, e realça ainda a situação de miséria das populações das chamadas Lundas, onde se extrai a maioria dos diamantes encontrados em Angola e designadamente o que é alvo da notícia, notando que vivem em “condições sub-humanas”, com a falta das mais básicas infraestruturas.
O mesmo site refere ainda que na campanha eleitoral de 2012, José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, se queixou de que as receitas da extracção de diamantes não chegavam “sequer para pagar as estradas”.
SV, ZAP
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