Militares e motociclistas armados agrediram esta quinta-feira um grupo de 60 deputados da oposição venezuelana que pretendiam exigir ao Conselho Nacional Eleitoral o anúncio da data para verificação das assinaturas a favor dum referendo revogatório ao Presidente Nicolás Maduro.
Segundo indicaram fontes parlamentares à Agência Lusa, os deputados encontravam-se nas proximidades do CNE quando Júlio Borges, chefe da bancada da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática, foi atacado e ferido no rosto por coletivos de chavistas armados que ali se encontravam.
Os coletivos agrediram ainda com tacos de basebol os opositores Alfonso Marquina e José Manuel Olivares, entre outros deputados.
A agressão teve lugar depois de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana, a polícia militar venezuelana, e da Polícia Nacional Bolivariana, terem usado gás pimenta, bombas de gás lacrimogéneo e tiros de borracha para impedir os deputados de entrarem nas instalações do CNE.
Pouco antes do deputado Júlio Borges, explicou aos jornalistas que acudiam “em paz” ao CNE, porque tinham “40 dias esperando” que aquele organismo “anuncie as datas para a validação das assinaturas para ativar o referendo revogatório contra o Presidente Nicolás Maduro”.
“Estamos aqui em representação dos oito milhões de pessoas que votaram pela Assembleia Nacional e pelos dois milhões de pessoas” que assinaram a favor do referendo, declarou, acrescentando que “não é possível que os venezuelanos estejam cercados” e não possam exigir os seus direitos.
Ensanguentado depois da agressão, Júlio Borges declarou que “cada golpe” fortalece a oposição, que não desistirá da vontade de mudar o Governo da Venezuela.
O parlamentar acusou o general Fábio Zavarse, chefe da GNB, de impedir a entrada dos deputados no CNE e de “empurrar os parlamentares contra grupos de chavistas armados, que os golpearam “com tubos, pedras e engenhos explosivos”.
Entretanto, funcionários da GNB e da PNB reprimiram uma manifestação de estudantes em Caracas, que ao som de “revogatório já” pretendiam chegar ao CNE para exigir a realização do referendo.
A oposição venezuelana anunciou na segunda-feira que representantes do CNE indicaram que tinham sido validadas 1,3 milhões das 1,8 milhões de assinaturas recolhidas pela oposição para pedir a convocação de um referendo, processo para o qual era necessário menos de 200 mil assinaturas.
Ainda não houve nenhuma posilção oficial do CNE nesse sentido, apesar de informações não oficiais darem conta de que aquele organismo emitiria um comunicado na última quarta-feira.
A oposição acusa o CNE de estar aliado ao regime do Presidente Nicolás Maduro e de atrasar intencionalmente o processo para evitar que exista referendo revogatório ainda em 2016.
Se o referendo não se realizar em 2016, não será necessária a convocatória de eleições presidenciais antecipadas, prevendo a legislação que o vice-presidente Executivo dirija o país até ao final do atual mandado, que termina em 2019.
/Lusa
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