O Presidente da República Portuguesa já
discursa no Terreiro do Paço, em Lisboa, durante as comemorações do Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
As primeiras palavras de Marcelo Rebelo
de Sousa foram dirigidas às Forças Armadas, setor da sociedade portuguesa que
nos últimos anos viveu períodos de tensão no que à relação com o então
Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, diz respeito.
“Celebramos hoje o Dia das Forças
Armadas e não seria justo celebrá-lo num outro dia que não no Dia de Portugal”,
começou por dizer o Chefe de Estado, descrevendo os militares como sendo
“garantes da nossa independência e da nossa constituição democrática e social”.
Mas hoje, 10 de junho, é também Dia das
Comunidades e dia de Camões, lembrou Marcelo.
“Celebramos também o Dia das Comunidades
e hoje mesmo estaremos com os nossos compatriotas em França para lhes darmos
sinal da nossa gratidão pela pátria que todos os dias engrandecem em França e
por todo o mundo com o orgulho vivido de serem portugueses ou lusodescendentes.
Celebramos ainda Camões, o poeta máximo das nossas epopeias passadas, exemplo
maior do português de sempre e para sempre”, afirmou.
Assim, e “reunindo as três celebrações
num só dia”, celebra-se a “ quinta essência do 10 de junho: Portugal”.
“Portugal é o seu povo. Ele não vacila,
não trai, não se conforma, não desiste. A sabedoria é hoje como há nove
séculos: reside no povo e Portugal avançou e cresceu sempre que as elites,
interpretando a vontade popular e os seus desígnios e aspirações, o guiaram em
comunhão plena”.
Acompanhe a continuação do discurso de
Marcelo Rebelo de Sousa:
“Assim, ao longo dos séculos se foi
construindo e consolidando a identidade nacional e nos momentos de crise,
quando a pátria é posta à prova, é sempre o povo quem assume o papel
determinante”
“Foi o povo, o povo armado, os soldados
de Portugal e o povo não armado, quem nos deu a possibilidade de estarmos hoje
aqui a celebrar Portugal; foi o seu sangue que mais correu desde a conquista do
território com D. Afonso Henriques e ao longo de toda a sua história; foi o
povo, a raia miúda, que valeu ao mestre de Avis; foi o povo que não se vergou
durante 60 anos até chegar o 1º de dezembro de 1640; foi o povo, soldados e não
soldados, quem também fez frente às invasões do princípio do século XIX; foi o
povo quem, na instauração da República, sonhou, lutou e persistiu na busca de
um pais melhor; foram os soldados de Portugal que resgataram com o povo e para
nós a honra e deram sentido à palavra liberdade; foi o povo quem, nos momentos
de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro
mais digno e mais justo; foi o povo, sempre o povo, a lutar por Portugal, mesmo
quando algumas elites, ou melhor, as que como tal se julgavam, nos falharam em
troca de títulos pomposos, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente
tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceito”.
“Esse mesmo povo que hoje é o garante do
nosso desenvolvimento económico, de justiça social, de progresso na Educação,
na Cultura e na Ciência, na reconfiguração de Portugal como país de economia
europeia, de raiz multicultural, de expressão da língua portuguesa, de
plataforma entre continentes, culturas e civilizações, é esse o povo que hoje
aqui e em França queremos celebrar”.
“Aqui em Lisboa, seguro de estar a
interpretar a vontade popular condecoro militares, cujo percurso no passado ou
presente são um exemplo para todos nós. Mais tarde, em Paris, condecorarei em
nome de todos nós alguns portugueses que, durante os recentes atentados, não
hesitaram, por um instante, em dar abrigo e salvar quem fugia da destruição e
da morte”
“Também eles são um exemplo de
solidariedade e de humanismo que devem ser realçados, mostrando assim que
estamos atentos e gratos a todos esses portugueses que, ainda que longe, nos
honram e nos orgulham, fazendo-nos vibrar por pertencermos à pátria que somos”
“Este espaço onde nos encontramos
concentra em si os factos mais significantes da história de Portugal desde
antes do tempo das Descobertas. Podemos dizer que devemos aos acontecimentos
ocorridos neste mesmo espaço o que somos hoje e o que fomos sendo desde o
século XV”
“Aqui se misturaram gentes, culturas e
produtos vindos por terra ou trazidos por naus e caravelas dos lugares mais
longínquos que fomos descobrindo”
“O nosso cosmopolitismo começou aqui e
foi aqui que a nossa independência foi perdida e recuperada mais do que uma vez
e, por isso, a nossa liberdade lhe esta associada. E neste exato espaço, a
praça que aqui existia, os palácios que a contornavam, casarios e ruelas, tudo
desapareceu com o terramoto, mas foi aqui também que demos provas que somos
capazes. Novamente a partir do nada planeámos, reconstruimos e reerguemo-nos.
Lisboa renasceu e esta nova praça tornou-se numa das mais belas da Europa”
“Mostrámos ao mundo de então de que
fibra somos feitos e do que somos capazes.Hoje, em 10 de junho de 2016, desta
mesma praça, que é símbolo maior do nosso imaginário coletivo, partimos uma vez
mais rumo ao futuro. Somos portugueses e como sempre triunfaremos”
Fonte: noticiasaominuto
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J. Carlos
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