O
BES foi resgatado há precisamente dois anos, dia em que foi criado o Novo Banco
para ficar com ativos considerados menos problemáticos, mas que já acumula
prejuízos superiores a 1.800 milhões de euros e continua por vender.
Na
noite de 03 de agosto de 2014, o Banco de Portugal anunciou a aplicação ao
Banco Espírito Santo (BES) de uma medida de resolução.
A
descoberta de fraudes, os prejuízos do BES de 3,6 mil milhões de euros, no
primeiro semestre de 2014, os maiores da história da banca em Portugal, e o
incumprimento de regras exigidas pelos reguladores e supervisores para operar
no setor bancário levaram ao fim da instituição centenária fundada pela família
Espírito Santo, considerada a última dinastia de banqueiros em Portugal.
Então,
o banco central dividiu o BES em duas entidades, o 'banco mau', que ficou com
os ativos tóxicos e que está em processo de liquidação, e o banco de transição
Novo Banco, que foi capitalizado com 4,9 mil milhões de euros através do Fundo
de Resolução Bancária e que ficou com os ativos e passivos considerados menos
problemáticos.
Desde
então, apesar de o Novo Banco ter nascido como o 'banco bom' a sua vida tem
sido difícil.
Os
prejuízos já totalizam mais de 1.800 milhões de euros nestes dois anos, isto
somando os 467,9 milhões de euros tidos entre 4 de agosto de 2014 e 31 de
dezembro de 2014, os 980,6 milhões de euros negativos de 2015 e os prejuízos de
362,6 milhões de euros anunciados este fim de semana e que são referentes ao
período entre janeiro e junho deste ano.
A
gestão do banco também sido alvo de sucessivas mudanças. Aquando do resgate ao
BES, já Vítor Bento (ex-líder da SIBS, entidade que gere o Multibanco) tinha
sucedido ao líder histórico, Ricardo Salgado em julho de 2014, referindo o
"dever patriótico" de aceitar esse cargo, e seria ele o primeiro
presidente do Novo Banco.
No
entanto, sem estratégia de gestão definida, logo em setembro de 2014 Vítor
Bento demite-se, em desacordo com a visão do Banco de Portugal sobre o banco,
defendendo um processo de reestruturação a mais longo prazo antes de o Novo
Banco ser posto à venda.
A
presidência da instituição viria a ser ocupada então por Eduardo Stock da
Cunha, gestor bancário com longa experiência no Santander e que, desde 2013,
era funcionário do banco britânico Lloyds Bank, tendo pedido licença para gerir
o Novo Banco até julho de 2016.
Entretanto,
foi escolhido António Ramalho para suceder a Stock da Cunha, o terceiro
presidente do Novo Banco nestes dois anos, tendo o Banco de Portugal dado a
indicação que ia tomar posse a 01 de agosto. No entanto, soube-se entretanto
que não entrou em funções porque ainda aguarda a aprovação final do Banco
Central Europeu. Confrontado com esta informação, o Banco de Portugal não
comenta a informação.
O
Novo Banco está entretanto no segundo processo de venda, depois de o primeiro
processo ter sido suspenso em setembro passado, com o Banco de Portugal a
considerar que nenhuma proposta era interessante.
De
momento foram quatro as propostas recebidas - dos bancos BCP e BPI e dos fundos
Apollo/Centerbridge e Lone Star, tendo o processo de estar concluído no máximo
até agosto de 2017.
Os
analistas que seguem o sistema bancário têm dito que o mais provável é que a
venda do Novo Banco seja feita bem abaixo dos 4,9 mil milhões de euros que
foram injetados na instituição, colocando pressão sobre o resto do sistema
bancário, que poderá ter de arcar com os custos.
O
futuro do Novo Banco, que está em processo de reestruturação, tendo saído mais
de mil trabalhadores da instituição só nos últimos 12 meses, é uma incógnita,
tendo o Governo dito em julho, numa carta para a Comissão Europeia, que não
iria injetar mais dinheiro e que se o banco não for vendido será liquidado.
Lusa
Foto:sicnoticias
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