Em recente entrevista do Dr.
Vera Jardim ao Diário de Noticias ,foi referida a possibilidade de
eliminar das escolas publicas ,o mais simples de todos os símbolos da
religião cristã : a cruz .
Parece desconhecer-se que esse símbolo representa também
uma sociedade e mesmo uma civilização que floresce há cerca de
dois milénios. Aceita-se no entanto que um sistema politico que
estabelece a laicidade do Estado ,queira eliminar todos os vestígios de qualquer subordinação ou simplesmente discreta benevolência com
algum credo, mesmo quando ele é seguido e venerado por uma
expressiva parte da população de Portugal .
Nesta perspectiva, a
pequena cruz pendurada na parede de uma sala de aula ,não tem
sentido até porque poderá ofender a sensibilidade de um agnóstico
ou a crença de um muçulmano .Mas este afã de respeitar
intransigentemente o carácter laico do Estado ,deverá ser
complementado por medidas mais enérgicas que levem a eliminar todos
os sinais directamente relacionados com a religião cristã.
Assim,
como medida de aplicação imediata, o Chefe do Estado Maior da
Armada ( CEMA) deverá ordenar a retirada da cruz de Cristo das
opulentas velas do navio escola Sagres que tão brilhantemente tem
representado Portugal em muitos mares por onde tem navegado. De igual
forma e pelas mesmas razões, o Chefe do Estado Maior da FAP deverá
mandar retirar com uns bons litros de aguarrás ,
a cruz de Cristo pintada nas asas de todos os aviões da nossa força aérea.
Mas estas medidas não chegarão para atestar sem sombra de
duvida , o absoluto carácter de um Portugal laico . Haverá que ir
mais longe. Terá sentido que um cidadão agnóstico procure o alivio
dos seus males num hospital com um nome de tão profunda reminiscência cristã como, S. José S. João, Sta Maria, S. Bernardo,
S. Francisco, Sto. André, Sto António e tantos outros espalhados por
cidades portuguesas? Será portanto necessário
proceder á substituição do nome de dezenas de hospitais, por
respeito aos melhores princípios da laicidade do Estado .
Estas medidas não se esgotam
porém com as acções que se apontam. Há que ir mais longe
alterando radicalmente o nome de dezenas de freguesias identificadas
com um nome inscrito nos registos dos canonizados da Igreja: Sta.
Luzia, Sta. Isabel, Sto António, Sto Estêvão, S. Mateus etc. Haverá que fazer uma profunda
alteração da toponímia de muitas aldeias, vilas e cidades
portuguesas, eliminando todos os sinais, símbolos e invocações das
nossas razies cristãs .
Será talvez oportuno inscrever no OGE para
2017, uma avantajada verba para realizar a revolução toponímica que
venha a garantir assim a laicidade do Estado.Na óptica estreita dos
governantes da nação ,isto será talvez mais importante do que
promover o desenvolvimento económico do país e preservar as suas
raizes culturais .
Setembro 2016
José Maria Sardinha
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