A
esquerda parlamentar aprovou hoje a revogação do regime de requalificação,
sublinhando que as propostas do BE e do PCP permitem acabar com a injustiça
criada durante o Governo PSD/CDS-PP.
Na
votação dos projetos de lei apresentados por bloquistas e comunistas, apenas as
bancadas do PSD e do CDS-PP votaram contra, com PS, BE, PCP, PEV e PAN a
aprovarem as iniciativas.
Esta
manhã, durante o debate em plenário das propostas, as bancadas mais à esquerda
estiveram alinhadas nos argumentos, com a deputada do BE Joana Mortágua a
sublinhar que o regime de requalificação criado durante o executivo PSD/CDS-PP
era "um verdadeiro regime de injustiça e de chantagem, erradamente chamado
de requalificação, mas que era regime de despedimento encapotado".
"A
receita não era nova, era aliás bem antiga: retirar funções aos trabalhadores,
impondo a perda de direitos e salários, pressionar psicologicamente para forçar
as rescisões ditas amigáveis, a que hipocritamente chamavam de rescisões por
mútuo acordo", corroborou a deputada do PCP, Rita Rato.
Pelo
PS, o deputado Luís Soares assinalou que as iniciativas do BE e do PCP permitem
"acabar de forma formal com o regime injusto da requalificação".
Pois,
acrescentou, informalmente o Governo tem trabalhado para acabar com este
regime, nomeadamente com a recolocação de trabalhadores da Segurança Social.
"Esta
é uma atitude radical, insensata e oportunista", contrapôs a deputada do
PSD Carla Barros, considerando que PCP e BE nem o diálogo social estão a
respeitar, porque ainda estão a decorrer reuniões entre os representantes dos
trabalhadores e o Governo.
Carla
Barros recordou ainda que "a mobilidade especial" foi iniciada pelo
PS e que PSD e CDS-PP quando chegaram ao Governo tiveram de encontrar uma
saída.
"Estamos
diante de quase um milagre, um toque de Midas, uma capacidade de transformar em
rosas o pão que o diabo amassou. Em pouco tempo, o Governo e esta esquerda
propõe-se fazer um feito extraordinário: o anúncio do fim da
requalificação", ironizou por sua vez o deputado do CDS-PP Filipe
Anacoreta Correia.
Contudo,
disse o deputado democrata-cristão, a verdade é que o regime de rescisão por
mútuo acordo na administração pública não vai acabar.
"É
já certo que o regime não acabará. O Governo, entretanto, já escolheu outro:
acaba-se o regime da requalificação e cria-se o regime da valorização profissional",
disse, sublinhando que, ao contrário do que a esquerda parlamentar argumenta
ninguém foi despedido ao abrigo do regime da requalificação.
Além
disso, acrescentou, o regime que agora foi revogado "tem coisas
boas", como prova o facto do município de Lisboa, que era presidido pelo
atual primeiro-ministro, ter liderado as rescisões por mútuo acordo nas
autarquias.
Lusa
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