sexta-feira, 23 de setembro de 2016

MILITAR QUE MORREU NOS COMANDOS OBRIGADO A COMER TERRA DEPOIS DE JÁ ESTAR NO CHÃO


 
(dr) Exército Português
Hugo Abreu, militar que morreu após um “golpe de calor” durante o curso de comandos, terá sido forçado a comer terra quando já estava em convulsões.
RTP revela, no seu programa Sexta às 9, relatos de testemunhas e da família que denunciam que o furriel Hugo Abreu, de 20 anos, não terá sido assistido de imediato que se sentiu mal e caiu ao chão no primeiro dia de treino do 127º curso dos comandos, na região de Alcochete, no distrito de Setúbal.
Pelo contrário, a mãe de Hugo Abreu, entrevistada na sua casa, em França, alega que o jovem terá sido “obrigado a comer terra” quando estava no chão, a sofrer convulsões. “O sargento Rodrigues, depois de ele cair por terra, pô-lo a respirar terra e a comer terra”, revela.
Em entrevista ao programa da RTP, a família do militar acusa ainda o exército de ocultar as agressões e privações de água e sono a que o jovem foi sujeito.
Hugo Abreu morreu a 4 de setembro, durante um treino do 127º curso de Comandos. No mesmo dia, quando a temperatura atingiu os 40 graus, vários outros militares receberam assistência hospitalar após sofrerem o que se disse ser “um golpe de calor”.
Outro militar, o recruta Dylan da Silva, 20 anos, acabou por morrer uma semana depois, após ter sido internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, à espera de um transplante hepático.
A versão da família é corroborada por outras testemunhas anónimas entrevistadas pela RTP. Um dos colegas do curso descreve que, “quando o Hugo tombou no terreno”, “próximo da inconsciência, com imensas dificuldades respiratórias, foi forçado a respirar e engolir terra”.
Uma outra testemunha revela à RTP que durante o treino os militares só podiam beber água com ordem de um instrutor nesse sentido, o que levou o pai de Hugo a afirmar que o filho morreu “dedesidratação“.
O investigador responsável pela monitorização dos indicadores fisiológicos dos militares durante o treino garantiu ao Observador que os dados obtidos não permitiram concluir qualquer tipo de esforço além dos limites humanos. No entanto, nenhum dos militares que receberam tratamento hospitalar fazia parte da amostra selecionada aleatoriamente, no âmbito de um projeto do Laboratório de Biomecânica do Porto.
Na sequência das mortes durante o treino, todos os militares foram sujeitos a um exame médico complementar, e o curso foi retomado a seguir a esse exame, mas após a polémica, 17 militares (um oficial, quatro sargentos e 12 soldados) desistiram do curso de Comandos.
No entanto, o caso já desencadeou investigações, instauradas quer pelo chefe do Estado-Maior do Exército, quer pela Procuradoria-Geral da República, e levou à suspensão de futuros cursos de Comandos do Exército enquanto durarem os inquéritos relativos à morte dos dois soldados.
ZAP

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