A "poderosa e invisível máquina dos
socialistas" para denegrir quem se "atravessasse" no seu caminho
é um dos temas abordados no novo livro de Fernando Lima, ex-assessor de Cavaco
Silva, onde volta a falar das "vigilâncias" a Belém.
"O
poder invisível de quem vigia ultrapassa a imaginação", escreve Fernando
Lima no livro "A sombra da Presidência - relato de 10 anos em Belém",
que chega às livrarias na quinta-feira.
Dividido
em 19 capítulos, o livro de Fernando Lima dedica quatro ao "caso das
escutas", desencadeado em agosto de 2009 com uma notícia do Público,
segundo a qual a Presidência suspeitava estar a ser vigiada.
Recordando
que na sua desconfiança sobre "uma possível vigilância a Belém" não
era uma "voz isolada", citando denúncias de deputados, advogados,
juízes e magistrados de "processos incómodos para Sócrates", Fernando
Lima detalha situações que lhe permitiram confirmar que se encontrava "sob
a mira do poder socialista", recuando até abril de 2007, quando foi
publicado na revista do Expresso um texto em que lhe foram feitas
"referências insultuosas", embora sem citar o seu nome.
"Tive
o pressentimento de que o ataque marcava o início de algo mais vasto e perigoso
que me estaria destinado. Não me enganei", lê-se logo na introdução do
livro.
Um mês
depois da primeira notícia do Público, o DN revelou que a fonte do Público
tinha sido Fernando Lima, publicando um e-mail de um jornalista do Público.
"O
e-mail chegou ao DN porque houve um intermediário político, ligado ao poder
socrático que o transportou", lê-se no livro, onde Fernando Lima também
explica que decidiu permanecer em Belém depois de deixar a assessoria de
imprensa porque sair era assumir uma culpa que não sentia.
"A
diabolização da minha pessoa fazia parte da estratégia socrática para dominar o
espaço informativo da última semana da campanha eleitoral", sublinha
Fernando Lima, que dizia estar "sob a mira do poder socialista".
No
período que antecede este caso, Fernando Lima fala ainda da ação da
"central de intoxicação socrática" em outras situações, sublinhando
que aos socialistas não interessava "um poder forte em Belém e, muito
menos, um Presidente que quisesse passar por impoluto".
Reconhecendo
que Sócrates "soube cercar o Presidente", o antigo assessor lembra
como as notícias sobre as mais-valias no âmbito do BPN marcaram Cavaco Silva e
a sua família. A exceção era o genro, Luis Montez, em relação ao qual Fernando
Lima diz que "não podia deixar de ter a confiança do poder
socialista", uma vez que no negócio PT/TVI estava previsto ser-lhe
atribuída uma rádio da Media Capital.
Um dos
primeiros casos relatados por Fernando Lima refere-se ao Tratado de Lisboa e à
"encenação criada para proteger o primeiro-ministro de falhar um
compromisso eleitoral", depois de José Sócrates ter prometido convocar uma
consulta popular sobre o tratado e isso não se ter concretizado.
A
"intervenção direta e decisiva do Presidente" para demover o Governo
de construir um novo aeroporto na Ota que foi vista como um "sério revés
para o primeiro-ministro" e "as tentativas do Governo para controlar
o setor bancário" fazem também parte do livro de Fernando Lima, que foi
assessor e adjunto de Cavaco Silva quando este foi primeiro-ministro
(1986-1995) e Presidente da República (2006-2016).
"Paulatinamente,
foi-se criando um autoritarismo oculto que exercia o seu controlo sobre o
Estado, a finança, o setor judiciário e as informações", escreve Fernando
Lima.
A
tentativa de explorar a amizade de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite,
quando a ex-ministra chegou à liderança do PSD, numa fase em que o Governo
entrava "na fase de erosão" e as relações entre Belém e São Bento
"já tinham conhecido melhores dias", é também relatado por Fernando
Lima, que acusa José Sócrates de querer "liquidar aqueles que pudessem ser
uma ameaça".
A viagem
à Madeira e as suspeições que causou o facto de um adjunto do gabinete do
primeiro-ministro ter sido integrado na comitiva presidencial à última hora é
outro dos episódios referidos no livro de Fernando Lima, que considera que em
2008 o então primeiro-ministro estava "descompensado pelos casos que
envolveram o seu nome e afetavam a sua auréola de figura intocável", vendo
no Presidente da República "uma verdadeira ameaça".
Entre as
430 páginas que Fernando Lima escreveu é também abordado o "cerco ao
Presidente" no caso BPN e o "desgaste" que a situação de Dias
Loureiro provocou em Cavaco Silva, com o antigo assessor a revelar pormenores
sobre como a TVI alegadamente colocava questões em coordenação com o Governo
sobre o caso.
Falando
numa "ofensiva anti-Cavaco" e em tentativa de atingir a
honorabilidade do Presidente, o antigo assessor recorda igualmente o caso PT/TVI
e os rumores que circulavam sobre a intenção do Governo intervir na estação de
televisão para alterar a linha editorial.
Segundo
Fernando Lima, foi uma declaração de Cavaco Silva sobre o caso que
"desfere o golpe final" nas intenções do Governo, quando se preparava
a entrada da Ongoing no capital de Media Capital, operação que resultaria da
conjugação de apoios financeiros entre a PT e o BES.
"Este
é o livro que não gostaria de ter escrito, mas este é o livro que tive de
escrever", lê-se logo na primeira linha da introdução.
Lusa
Comentário: por onde a justiça imparcial? Sim, aquela justiça de que tanto se fala, igual para todos, desde ao mais cidadão mais pobre deste País, ao mais rico, ditos donos disto tudo, se é que ainda existe alguma com valor e pertença do País?
Os cidadãos pagantes disto tudo estão fartos de tantas aldrabices, vigarices, malabarismos, mentiras descaradas, que vai chegar o dia em que vão ser todos corridos à mocada como a de Rio Maior.
J. Carlos
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