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Ucrânia revelou que Paul Manafort, “homem forte” da campanha
republicana, agia a serviço do “mundo russo”. Manafort renunciou
e Trump prometeu moderação.
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Adormecidos pela ilusão da “morte do comunismo”, muitos americanos acordaram surpresos descobrindo até que ponto as antigas redes de influência soviética estavam agindo na eleição presidencial de seu país. Uma catarata de denúncias, confissões e interferências russas vem marcando a campanha eleitoral para escolher o próximo presidente na votação de novembro.
O caso mais clamoroso foi protagonizado por Paul Manafort, o “homem forte” da campanha do candidato republicano Trump.
Manafort acabou renunciando após vir à luz inquérito publicado na Ucrânia dando conta de que ele agia a serviço do “mundo russo” fiel a Viktor Yanukovitch, o ex-ditador pró-Kremlin que fugiu da Ucrânia e hoje está refugiado na Rússia.
Outra rumorosa revelação focou Carter Page, assessor de política externa do candidato Donald Trump. Page fizera uma palestra sobre “a evolução da economia mundial” na Nova Escola de Economia de Moscou na qul fugiu de modo infeliz aos questionamentos sobre as ligações entre Trump e a Rússia de Putin.
Richard Burt, outro assessor contratado para a equipe de Trump, vinha formulando posicionamentos críticos à NATO. Em circunstanciado artigo, a revista “Slate” descreveu-o como “a marionete de Putin”.
Grandes negócios ou relacionamentos continuados não foram, porém, as piores surpresas da interferência do Kremlin na política interna americana. O hackeamento do Comitê Nacional do Partido Democrata e da Fundação Clinton, feito a partir da Rússia, constituiu um atentado à segurança americana como talvez nunca tenha havido, ou se houve nunca foi confessado.
Trump convidou o serviço secreto russo a interferir mais nos e-mails do partido rival. O que o ex-secretário de Defesa e diretor da CIA, Leon Panetta, achou inadmissível: “Nenhum candidato que está concorrendo para presidente do EUA deveria pedir a um país estrangeiro, especialmente à Rússia, que se envolva em invasão digital ou em esforços de inteligência para tentar determinar o que o candidato democrata está ou não fazendo”, disse.
O próprio Trump foi várias vezes à URSS a partir de 1987, e depois à Federação Russa, onde organizou em Moscou o primeiro concurso de Miss Universo em 2013. Na época ele manifestou no Twitter exaltação com a perspectiva de Putin comparecer ao evento. Através da mídia, Putin exprimiu amabilidades dirigidas a Trump. E foram criados dois websites em russo para promover a candidatura de Trump.
“Um homem forte”, disse o americano do déspota russo. “Um homem brilhante e notável”, devolveu maquiavelicamente Putin, garantindo que o Kremlin colaboraria até com a candidata democrata que também lhe oferecerá substanciosos lucros políticos.
O ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, hoje presidente da Human Rights Foundation, manifestou-se enregelado pelos propósitos vertidos por Donald Trump na Convenção Nacional Republicana que o consagrou como candidato. Para ele, é como se Putin tivesse conseguido instalar na testa do partido do qual se aguardam as melhores posições uma pessoa que põe em prática os artifícios de medo e de ódio com que o líder russo governa o país.
O “The New York Times” apontou a existência do que denominou a “Putin-Trump: uma sociedade de admiração recíproca”. Ele se referia à troca de cumprimentos e elogios entre os dois políticos no último ano. O jornal também montou um vídeo onde recolhe imagens e frases de encômio de um ao outro e as semelhanças entre ambos.
( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
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