sábado, 14 de janeiro de 2017

Os truques da imprensa portuguesa

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RESGATAR O JORNALISMO - um texto aberto à subscrição e partilha pela comunidade de leitores da imprensa portuguesa
Caras e caros jornalistas,
Em 4 de maio de 1993, foi aprovado o vosso Código Deontológico. É, na simplicidade dos seus 10 mandamentos, um documento extraordinariamente claro quanto aos princípios que vos devem nortear. Enquanto leitores, sentimos que estes vossos deveres, quando integralmente respeitados, nos protegem, nos consideram e nos dão confiança em vocês e no vosso trabalho. Contrariamente, sempre que os ignoram, a todos ou a cada um deles, criam em nós suspeição, desagrado e revolta.
Todos erramos, é certo. E por vezes somos demasiado intolerantes com os vossos erros. Mas vejam de onde partimos: de um quadro em que os vossos princípios – que vocês escolheram definir e partilhar com o mundo - são por alguns de vós desrespeitados diariamente, à frente dos nossos olhos.
Talvez vos surpreenda – intimamente, cremos que não - mas temos pelo jornalismo, enformado pelos princípios que tão bem souberam definir, o maior respeito e admiração possível. O jornalismo é a mais bonita de todas as ocupações, se feito por missão, por amor à verdade, à justiça e à democracia.

Esta página, que certamente muitos de vós já aprenderam a odiar, por ser um espelho onde vêem reflectido o que há de pior na vossa profissão, não pretende ser um exercício de superioridade moral. É, isso sim, um exercício de confronto entre os vossos princípios e as vossas práticas, elaborado (de forma artesanal, é certo) pelos vossos leitores. O campo de disputa e subjectivação que, do nosso ponto de vista, não existindo, era absolutamente fundamental.
Reconhecemos que o modelo de negócio do jornalismo tradicional atravessa uma fase difícil. Os jornalistas que ainda têm emprego vivem de corda ao pescoço, sob pressão, sem tempo, em condições precárias, mal pagos,… Os jornais andam de joelhos em busca de mais receitas, inventado estratégias e dispositivos cada vez mais sofisticados para inserir publicidade e amplificar a visibilidade dos seus conteúdos.
Pode parecer-vos até que poucas opções vos restam: que se querem continuar a ter trabalho, têm de aceitar que as regras do jogo mudaram e que têm de se subjugar à alienação dos princípios que vocês próprios entenderam estabelecer. Mas essa via – a de aceitarem que isso tem de ser assim – é uma escolha vossa. Terão de ser vocês a assumir esses custos.
A nossa, enquanto leitores, é a de rejeitar esse jornalismo. Sempre. Queremos rigor e exatidão. Não queremos a vossa opinião dissolvida nas vossas notícias. Não rejeitamos interpretações, mas queremos interpretações honestas. Queremos imparcialidade, investigação e respeito pela privacidade, pela dor, pela presunção de inocência. Não queremos sensacionalismo. Não queremos publicidade encapotada. Não queremos subliminares. Não queremos artigos plagiados.
Queremos o que, em 1993, se comprometeram a dar-nos, que está muito longe do que tão frequentemente nos têm dado. Talvez seja injusto e doloroso para alguns de vós ler isto. Mas serão precisamente esses os primeiros a reconhecer que temos razão. São esses os que têm a grande responsabilidade de exigir e de dar um impulso para resgatar o jornalismo.
Os vossos leitores contam convosco.
Com enorme respeito pela vossa profissão, subscrevemo-nos abaixo.
Foto de Os truques da imprensa portuguesa.



Comentários

Gustavo Amaral Concordo plenamente! e acrescento: deviam acabar de vez com os Comentadores/Opinionmakers nos Jornais/Radios/Noticiarios das Tv's. São a maior chaga que tem manchado ainda mais o Jornalismo e a Imprensa em Portugal.
Luís Santos Não estou a trabalhar em jornalismo mas ainda tenho carteira, o que me torna estranho subscrever um texto que se dirige a "nós" jornalistas de "vós", leitores. Ainda assim: subscrevo e aplaudo o trabalho dos Truques. O jornalismo só vive se tiver leitores críticos, afinal tal como o Truques. Continuem e espero ter ainda oportunidade para vos criticar.
GostoResponder1317 hEditado
Manuel Ferreira Fiquei perplexo com o que ouvi no progr. da Sic News Expresso da Meia Noite: Em vez de se discutir o jornalismo e o seus objectivos, passaram quase 1 hora a discutir o negócio de vender papel, tempo de rádio ou TV , seja de que modo fôr...!
GostoResponder112 h
Francisco Job Eu só acrescentaria, que se há maçãs podres, têm que ser retiradas do cesto, a classe, a corporação, ou lá o que é (existe alguma entidade responsável pela emissão das credenciais aos jornalistas,...Certo?) tem que ser implacável, na denúncia e expulsão dessas peças estragadas.
Pedro Silva O jornalismo, na sua maioria, é o porta voz do poder dominante. E, uma vez que vive do lucro ele continuará, por um lado, a difundir conteúdos que o poder dominante determinar e, por outro lado, para se auto sustentar, tem de difundir as notícias que o...Ver mais
GostoResponder5Ontem às 15:19Editado
Luis Salzedas Subscrevo e agradeço-vos estas palavras. Reflectem exactamente a minha opinião. Aproveito ainda para agradecer a todos os Jornalistas que lutam diariamente pela integridade da sua profissão.
Amilcar Nunes carlos pereira, Se ainda não a vendeu, pode dizer que é sua, mesmo que parva, mas quantos jornalistas é que ainda podem chamar suas, às almas?
Gustavo Amaral Já agora uma pergunta. Alguém sabe me dizer se os noticiarios da RTP, Sic ou TVI têm feito directos ou reportagens sobre o Congresso dos Jornalistas?
José Lusitano Este código deontológico distingue um jornalista de um "jornaleiro"...
Fernando Franco Parabéns. Os Truques sempre na frente. Bem hajam. Forte abraço. E cá continuarei.
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André Castro eheh @Os Truques da Imprensa Portuguesa qualquer esperança que tivesse desvaneceu-se perante isto:
Francisco Lx Subscrevo.
Mas mantenho a esperança naquele largo grupo de jovens jornalistas que estão neste momento a esgotar a sala do cinema S.Jorge em Lisboa. Tem de ser! Só pode ser!
Alexandre Cardoso Matias Excelente. Mas existem jornalistas em Portugal ? Qual o respeito que os portugueses tem para com os ditos jornalistas ? Pouco ou nada.
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Mario Martins Não é dificil compreender o que se tem vindo a passar com a comunicação social em Portugal.
É precisamente por estarmos em Portugal que acredito na simplicidade para resolver a maiorias das situações consequentes do problema: é preciso que uns 95% dos média fechem portas.
Ninguém deixará de estar informado e acaba-se com o lixo tóxico em que esta área se tornou.
Carlos Pereira Os modos com que vocês colocam em causa o bom nome dos jornalistas é por respeito? Respeito??? A minha alma está parva com a bipolaridade...
João Marecos Subscrevo.
Paulo Lopes Subscrevo integralmente.
João Godinho Subscrevo.
Afonso Moreira Subscrevo.
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Mariana Pereira Apoiado!
Alexandre Pessoa subscrevo 
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Paulo Figueiredo Também subscrevo e aplaudo.
José Eduardo Andrade Subscrito...
GostoResponder2 h
Rui Baptista SEM DÚVIDA. SEM QUESTIONAMENTOS.
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José Gonçalves Subsescrevo sem reservas.
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Transparência Pública Portugal Viu citar algo com mais de 70 anos e que até hoje ainda não deixou de ser verdade:
"Eles falam de liberdade de imprensa, quando na verdade todos estes jornais têm apenas um dono, e, em todos os casos, o dono é o financiador, e então essa imprensa molda a opinião pública..."
...Ver mais
César Gonçalves Subscrevo sem qualquer reserva no que aqui foi escrito.
Maria João Bernardo Subscrevo, claro.
Joao Roque Dias Muito bem, TQ.
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André Melancia Subscrevo na íntegra.
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Miguel Camoesas Subscrevo!
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Margarida Noronha subscrevo o texto de Os TQ
Guadalupe Soeiro subscrevo!
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Fatima Campos Subscrevo.
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Fernando Torres Subscrevo.
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Toze Pires Concordo com todas as letras pontos e vir
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Carlos Batista Subscrevo
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Toze Pires  Assino por baixo!
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Pedro Bragança Subscrevo.
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Bernardino Costa Onde tenho que assinar!?
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GostoResponder7 h
GostoResponder2 h
Pedro Cruz Subscrevo!
Mario Fab Subscrevo!
José Rosa Subscrevo!
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Antonio Cardoso Subscrevo inteiramente.
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Rosária Maria Subscrevo!!!
Mario Seixas Obviamente... Subscrevo.
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Luís Campos Subscrevo
GostoResponder21 h
Rikkard Kabesoon Subscrevo e partilho
João Porfírio Subscrevo
GostoResponder1 h
Maria João Cocco Fonseca Subscrevo inteiramente.
GostoResponder23 h
Dina Camejo Mendes Inteiramente de acordo - e subscrevo na íntegra
Jb César Subscrevo.
Francisco Helder Veiga Subscrevo totalmente
Nelson Arraiolos Subscrevo na Integra o Texto.
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Antonio Cerdeira Subscrevo
GostoResponder4 h
António Magalhães Subscrevo.
GostoResponder5 h
Angela Veiga Subscrevo!
GostoResponder17 h
Mário Leal Subscrevo.
GostoResponder20 h

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