PSD fez propostas a pensar nos emigrantes que nascem no estrangeiro e não são portugueses. Bloco de Esquerda defende que filhos de imigrantes nascidos em Portugal deveriam ter nacionalidade portuguesa automaticamente.
PSD e o Bloco de Esquerda (BE) apresentaram dois projectos para alterar a Lei da Nacionalidade. Vão ser discutidos em plenário, nesta quinta-feira, e baseiam-se em critérios distintos. Os sociais-democratas querem que os netos de emigrantes nascidos no estrangeiro tenham nacionalidade portuguesa automática; os bloquistas defendem que, quem nasça em Portugal, independentemente da origem dos pais, deve ser logo português.
As alterações à lei de 1981 propostas pelo PSD foram sobretudo pensadas para os emigrantes e seguindo a lógica da atribuição da nacionalidade por jus sanguinis , ou seja, com base no critério da descendência. Centradas nos imigrantes, as propostas do Bloco de Esquerda assentam no critério jus soli , ou seja, a nacionalidade é obtida de acordo com o lugar de nascimento, independentemente da origem dos pais.
A Lei da Nacionalidade já foi modificada várias vezes e a última alteração foi aprovada pelo Parlamento em Maio de 2015 pela maioria PSD. Aí se estendia a nacionalidade originária aos netos de portugueses nascidos no estrangeiro, mas desde que demonstrassem ligação ao território português e provassem ter conhecimento da língua portuguesa, duas condições introduzidas pelo PS. Na altura, o PCP, o Bloco de Esquerda e Os Verdes abstiveram-se, e os deputados socialistas Isabel Moreira e Pedro Delgado Alves votaram contra.
A regulamentação da lei deveria ter sido concluída em Agosto, mas está parada no Ministério da Justiça (MJ). Em Novembro, o MJ disse ao PÚBLICO que uma proposta de regulamentação estaria pronta até final do ano. Agora, o PSD decidiu avançar com novo projecto de lei onde volta a prever a extensão da nacionalidade aos netos de portugueses, mas pede a eliminação da exigência de “efectiva ligação à comunidade” desde que o candidato não tenha “qualquer condenação (com trânsito em julgado de sentença) pela prática de crime punível com pena de prisão de máximo igual ou superior a três anos”.
Isto porque “a ligação ao território nacional é um preceito muito difícil de regular”, defende o deputado do PSD José Cesário, um dos autores da proposta e antigo secretário de Estados das Comunidades Portuguesas do Governo PSD. A outra questão que querem eliminar, segundo este deputado, é a exigência (para estes casos específicos de descendentes de portugueses) da prova de conhecimento da língua portuguesa como manda a lei. “Não vejo nenhum problema em [que os netos de portugueses] não falem português [e obtenham a nacionalidade originária]”, comenta.
"Justiça e bom senso"
Já o projecto de lei do BE está em consonância com o que o partido tem “sempre vincado”, disse o deputado José Manuel Pureza: o reconhecimento de atribuição da nacionalidade em função do lugar de nascimento, eliminando a exigência de que os pais residam legalmente em Portugal há pelo menos cinco anos. “É uma questão de justiça, bom senso, estima cultural e política pela diversidade concreta da população portuguesa”, disse.
Esta é também a reivindicação de uma campanha que está em curso , Por outra lei da nacionalidade , onde se refere que a actual lei exclui o aceso à nacionalidade a todos os filhos de imigrantes nascidos em Portugal.
Público
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