terça-feira, 11 de abril de 2017

ATENTADOS, GUERRA E INSEGURANÇA, MAS PORQUÊ?



Expresso Curto, por Martim Silva, que está deveras preocupado, como todos nós. Abre ele a cafeína de hoje com atentados, guerra, insegurança… E o mais que vier. Nada de bom. Só desgraças. Pois é, as pessoas estão mesmo revoltadas e fanatizam-se na violência. Pagam da mesma moeda. As sociedades refletem os seus líderes. Lideres de merda produzem sociedades de merda. Economias de casino produzem batoteiros. Desrespeito pelos direitos humanos e outros direitos básicos das sociedades produzem revoltas, ódios, xenofobias, racismos. E assim sucessivamente. E o mal é global. A continuar assim vai desembocar em a humanidade andar toda à porrada. Pagam os que estão mais perto e mais acessíveis, os povos. Os lideres, aqueles líderes de trampa, estão longe, inacessíveis, com segurança armada até aos dentes, protegida dos que lhes querem chegar a roupa ao pêlo mas não conseguem. E depois, mesmo que conseguissem chegar a um ou outro dos que engrossam o grupo dos líderes de merda essa não seria a solução. Há sempre aqueles que estão dispostos a substitui-los e por vezes ainda são mais merdosos. Estamos tramados, estamos feitos. O Martim Silva, preocupado, pode deixar este stresse e fazer o melhor que pode (se é que não faz) quando vota. Votar em quem? Perguntará. Perguntarão. Pois. Isso é que é um grande problema. É que estes líderes que são eleitos não cheiram a merda porque se encharcam em perfumes para nos enganarem. Olhem, votem na paz, na justiça, na democracia de facto, nos direitos inalienáveis que são intrínsecos ao bem-estar das populações, à abolição da exploração de uns quantos homens(?) a milhões de homens, mulheres e crianças… Enfim, na ganância é que não. E então como é que isso se faz? Como se consegue tal proeza? Pois. Não sabemos. Ou será que até sabemos mas que temos medo? Ah, pois. Em Portugal, no 25 de Abril de 1974, eles até se borraram todos… Mas agora já estão aí todos, e os filhos, e os primos, e outros que tais. Então, sabemos ou não sabemos como é que isso se faz? Pois.

Vá, sigam para o Curto e coisas úteis entre “conversas” da treta com recheios Bilderberg. Bom dia tio Balsemão, como vai hoje essa sua peculiar ganância?  Como de costume? Pois, já se sabe. Saúdinha… (MM / PG)

 Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Martim Silva | Expresso

Atentados, guerra e insegurança. Onde estão as 'linhas vermelhas'?

Bom dia,
bem sei que dizer isto, que repisar nesta tecla, começa infelizmente a parecer banal.

Mas onde é que isto vai parar? 

Egito, depois de Estocolmo, depois de São Petersburgo, depois de Londres, depois de Berlim, depois de Nice, depois de Paris, depois de, depois de, depois de... e o terror continua a cercar-nos.

Não se pode fazer rebut? Desligar e voltar a ligar?

Ontem, dois atentados em duas igrejas coptas no Egito fizeram 44 mortos e mais de 100 feridos. Os ataques já foram reivindicados pelo Estado Islâmico. O governo já declarou três meses de estado de emergência no país. Aqui pode perceber um pouco melhor o que são os cristãos coptas e como têm sido um dos alvos preferidos do EI.

As imagens em que se pode ver o terrorista a fazer-se explodir à entrada de uma das igrejas são particularmente impressionantes. Atenção agora para a visita do Papa ao Egito, daqui a vinte dias (Papa que virá depois a Portugal para o 13 de maio).

Ontem mesmo, mas com menos atenção mediática, outro sangrento atentado ocorreu na Somália.

No sábado, na capa do Expresso colocámos a expressão “Linha Vermelha da Guerra”, a propósito da escalada de violência depois do ataque com armas químicas na Síria e a resposta da Administração Trump com um ataque com mísseis a uma base militar do regime sírio de Bashar al Assad. Agora, são os aliados da Síria - Rússia, Irão e Hezbollah - a ameaçar com uma resposta musculada caso os americanos voltem a passar a linha vermelha.

Ao mesmo tempo, os EUA tentam forçar Putin a retirar o apoio ao “regime criminoso” de Assad. Este pode ser um sinal muito importante, com os norte-americanos a mostrarem que com o raide de sexta-feira podem estar a querer forçar os russos a uma mudança de política na Síria. Aqui se explica o que pode ser a estratégia dos EUA de Trump nos próximos tempos.

Neste trabalho do NYT, podemos perceber quem estava ao lado de Trump durante o ataque aéreo à Síria. Who was in the room?

Noutra frente, os EUA fazem uma demonstração de poderio militar naval para impressionar a Coreia do Norte.

Na Suécia, ainda a chorar as vítimas do atentado de sexta-feira em Estocolmo, já se debate o endurecimento das leis anti-terrorismo.

No meio disto tudo, e como se não bastasse, começam a chegar as primeiras críticas consistentes à atuação de António Guterres como líder das Nações Unidas. Uma responsável da Amnistia Internacional fala em “inação”. O tema merece foto de capa do Público de hoje, que afirma que Guterres chega ao fim dos primeiros 100 dias de mandato “sem estado de graça”.

Tudo isto visto e somado, vai ser essencial nos próximos tempos - e quando parece adquirido que os ataques terroristas feitos por lobos solitários sem grande preparação ou logística não devem ficar por aqui - perceber se o que se passou nos últimos dias marca ou não um antes e depois no conflito na Síria, que se arrasta há sete anos.

Termino este capítulo com uma nota interessante. Aqui chegado, pode ser levado a considerar que o terrorismo está mais sangrento que nunca. Pois, isso não é verdade. É certo que o clima de medo e insegurança existe, e todos o sentimos. Mas os números mostram que na Europa nunca foi tão baixo o número de vítimas. É verdade, a geração dos nossos país sofreu mais. Fica a nota de otimismo, ou pelo menos de não-pessimismo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,
Já regressados a Portugal, os jovens finalistas do liceu que deram cabo de um hotel e foram expulsos em Espanha dão hoje uma conferência de imprensa. Segundo a descrição no El Pais, o hotel de Torremolinos nunca tinha assistido a nada igual. O tema tem sido alvo de debate por cá, e deve continuar a sê-lo nos próximos dias.

Muito crítico, uma vez mais, o discurso de Passos Coelho sobre a geringonça, aproveitando as divisões entre os três partidos da esquerda sobre os problemas da banca nacional.

Do outro lado da barricada, Jerónimo de Sousa considerou que a discussão do próximo OE é decisiva e, por outro lado, rejeitou uma renegociação do acordo da geringonça. Sinais políticos importantes para irem sendo lidos.

Quem anda por Cabo Verde, a distribuir otimismo e afetos, é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

De vento em popa parece o mercado imobiliário, com a venda de casas de luxo a preparar-se para bater novo recorde este ano.

Desvios no plano da Caixa podem obrigar o banco a fazer mais cortes, afirma hoje o Negócios, garantindo que as autoridades europeias vão vigiar de perto o rumo do banco agora liderado por Paulo Macedo.

Roubar, enganar, dissimular é sempre censurável. Mas por vezes assume contornos ainda mais chocantes. Seja pelo montante, seja, como neste caso, pela inacreditável capacidade de abusar: num centro de saúde alentejano foi montado um esquema para as equipas médicas ganharem mais dinheiro. Como? Inventando consultas a… mortos!!!

Lá fora,
Morreu Carmen Chacon, aos 46 anos, por problemas cardíacos. uma das mais destacadas figuras do PSOE, a sua imagem fica para a história como a primeira mulher ministra da Defesa em Espanha (quem não se lembra das revistas às tropas quando estava grávida ou da visita aos militares no Iraque aos sete meses de gravidez?). Aqui pode ler um perfil completo de Carmen.

Em França, está a aproximar-se a data das eleições presidenciais e o clima aquece. Um comício de Marine Le Pen na Córsega terminou em violência, com militantes e seguranças da candidata de extrema-direita a envolverem-se com protestantes anti-Le Pen.

Nos EUA, de que já falámos aqui, continuam as mexida na cúpula da Administração, com mais uma saída anunciada do NSC (o poderoso Conselho Nacional de Segurança), depois de na semana passada ter sido o conselheiro e ideólogo de Trump, Steve Bannon, a ser afastado do organismo pelo general McMaster.

Continuam os protestos na Venezuela contra o regime de Nicolas Maduro.

As autoridades da África do Sul decidiram autorizar a comercialização de cornos de rinoceronte.

Esta imagem de uma mulher sorridente a enfrentar um manifestante de extrema-direita em Inglaterra tornou-se viral.

O fenómeno das redes sociais é dos que mais atenção deve merecer a quem se interessa por grandes tendências da humanidade e o seu significado. Este artigo do El Mundo pergunta porque usamos as redes sociais como ‘divã emocional’?

DESPORTO

O Casaco Verde do vencedor do Masters de Augusta de golfe já tem dono este ano, o espanhol Sergio Garcia. Que assim se torna no terceiro espanhol a vencer a prova.

O Benfica manteve a liderança do campeonato nacional depois de um muito sofrido triunfo em Moreira de Cónegos por um a zero. Mas, se bem conheço o nosso país, do que se vai falar mesmo nos próximos dias é da agressão (evidente, e sem castigo do árbitro) do grego Samaris a um adversário. Aposta?

O Canelas voltou a jogar depois do polémico jogo da última semana, e perdeu na Maia. Nunca uma partida da distrital terá tido tanta atenção e adeptos.

O jovem Miguel Oliveira vai subindo degraus e fazendo história no mundial de motociclismo, tendo ontem, depois de partir na pole position, conseguido o seu primeiro pódio da carreira.

EUA, México e Canadá parecem estar a um passo de apresentar uma candidatura conjunta ao Mundial de Futebol de 2026.

NÚMEROS

9,7
Quase dez milhões de euros era o valor da dívida do empresário Nuno Vasconcellos, da Ongoing, ao BCP. Mas quando o banco tentou recuperar o valor percebeu que em seu nome só estava… uma mota de água.

2
O défice do ano passado não vai ser de 2,1% do PIB, como foi muito noticiado recentemente, mas de 2,0%. Quem o garante? Marques Mendes, ontem, na SIC.

975
Quase mil euros é quanto custou a Caixa Geral de Depósitos a cada português afirma o CM.

O QUE ANDO A LER

Na última semana, andei com o volumoso "Relatório de Combate", de Alberto João Jardim, entre mãos. Tratam-se das memórias políticas do homem que durante quase quatro décadas mandou no PSD Madeira e no Governo do arquipélago. O livro vale pelas histórias de Jardim com os protagonistas destas décadas, de Cunhal a Sá Carneiro, de Cavaco a Soares e Sampaio e Durão, entre outros, que são peças do puzzle que é a nossa história política recente. Como obra literária é menos que sofrível, mantendo o estilo truculento a que Jardim nos habituou como político. O próprio título da obra, que é esta semana posta à venda, não engana. Aliás, antes mesmo do livro propriamente dito começar, na página dos agradecimentos, Jardim começa logo a 'distribuir pancada'. As 800 e tal páginas seguintes são sempre a abrir...

Para arejar da biografia de Jardim, estive a ler (ou melhor, a reler) um daqueles escritores a que sabe tão mas tão bem voltar. Eça. Eça de Queiroz. "O Primo Basílio". Provavelmente, como eu, o leitor desta newsletter já leu o livro. É uma das obras centrais do mais importante romancista da literatura nacional. O que fiz foi tirá-lo da estante, desempoeirá-lo, e depois deixar-me levar pelas aventuras de Jorge, Luiza, Basílio e o conselheiro Acácio, entre outros. Experimente fazer o mesmo.

Já está. Esta newsletter chega ao fim. Obrigado, caro leitor do Expresso. É por si que cá estamos. Volte, volte sempre. Tenha uma grande semana.

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