terça-feira, 11 de abril de 2017

Uma corrida louca em França// O Governo nunca quis nacionalizar o Novo Banco


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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Viva! Hoje há novas da América. Vamos a isto:
O governador do Alabama demitiu-se por causa de um caso. Explicando melhor: por causa de um caso extraconjugal, que tentou ocultar usando meios do estado norte-americano
Trump filho defendeu Trump, o pai. Numa entrevista ao britânico Telegraph, Eric Trump disse que a acção militar na Síria prova que o Presidente não está alinhado com a Rússia. E acrescentou que foi a sua irmã, Ivanka, quem influenciou o ataque.
A Coreia do Norte avisou a América: um porta-voz do Governo deixou claro que o país está pronto a "responder a qualquer acto de guerra", no momento em que navios americanos se aproximam da Península da Coreia. E alertou para"consequências catastróficas".
Um incêndio destruiu um campo de refugiados em França. Em Grande-Synthe sobraram apenas as cinzas, resultando dez feridos do incêndio que se seguiu a uma rixa (que levou à intervenção da polícia). O campo dava abrigo a cerca de 1500 pessoas.

As notícias do dia  

Na nossa manchete está um artigo exclusivo da Comissária europeia da Concorrência. Eis o que nos diz Vestager: que o Governo nunca pediu uma nacionalização do Novo Banco, que Portugal não foi "cobaia" na banca; que Bruxelas ainda está à espera de um plano de reestruturação do Novo Banco; e que vê a banca portuguesa a estabilizar. O artigo está aqui (com legendas e contexto na versão impressa), acrescentando a Cristina Ferreira que o Novo Banco já prepara a troca de dívida, outro dos processos decisivos para a venda se concretizar. O Eco acrescenta uma dificuldade: os grandes credores do Novo Banco já avançaram para Tribunal.
O Governo está a preparar mais uma ajuda para a banca. Diz o Negóciosque as imparidades registadas vão baixar o IRC dos bancos.
As mexidas nas pensões já têm uma factura: o Programa Nacional de Reformas, que o Governo está a ultimar, soma dois mil milhões entre as várias medidas anunciadas. Falta saber em quantos anos. Uma ajuda: o esforço do Estado para financiar Segurança Social reduziu-se em 13,7%; um problema: a dívida pública encolheu a almofada da Segurança Social. No fim de tudo isto, é fazer as contas.
Outra medida a caminho: o fim do corte de 10% no subsídio vai abranger 136 mil desempregadosdiz a Raquel Martins. Mas o PCP quer mais, nasreformas, nos salários e na contratação colectiva, acrescenta a Maria Lopes. E o Bloco acrescenta aos pedidos.
António Costa não larga Dijsselboem. Se o holandês criticou Lisboa por não ter pedido a sua demissão in loco, o português abre a porta a um espanhol para o substituir ("se estiver disponível", acrescenta Costa, numa entrevista ao El Pais). Ontem a São José Almeida explicava que o ministro espanhol já pensa num lugar na Comissão.
A pressão aumenta sobre Paulo Portaso Ministério Público investiga um concurso da NATO, depois de o ex-ministro ser acusado de interferir no negócio por uma empresa que foi afastada do processo.
Outro negócio na Defesao Hospital Militar da Estrela já está posto para venda. Mas também aqui há uma conta nova para pagar: uma dívida de 6,4 milhões a 46 militares, por ordem do tribunal, conta o DN.

Para ler e digerir

A França tornou-se um "triângulo das Bermudas", escreve o Jorge Almeida Fernandes, fazendo a fotografia do arranque da campanha das presidenciais. "Até agora, Macron e Fillon batiam-se para saber quem defrontaria Le Pen. Mas as sondagens revelam um imprevisível confronto a quatro, em que também entra Mélenchon". É esta a porta de entrada para o nosso destaque de hoje: uma louca corrida de “quatro favoritos” gera total incerteza em França. Para ficar com o retrato completo, é preciso passar também pelo comentário da Teresa de Sousa (“Para onde vá a França, vai a Europa”, diz ela, explicando como o nosso destino está preso pelo resultado destas eleições). E também pelo Editorial, onde tentei acrescentar outro ponto a um puzzle realmente complexo: "E depois das eleições, quem conseguirá governar a França?".
A mulher que aprendeu com os gregos que as coisas belas são difíceis. Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017) foi durante décadas o rosto dos Estudos Clássicos em Portugal. Deixa uma obra vastíssima e um exemplo de determinação e rigor. As suas traduções das grandes tragédias gregas são uma referência, assim como os trabalhos que fez à volta da literatura portuguesa. A Lucinda Canelas fez o texto do obituário que é lançado assim. E o António Guerreiro deixou-nos um comentário com um título certeiro: "Clássica, mas muito moderna".
A Europa, hoje, é uma "colónia digital" da América. Dependentes de software caro, e que é usado secretamente pelas agências de segurança de Washington para recolher informação sensível, os serviços públicos europeus estão "capturados". Mas podia haver "um projecto Airbus" para a independência tecnológica da Europa. Já há alguns exemplos, conta o Paulo Pena, nesta reportagem para o P2. Chegaria?

Hoje na agenda

Só mais um minuto  

Da série "notícias que parecem mentira" (mas infelizmente não são): a United Airlines expulsou um passageiro do avião, com bilhete pago, recorrendo à polícia - e desta forma. Foram precisas umas horas de censura nas redes para a companhia vir dizer isto.
Da série "notícias que preferíamos que fossem mentira" (mas também não são): a agência da polémica viagem de finalistas apresentou queixa contra o hotel espanhol. Bem, o melhor é ler a crónica do João André Costa no P3 - não sei se o adjectivo é "deliciosa" ou "preocupante", mas deixo a conclusão para si. Chama-se assim: "Mãe, uma viegem de finalistas inesqécivel!"
Da série "notícias que são mesmo verdade", (para nosso azar): antes da Páscoa, volta a chuva.
E da série "notícias que são verdadeiras" (e que nos fazem felizes): num ano marcado pelas notícias falsas, os Pulitzer premiaram a transparência do jornalismo.
É caso para dizer que é para isso que cá estamos. Para dizer a verdade. E para sermos felizes, todos.
Tenha um dia bom: produtivo e de sorriso rasgado. Nós vêmo-nos por aqui, já daqui a nada.
Até já!

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