sábado, 8 de julho de 2017

Forças ocultas numa sociedade distraída

Resultado de imagem para Forças ocultas numa sociedade distraídaDe vez em quando somos publicamente surpreendidos por notícias variadas que nos deixam perplexidades, desconfianças e até fundados receios. O mundo das pessoas não é transparente e os interesses em campo entrechocam-se. Há sempre vítimas destes jogos escuros. São os mais fracos, pessoas e países, os que, numa vida de muitas dificuldades, tentam sobreviver, sem que saibam depois quem lhes põe pedras no caminho ou mesmo quem lhes fecha o caminho para que não possam ir mais longe.
Quando tudo se passa às claras há sempre alguma possibilidade de prevenção e de defesa. Não, porém, quando se cultiva o secretismo e, à superfície, não aparecem senão boas intenções, propaladas competências e mesmo gestos de solidariedade. Normalmente gestos vistosos e publicitados de muitas maneiras. Em sociedades democráticas, nas quais ninguém deverá recear ninguém, o secretismo é incómodo e preocupante, mesmo que não se consigam vislumbrar os contornos das manobras em campo.
Há pouco tempo foi a maçonaria que veio ao de cima e deixou muita gente confundida sobre a sua influência oculta ou pública, nos seus aderentes, nos meios determinantes do governo, nos projectos insinuados e promovidos, na vida do país em geral. O secretismo aconteceu noutras forças sociais, mas hoje não se justifica. Os códigos secretos, ainda que sejam meramente iniciáticos, deixam-nos sempre a pensar no que se passa para além do que revelam e do que se diz. Os partidos comunistas deixaram de meter medo, quando terminou a sua clandestinidade obrigatória. Agora os seus objectivos e projectos são públicos, os confrontos sociais têm o seu sentido e há espaços de diálogo possível, sempre úteis, mesmo que não se consigam resultados espectaculares. É legitimidade democrática e o respeito mútuo o grande apelo da convivência sem medos, nem desconfianças.
De tempos a tempos fala-se, sem grande alarde, do Club Bilderberg, a propósito dos convidados, políticos e jornalistas, normalmente, que não passam do pórtico das simpatias. As sessões dos membros são à porta fechada, o mais sigilosas possivel, com casa vigiada a pente fino e sem ninguém por perto. Nestas sessões só os magnatas mundiais, à volta de cem, de vários países, fruto de uma selecção de alto rigor. Nelas se determinam as grades linhas da política e da economia que vão reger a sociedade a nível mundial. “Um governo invisível e omnipotente que comanda os fios controladores, a partir da sombra desde o governo dos Estados Unidos da América, à União Europeia, às Nações Unidas, à Organização Mundial da Saúde, ao Banco Mundial, ao Fundo Monetário Internacional e a qualquer outra organização similar, tudo em nome dos projectos futuros da Nova Ordem Mundial”. À medida do poder que prevalece. Ali se eliminam uns e se promovem outros, se apaga e se incendeia ao mesmo tempo, sem que se possa ver a mão e o rosto de quem o faz. Também são gestos de solidariedade internacional, e por estes se confortam muitos daqueles que antes foram arruinados.
Portugal, tal como sabemos e sentimos, está agora na ribalta. Os mais pequenos e mais fragilizados, ontem como hoje, sempre estiveram na mesa das decisões, à distância, dos grandes e dos poderosos. Há dependência, que se podem sacudir e evitar. Outras têm consigo açaimos e grilhões. Se nos dividirmos cá dentro – há manobras comandadas nesse sentido – seremos mais facilmente vencidos. Se, porém, para além das ideologias que podem dividir, deitarmos mão da força interior que a todos nos toca e é a grande riqueza de todos e para todos, ainda que com sacrifícios pessoais e de grupos, demoras e dores, o êxito final será sempre de quem não desiste, sabe o que quer, luta pelo bem comum, integra riquezas e esforços os mais diversos, persiste no caminho.
Fonte: Correio do Vouga
Julho 20, 2011 
Espaço: Opinião

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