Sucesso da venda do Novo Banco ao Lone Star depende da poupança de 500 milhões de euros com obrigações. Analistas admitem que operação tem riscos
A venda do Novo Banco à Lone Star está cada vez mais próxima. O banco revelou ontem as condições da aguardada troca de obrigações, que será afinal uma operação de recompra da própria dívida. O objetivo é reforçar os capitais próprios em 500 milhões de euros. Para isso, o Novo Banco propõe o reembolso antecipado de 36 séries de emissões de dívida.
Porém, a operação não está isenta de riscos. No comunicado enviado à CMVM, a instituição liderada por António Ramalho avisa os investidores de que, "em caso de insucesso da oferta, o investimento da Lone Star no Novo Banco não seria concretizado" e a instituição "não receberá a injeção de capital prevista", sem a qual o banco "não terá capacidade de se manter em continuidade". Neste contexto, o banco "poderá ser sujeito" a mais medidas de resolução" e os obrigacionistas "poderão enfrentar perdas substanciais".
Os analistas contactados pelo DN/Dinheiro Vivo confirmam que a operação corre o risco de falhar, "tendo em conta o elevado nível de participação dos investidores que será necessário atingir para que a operação possa ter sucesso", destacam os especialistas da Patris Investimentos. "É difícil saber até que ponto a operação irá ter êxito, uma vez que dependerá das expectativas de cada investidor, mesmo tendo em conta os riscos que existirão para quem decidir não participar, ao criar um contexto que poderá inviabilizar a continuidade do Novo Banco."
O sucesso da oferta vai depender dos resultados de uma "operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado", explica o Novo Banco. A instituição deverá convocar uma assembleia geral de obrigacionistas para sujeitar a operação a votos. Caso obtenha 75% dos votos favoráveis, a oferta passará a ser vinculativa para todos os investidores.
Mesmo que a oferta do Novo Banco seja aprovada e a venda à Lone Star se concretize, os investidores não irão recuperar todo o capital investido, já que o banco promete apenas "um preço alinhado com o mercado". Ou seja, inferior ao valor da emissão inicial. O banco justifica o desconto, que em alguns casos chega aos 90%, com a "pressão" a que os títulos têm estado sujeitos no mercado secundário. Ainda assim, os analistas veem vantagens na solução. "O investidor vai acabar por receber menos do que receberia se aguardasse a maturidade dos títulos. No entanto, vai ficar hoje com capital disponível, ou seja, o reembolso pago em dinheiro, que pode voltar a investir até à suposta maturidade, logo não me parece que seja negativo para o investidor", observa António Duarte, gestor da corretora XTB.
Na ótica do Novo Banco, "a opção pela solução em cash torna mais simples e percetível a contrapartida, e mais ajustada aos investidores institucionais e de retalho". Em alternativa, o banco vai permitir aos clientes que optem pela venda a criação de "depósitos a prazo com condições específicas", que "renderão juros a uma taxa fixa por um período determinado de tempo que irá variar de três a cinco anos", explica o Novo Banco. A maturidade das obrigações em causa varia entre 2019 e 2052 e o valor nominal global é de 8,3 mil milhões de euros, que corresponde a três mil milhões de euros do passivo contabilístico do banco.
Fonte: DN
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