quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Democracia na Venezuela está “quase morta” diz ONU

Democracia na Venezuela está quase morta diz ONU
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, evitou referir-se ao Governo de Nicolas Maduro na Venezuela como uma ditadura, mas reconheceu que a democracia está "quase morta" no país.

"Penso que poderíamos argumentar que, nos últimos tempos, temos assistido a uma erosão da vida democrática na Venezuela", reconheceu Zeid, numa conferência de imprensa em Genebra.

Apesar de reconhecer que Maduro foi "eleito pelo povo", o Alto Comissário referiu que a vida democrática na Venezuela tem sido desde então "submetida a uma dura prova".

"Deve estar quase morta, se ainda não estiver já morta, é como olho para ela", concluiu.

Zeid comentava assim as conclusões de um relatório elaborado pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos do Homem, que apontou falhas graves e denunciou a violência cometida nos protestos que decorreram na Venezuela entre abril e julho deste ano.

Publicado esta quarta-feira, o documento acusa as forças de segurança e as milícias pró-governamentais de serem responsáveis pela morte de pelo menos 73 manifestantes anti-governamentais.

Os protestos fizeram quase 130 mortos mas, os autores de quase 70 mortes não foram ainda identificados, reconhece a ONU.

O organismo das Nações Unidas para os Direitos do Homem conclui que as violações massivas dos direitos do homem contra os manifestantes demonstram "a existência de uma vontade política de reprimir as vozes críticas e instalar o medo entre a população".

O relatório refere que "o recurso sistemático a uma força excessiva durante as manifestações e a detenção arbitrária, de manifestantes e de alegados opositores políticos, indicam que não se tratam de casos isolados e ilegais da parte de alguns oficiais."

Trata-se assim, conclui o relatório "de uma vontade politica" para "por fim aos protestos".

Zeid Ra'ad al Hussein advertiu que a crise económica e social persistente e as crescentes tensões políticas poderão provocar um agravamento da crise na Venezuela.

O país produtor de petróleo está a braços com uma grave crise económica, marcada pela penúria de produtos de primeira necessidade e têm sido reportados vários casos de fome, incluindo entre as crianças.

Fonte: RTP 
Foto: Denis Balibouse - Reuters

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