A Câmara de Mira solicitou ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) a passagem para a autarquia da gestão dos antigos viveiros de peixe da Barrinha de Mira, onde pretende construir um fluviário.
Segundo o presidente do município, Raul Almeida, a recuperação dos viveiros situados junto à Barrinha insere-se na aposta no turismo que tem vindo a ser feita na Praia de Mira, que passa também pelo desassoreamento e limpeza da laguna.
Situados ao longo da margem poente da Barrinha, os viveiros piscícolas da Praia de Mira foram construídos na primeira década do século XX, após um processo de décadas liderado pela Universidade de Coimbra.
Na altura, a região ainda enfrentava focos de malária e por isso os viveiros serviram inicialmente para a criação do peixe-mosquito, uma espécie de peixe de água doce, também conhecido pelo nome genérico de gambúsia.
Oriundo da América do Norte, o gambúsia habita normalmente em águas doces paradas e pequenos ribeiros, mas também em água salobra, alimentando-se de larvas de mosquito, vermes e zooplâncton. Foi introduzido em Portugal em meados do século XIX pelas autoridades sanitárias para combater a malária.
Os viveiros da Barrinha foram uma grande atração da Praia nas décadas de 50 e 70 do século passado, num período pré-parques aquáticos e oceanários, mas acabaram por encerrar em meados no final dos anos 1990 devido ao desinvestimento da ICNF na conservação dos tanques e áreas de apoio.
Os viveiros ocupam uma área de quase cinco hectares, ao longo da Barrinha, sendo a parte poente destinada às maternidades de procriação de espécies e a parte nascente, na direção do mar, destinada ao crescimento e exibição das espécies.
Raul Almeida acredita que a vontade da autarquia em assegurar a gestão dos viveiros (transformando-os num fluviário inspirado naquele que funciona na vila alentejana de Mora) será concretizada, lembrando o bom relacionamento existente com a ICNF.
Na semana passada, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, o decreto que procede à exclusão e submissão de áreas ao regime florestal parcial e altera o fim de parcelas situadas no perímetro florestal das Dunas e Pinhais de Mira.
O decreto abriu ao município novas possibilidades de investimento na área do turismo, acertou os limites florestais do concelho (estabelecidos em 1917) e libertou 200 hectares de terrenos na freguesia do Seixo de Mira, onde deverá nascer um novo empreendimento agropecuário.
Uma das medidas com maior impacto e que vinha a ser há muito pedida pelo ICNF foi a passagem da esfera municipal para a esfera do Estado de 160 hectares de mancha florestal no limite sul do concelho de Mira, na divisa com Cantanhede, que passarão a integrar as Matas Nacionais.
A recuperação e transformação dos viveiros só deverão ocorrer após a empreitada de desassoreamento da Barrinha, adjudicada por 545 mil euros pela Polis Litoral - Ria de Aveiro, com arranque previsto para finais de setembro.
A Barrinha encontra-se há anos fortemente assoreada e enfrenta uma praga de jacintos de água, situação que afastou os banhistas, numa praia que conquistou o galardão ambiental Bandeira Azul durante 31 anos consecutivos.
Fonte: Lusa
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