O PCP voltou esta quinta-feira à carga contra a demarcação da União Europeia e, inerentemente, do Governo português face à eleição da Assembleia Constituinte venezuelana. Os comunistas consideram mesmo que a segurança da comunidade portuguesa naquele país sul-americano impõe uma “condenação das ações desestabilizadoras, terroristas e golpistas”, aludindo aos opositores de Nicolás Maduro.
“A segurança da comunidade portuguesa residente na Venezuela implica a condenação das ações desestabilizadoras, terroristas e golpistas”, estima o PCP em comunicado difundido 24 horas depois de o Governo ter acompanhado a União Europeia, recusando-se a reconhecer a Assembleia Constituinte eleita no passado domingo.
Na leitura dos comunistas, a decisão tomada pelo Executivo de António Costa “é contrária aos interesses da comunidade portuguesa naquele país e do necessário restabelecimento das condições de estabilidade política”.
O partido de Jerónimo de Sousa sustenta, no mesmo texto, estar a assumir uma “atitude de respeito pela soberania da Venezuela e da sua ordem constitucional”, em contraste com o que considera ser “a contribuição para alimentar atos de ingerência que, indisfarçadamente, a administração norte-americana e a própria União Europeia prosseguem”
Tal postura, lê-se no comunicado disponível no site do partido, visa “assegurar a normalização da situação” na Venezuela.
O PCP saudara já na segunda-feira o processo de eleição da Assembleia Constituinte promovido pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, descrevendo-o como um “ato de afirmação democrática”.
E na terça-feira, em declarações à RTP, seria a vez de António Filipe defender a eleição da Constituinte.
“Eu gostava de saber o que é que aconteceria em Portugal e qual seria a reação das forças de segurança e dos poderes constituídos se assistíssemos a ações da oposição como aquelas que vemos fazer na Venezuela, com rebentamentos de bombas, com apelos à violência, inclusivamente com linchamentos de pessoas por serem, segundo eles, apoiantes de Maduro, eu gostaria de saber se não haveria da parte do poder democraticamente constituído uma reação legítima a essas situações”, questionou o deputado comunista.
“Um passo negativo”
A União Europeia recusou ontem reconhecer a Assembleia Constituinte e pediu a suspensão da sua “instalação efetiva”, pela voz da alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini.
No mesmo dia o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que Portugal, tal como os restantes países da União Europeia, não poderia reconhecer a Constituinte, classificando-a como “um passo negativo”.
Augusto Santos Silva negou ainda que Portugal tenha manifestado qualquer forma de oposição a um consenso europeu relativamente à situação venezuelana.
“É totalmente falso que Portugal se tenha oposto a qualquer dos termos que nós, os Estados-membros da União Europeia, consideramos, como é praxe quando se forma uma decisão de política externa da União Europeia, nos últimos dias relativamente à Venezuela”, afiançou.
Fonte: RTP Notícias
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