A peça Loucura dos 50 apresenta-nos uma viagem cómica ao universo dos homens de cinquenta anos. Durante, aproximadamente, uma hora e meia são-nos apresentados os seus problemas e desejos, para além de muita gabarolice.
Esta peça com Joaquim Nicolau, António Melo, Almeno Gonçalves e Fernando Ferrão conta a história de quatro amigos que se encontram numa noite para comemorar a festa do 50º aniversário de Quim Fonseca.
A Loucura dos 50 veio ao AUDIR, em Peso da Régua, e nós tivemos a oportunidade de conversar um pouco com o ator Fernando Ferrão.
Durante o espetáculo faz-se uma viagem cómica que, ao mesmo tempo, acaba por ser real. O que eu lhe queria perguntar é: quando o público sai da peça, o que é que ele deve levar de lá?
Isto é uma comédia que acontece em muitos homens. Chegam a uma certa altura, aos 50 anos, e ficam sem mulheres, sem trabalho e depois isto é uma gabarolice entre eles para ver quem é o melhor e quem é que faz mais coisas. Também falamos de doenças, de traições... Tudo levado para a comédia mas as pessoas ficam a pensar que realmente aquilo acontece. E acontece em muitas casas.
E o que é que as pessoas vos têm dito sobre a peça?
As pessoas dizem que gostam muito e que se divertem muito. Já andamos com esta peça há quatro anos e agora vamos estrear outra.
Quando estamos a ver uma peça temos muito a perceção daquilo que está acontecer em cima do palco. Mas há todo um trabalho por trás. Quanto tempo uma peça destas demora a ser preparada?
Três/quatro meses de ensaios.
E como são preparadas as personagens?
As personagens vão surgindo à medida que nós vamos ensaiando. Estamos a fazer um ensaio de leitura e quando começamos a fazer a encenação vão surgindo coisas que nós aproveitamos. Umas são aproveitadas, outras não. E, quando estamos a ensaiar, exageramos a maior parte da encenação. Nós pecamos mais pelo exagero do que pela falta dele, porque se for por falta dele fica tudo sem energia.
Então, em palco, muitas das coisas acabam por ser improviso.
No palco há situações em que também nos rimos uns dos outros. Há coisas que já estamos à espera que vão acontecer e nós rimo-nos porque sabemos aquilo que vai acontecer.
Um bocadinho das personagens que estão em palco não é também o ator que está por trás delas?
Não tem nada a ver. Nós na vida real não somos assim, são só personagens. No caso, eu sou só o Fernando a representar um personagem chamado “António”.
Mas acaba por pôr um bocadinho da sua forma de representar na personagem, o que acaba por torná-la sua, de certa forma.
Sim. Há muitas coisas que eu faço que vou buscar a mim e àquilo que eu sei e que transporto para o personagem e que resultam.
É mais fácil trabalhar com amigos?
É mas já estou farto de trabalhar com eles (risos).
Já são muitos anos. (risos)
Já são 15 anos, sempre os quatro a trabalhar. Começámos com a Crise dos 40, já fizemos mais umas cinco e vamos estrear mais outra e já não os aguento (risos). Mas somos muito amigos.
E já sabe como lidar com eles.
A nossa relação em palco já é tão grande que, muitas vezes, basta um olhar para perceber o que o outro vai dizer a seguir. E se não souber o que vai dizer a seguir, basta um olhar de aflição que o outro pega na história.
Fernando, a loucura aparece mesmo aos 50 ou evidencia-se nessa idade?
Isto vem na sequência de uma peça que nós fizemos chamada Crise dos 40. Aos cinquenta, já é um bocadinho diferente. Aos cinquenta, falamos de disfunção erétil porque a mulher tem cinquenta anos. Mas depois também há mulheres de cinquenta anos que são bonitas... E esta peça acaba por surgir numa gabarolice entre quatro homens que pega nestes temas.
Terminada esta entrevista, resta-nos agradecer ao Fernando por nos ter aceitado responder às nossas questões e por toda a sua disponibilidade.
Por Cátia Sofia Barbosa, Licenciada em Jornalismo e Comunicação pela UC
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