domingo, 8 de outubro de 2017

Editorial | Com a evolução do tempo os bons hábitos desaparecem

É verdade, com a evolução do tempo os bons hábitos desaparecem. Recordo do tempo em que fui bombeiro voluntário em Cascais, e pelo Natal havia pessoas que se dirigiam ao Quartel com o propósito de entregar donativos, mitigando assim as necessidades do bombeiros.

De igual modo aqueles gestos eram praticados junto de outras instituições consideradas imprescindíveis para a comunidade. Apenas um ou dois exemplos, porque de resto os leitores já sabem onde quero chegar. Acontece que a vontade de contribuir vai aos poucos fazendo parte do passado, o que é lamentável. Das associações espera-se tudo, e quando a resposta não é possível com a breve as coisas complicam-se. O dedo acusatório fica hirto apontando os defeitos deste e daquele, como se o direito de apoiar fosse taxativo.

É verdade que a famosa crise atingiu tudo e todos, mas, sou levado a crer, que se tratou mais de uma crise de engelharia político-financeira, de natureza experimental para apalpar o pulso ao Povo, porque esse sempre pagou impostos com língua de palmo, muitas das vezes nem sequer ganha o suficiente para ter uma vida com alguma qualidade, vendo-se na iminência de ter que partir para outras paragens, sabe Deus em que condições.

Em Aveiro e arredores conheço algumas instituições que até aprovaram a dita crise, porque fez com que recebem mais uns milhões de euros do Estado, adquirissem frotas novas, abrissem mais cozinhas chamadas sociais, etc, etc.

A bondade de certas pessoas está mais na serenidade de seu porte e na mansidão de suas palavras do que nos actos benemerentes que praticam.

Entre a bondade e a maldade, os homens, muitas vezes, não hesitam: abraçam a segunda, com alegria, e fogem da primeira, com enfado.

A discriminação criminosa na atribuição dos subsídios, principalmente no que respeita à Câmaras Municipais e porque não às juntas de freguesia, é uma constante. Apoios atribuídos aos da cor política, aos amigos e amiguinhos, entram pelos olhos adentro. Até quando isto é permitido? Só os contemplados pagam impostos? As verbas não saem do erário público? É necessário haver eleições todos os anos para haver diversidade?

Caros senhores, não usem e abusem do voto que vos foi confiado, sejam imparciais, e deitem para o lixo os discursos e imagens duvidosas, porque disso estamos todos enjoados. Vistam a camisa da coerência e da transparência.

J. Carlos
Director


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