Depois da breve e desastrosa experiência governativa de 2004-2005, muitos vaticinaram a morte política de Santana Lopes, mas foram contrariados pelas sucessivas ressurreições de um político singularmente resiliente e combativo. Esta é a terceira vez que se candidata à liderança do PSD em 22 anos.
Nasceu na cidade de Lisboa, em 1956, e estudou no liceu Padre António Vieira. Seguiu-se a licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi eleito presidente da associação de estudantes. Tornou-se desde logo evidente a paixão pela política, traduzida na filiação no PSD.
Concluída a licenciatura, Pedro Santana Lopes seria convidado para o cargo de adjunto no Governo liderado por Carlos Mota Pinto. Foi a primeira experiência no perímetro governamental. No entanto, pouco tempo depois, retomou a atividade académica, dessa feita na Alemanha, como investigador do Instituto de Direito Europeu e do Instituto para a Investigação da Ciência Política e Questões Europeias.
Em 1980, na sequência da vitória eleitoral da Aliança Democrática (AD), Santana Lopes regressou a Portugal para ser o assessor jurídico da sua grande referência política, o então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro. Também chegou a exercer o mandato de deputado, até à morte trágica de Sá Carneiro no desastre de aviação em Camarate. Recusou depois o convite de Francisco Pinto Balsemão para integrar o Governo.
Esteve ligado à ascensão de Aníbal Cavaco Silva até à liderança do PSD e ao cargo de primeiro-ministro, aceitando depois o lugar de secretário de Estado da Presidência no respetivo Governo. Posteriormente foi cabeça-de-lista do partido nas eleições europeias e também assumiu as funções de secretário de Estado da Cultura.
Santana Lopes interrompeu a atividade política em 1995, irrompendo pelo mundo do futebol até à presidência do Sporting Clube de Portugal. Mas foi uma breve interrupção, pois no ano seguinte concorreu à liderança do PSD, sendo derrotado por Marcelo Rebelo de Sousa, atual Presidente da República.
Iniciou então a carreira autárquica, primeiro na Figueira da Foz e depois em Lisboa. Pelo meio, nova candidatura à presidência do PSD e nova derrota, perante Durão Barroso. E seria Barroso, com a sua repentina saída do Governo para assumir a presidência da Comissão Europeia, quem abriria as portas da liderança do PSD e do cargo de primeiro-ministro a Santana Lopes, em 2004.
A experiência governativa não correu bem e durou poucos meses. O Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolveu o Parlamento e convocou eleições legislativas. Santana Lopes sofreu uma pesada derrota nas urnas de voto, possibilitando a primeira maioria absoluta de sempre do PS, liderado por José Sócrates.
Muitos vaticinaram a morte política de Santana Lopes, mas foram contrariados pelas sucessivas ressurreições de um político singularmente resiliente e combativo. Voltou ao Parlamento em 2007, como presidente do Grupo Parlamentar do PSD, na liderança de Luís Filipe Menezes. Voltou a candidatar-se à liderança do PSD em 2008, saindo derrotado por Manuela Ferreira Leite. E também tentou regressar à Câmara Municipal de Lisboa, em 2009, perdendo contra António Costa do PS.
Assumiu o mandato de vereador e retomou a atividade profissional de advogado. Até que, em 2011, o Governo de Pedro Passos Coelho indicou-o para o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Já em 2016 foi reconduzido no mesmo cargo pelo primeiro-ministro António Costa. Dedicou-se também ao comentário político televisivo. E voltou a surpreender em 2017, ao anunciar mais uma candidatura à liderança do PSD. Resultará em mais uma derrota?
Fonte: Jornal Económico
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