sábado, 27 de janeiro de 2018

Santos da casa, espumantes, uma família Pritzker e um prato de tripas

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Fugas
 
 
  Sandra Silva Costa  
Cada vez me convenço mais que a sabedoria popular raramente falha.Sabem aquele ditado que garante que santos da casa não fazem milagres? Pois bem, essa foi a primeira coisa em que pensei quando li o texto da Alexandra Couto sobre o Espaço Paz e vi as fotografias da Joana Gonçalves. Não sendo exactamente meu vizinho, passo algumas vezes pelo Espaço Paz, já me perguntei muitas outras o que se esconderia dentro daquele edifício de “linhas engraçadas” mas nunca me dei ao trabalho de entrar para descobrir. E agora, ao mergulhar neste conto de fadas com direito a história de amor entre o músico canadiano Andrew Humphrey e a bailarina portuguesa Ana Luísa Mendonça, já estou arrependida. Nada que não se resolva, está claro, até porque o povo também diz que mais vale tarde do que nunca. Quem sabe se não é mesmo esta tarde que vou tomar um chá a São João da Madeira?
Até porque me dá mais jeito que a Espumantaria do Petisco – questão de uns 300 quilómetros, mais coisa, menos coisa. A Espumantaria, conta-nos outra Alexandra, a Prado Coelho, fica na Calçada do Marquês de Tancos, a caminho do Castelo de São Jorge, em Lisboa, e, como o nome indica, junta o melhor de dois mundos: espumantes e petiscos. Já se imaginou a beber um espumante da Quinta das Bágeiras e a trincar peixinhos da horta e petingas fritas? Enquanto nos deixa de água na boca, a Alexandra dá-nos uma boa notícia: Nuno Correia Pereira e os seus sócios nas Espumantarias (há outra, no Cais do Sodré) vão reactivar o Clube Ferroviário, perto de Santa Apolónia. Sim, o Ferroviário, aquele com uma vista incrível sobre o Tejo, vai voltar em Abril/Maio.
De Lisboa seguimos para o Porto, para conhecer o Duas Portas, onde o Luís Octávio Costa passou um dia e uma noite a “respirar arquitectura” com a cidade em todas as direcções. Esta guest house na Cantareira, zona de pescadores, foi comprada pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, restaurada pela também arquitecta Luísa Penha e está a ser gerida pela filha de ambos, Luísa Souto Moura, igualmente arquitecta – filha de peixes… Foi, pois, no seio de uma “família Pritzker” que o Luís Octávio leu bilhetes simpáticos, provou fatias de bolo caseiro e descobriu um terraço de betão.
Já que estamos pelo Porto, o José Augusto Moreira propõe-nos um saltinho ao Tripeiro, na Rua de Passos Manuel, mesmo ao lado do Coliseu, onde há quase 70 anos mora um dos mais clássicos restaurantes da cidade. Foi agora renovado, a piscar o olho às novas gerações, mas aqui um prato de tripas ainda é um prato de tripas. Bom apetite!
Para o fim, deixo-lhe as habituais sugestões de leituras mais longas, para que possa já ir pensando nas férias: o Sousa Ribeiro andou pelo Sri Lanka, a descobrir quantos lados tem um triângulo cultural; e a Andreia Marques Pereira voltou a pôr os esquis nos pés e foi deslizar na neve fofa que rodeia o Club Med Grand Massif Samoëns Morillon. Fica em França, Alpes à vista, e ainda cheira a novo.
Mesmo antes de me despedir, ainda lhe sugiro que leia a história do protagonista desta semana. Chama-se Rui Moura Alves, é enólogo e faz aquele que desde 2016 é considerado o melhor vinagre de Portugal. A Alexandra Prado Coelho explica aqui porquê.
Agora é que está tudo dito. Marcamos encontro para a semana, à mesma hora? Até lá, boas viagens!

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