segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Como encher um Rio (meio) vazio?

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia!
Foi um fim-de-semana agitado, mas uma madrugada mais calma. 
Começamos por aí?

No futebol, o Braga teve uma noite como não se via há 61 anoscom uma goleada histórica no terreno do grande rival. Antes, também o Porto seguiu do inferno ao paraíso.
No Sporting, Bruno de Carvalho ficou a falar sozinho: Para já, nenhum dos comentadores afectos ao clube cumpriu a ordem do presidente para que saíssem dos programas de debate. Mas há um que ainda vai falar com o presidente, relatou o Observador.
Foi noite de Festival da Canção - e já há sete apurados para a final. A primeira meia-final deixou já os consagrados pelo caminho. Mas Salvador Sobral acertou na mouche, conta o Rodrigo Nogueira.
No cinema, "Três cartazes" levou o BAFTA. "A Forma da Água", o mais nomeado para os Óscares, levou um banho de água fria, conta o The Guardian
Aos 31 anos, morreu Giovane Brisotto, protagonista de O Sentido da Vida. Giovane sofria de Paramiloidose Familiar, conhecida por "doença dos pezinhos", percorreu mais de 50 mil quilómetros pelo mundo, por diversos países onde a doença existe, num projecto sobre a ligação das pessoas ao mundo. Hoje, ligamo-nos a ele por aqui.

O que marca o dia

Começamos pelo congresso do fim-de-semana?
O novo PSD vai à procura de independentes. Conta a São José Almeida, no rescaldo do congresso, que Rui Rio vai fazer convenções, à procura de pessoas e ideias que consolidem um programa alternativo ao do PS. Olhando para o discurso de encerramento de Rui Rio, esse é o maior dos problemas: como encher um Rio vazio, na expressão que escolhi para fazer a análise do o novo líder (não) disse ali. E mesmo depois de colher ideias, vai ser preciso cruzá-las com este mar de propostas desconexas que ontem foram aprovadas.
Para já, lançam-se escadas para dois consensos. Rio propôs-se a começar por dois, descentralização e Segurança Social, sendo que hoje tem encontro com Marcelo, que anda há meses a pedir muitos maisO PS não disse que não (só que fica à espera de propostas - e de olho nos desconfiados PCP e BE). Mas, lendo o que diz Ascenso Simões, a aposta dos socialistas chama-se "maioria absoluta".
A verdade é que o dia 1 foi frio, para Rui RioCom uma polémica enorme à volta da sua escolha para vice-presidente, a sua lista para a comissão política acabou com menos votos do que as de Passos (e tantas como a de Ferreira Leite). E nem o acordo com Santana (e o discurso de paz deste) lhe tirou o desconforto do aparelho, ou um adversário futuro chamado Montenegro. Assim, se no primeiro discurso, o “palmódromo” deu mais a Rio do que a Passos, no final do congresso ficou uma percepção: "United we stand, divided we fall".
Saindo do congresso, o que temos? 
O Governo quer proibir as farmácias de dar descontos. Pelo menos acima de 3%, conta a Alexandra Campos, com a ideia de proteger as farmácias mais pequenas. Mas a Autoridade da Concorrência está contra.
Estão 1700 doentes à espera de vaga nos cuidados continuadosO Governo diz não ter estatísticas de recusa de vagas, anota o JN.
A saúde militar tem um buraco de 70 milhões. Estão a caminho três auditorias financeiras para se tomarem decisões, conta o CM.
As novas regras dos créditos bancários abrem caminho à taxa fixa. A concorrência desenfreada entre bancos na concessão de empréstimos aos particulares obrigou o Banco de Portugal a impor vários limites, de forma a evitar o aumento do crédito malparado. A avaliação da capacidade dos consumidores para pagarem os empréstimos foi reforçada e os contratos devem ter prazos mais curtos e prestações constantes de capital e juros.
A Europa promete ajudar no combate aos incêndios. O comissário europeu responsável pela protecção civil explica à Liliana Valente o que podemos esperar dele este Verão.
A nova lei sobre animais pode dar confusão. Com a nova lei tudo é facultativo, mas tudo pode acontecer se o "bom senso" não se impuser. É como pergunta a Clara Viana: e se a iguana também vier ao restaurante?

Acrescentar um ponto 

1. O ano em que chegámos a crescer 7,8%. Tal como em 2017, em 1990 o crescimento do PIB era o maior em 17 anos. Tal como agora, a economia tinha tido, anos antes, uma intervenção externa (na altura, do FMI) e tinha, depois disso, começado um processo de convergência com a Europa. Tudo semelhante? O então secretário de Estado Carlos Tavares fez o ensaio.
2. O que esconde Moçambique no caso do português desaparecido? O empresário Américo Sebastião desapareceu há 19 meses sem deixar rasto. Depois de um longo silêncio, ignorando a diplomacia e as autoridades portuguesas, Maputo falou publicamente pela primeira vez esta sexta-feira dizendo que não tem qualquer pista que ajude a explicar o caso. Esta é a história africana de um português cujo grande sonho era trabalhar em Moçambique. E dos cenários do que poderá ter acontecido: um delito comum ou um crime de Estado? 
3. A ferida na Oxfam está aberta e não se sabe quando vai sarar. Fundada em 1942, a Oxfam é uma das maiores organizações de solidariedade do Reino Unido - e do mundo. Começou com uma modesta loja de roupa em segunda mão, mas hoje conta com 650 pontos de venda. A revelação de que funcionários seus pagaram a prostitutas durante uma missão no Haiti, após o terramoto de 2010, pôs esta ONG no olho de um furacão. Sobrará alguma coisa depois da polémica? - pergunta a Maria João Guimarães.
4. Cinema: o melhor que vimos em Berlim (até agora). O Jorge Mourinha está lá desde o arranque do festival, na quinta-feira, mas eu ainda só lhe tinha falado desta "nova casa das bonecas de Wes Anderson". Mas, entretanto, já vieram Mia e Ana, as mulheres com cabeça; também os fantasmas de MoçambiqueIsabelle Huppert a atirar cinzeiros; ou Sandro Aguilar a unir os pontos. Mas ontem o Mourinha viu Transit e ficou rendido: "É uma proposta radical de romance de guerra, o melhor filme que vimos em Berlim até agora". Contas, Jorge?

A agenda de hoje

O tribunal de Oeiras decide o que fazer ao Supernanny, o tal programa da SIC que pôs toda a gente a falar de psicologia (barata). Com outro tipo de contestação em cima da mesa, a ministra da Justiça reúne-se com os sindicatos dos guardas prisionais. E, em paralelo, prosseguem mais audições dos julgamentos da Operação Fizz e do caso dos Vistos Gold.
Na política, Marcelo recebe Rui Rio, mas também vai assistir ao doutoramento Honoris Causa de António Guterres, o secretário-Geral da ONU - na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.
Lá por fora, reúne-se o Eurogrupo, com a substituição de Vítor Constâncio sobre a mesa, oito anos depois do português ter chegado à vice-presidência.
Hoje também joga o Sporting, mas pelo que aconteceu este fim-de-semana, como diz hoje o Rui Tavares, "não podemos continuar a fingir que é só futebol". Não sabendo se o Rui é do Sporting, como eu, deixo-lhe a crónica dele que diz, palavra por palavra, o que eu penso sobre o assunto: 
"Estes dirigentes têm uma fraca opinião dos adeptos dos seus clubes: esquecem que os tais milhões de que eles falam são pessoas que pensam pela sua cabeça. Pessoas que pensam pela sua cabeça e que agora terão de pôr limites a esta insanidade, se quiserem que o futebol não possa intimidar nem a imprensa, nem as autoridades políticas, nem as autoridades judiciais".

Obrigado Rui. Obrigado a si.
Dia feliz e até amanhã!

Nenhum comentário:

Postar um comentário