A poucos quilómetros da fronteira de Espanha com Portugal, em Retortillo, está a nascer uma exploração de urânio polémica. Uma delegação de deputados portugueses visita o local esta segunda-feira.
A mina de urânio a céu aberto em Retortillo, Salamanca, está a preocupar os deputados portugueses e esta segunda-feira, uma delegação de 10 representantes de todos os partidos vai visitar o local e encontrar-se com autarcas e representantes políticos de várias entidades espanholas.
Pedro Soares, deputado do Bloco de Esquerda e presidente da Comissão de Ambiente, explica que o impacto ambiental deste tipo de explorações é transfronteiriço, ou seja, terá consequências também para Portugal. O deputado lembra que, por isso, Espanha estaria obrigada a acionar o mecanismo de avaliação ambiental partilhada com Portugal, o que não se verifica.
O governo português já pediu informações ao governo espanhol sobre esta matéria, mas ainda não teve resposta.
"Em tudo faz lembrar o caso de Almaraz, em que as autoridades espanholas avançaram para a construção do armazém de resíduos nucleares sem contactar as autoridades portugueses, sem envolver Portugal na avaliação de impacto ambiental", lembra Pedro Soares.
A delegação de deputados esteve reunida este domingo com autarcas portugueses da região que estão preocupados com o projeto, que pode afetar a agricultura e o turismo.
"Uma mina com o impacto brutal que esta tem, cria um efeito devastador em todo este território", defende Pedro Soares.
O processo de exploração desta mina de urânio em Espanha começou em 2011. A primeira autorização de exploração da mina pela empresa australiana Berkeley surgiu em 2014. Desde aí, o processo tem tido avanços e recuos. Em Julho do ano passado, a Comissão do Meio Ambiente e Urbanismo da Junta de Castilla y León considerou que o projeto tem interesse público e autorizou a utilização excecional do terreno em Retortillo.
Na localidade a cerca de 40 quilómetros da fronteira com Portugal, junto a Almeida, o projeto tem avançado. Já foram cortadas árvores e a empresa australiana tem avançado com a preparação do terreno. A Berkeley estima que a exploração arranque em 2019 e estima a criação de 450 postos de trabalho diretos na região.
Sobre o abate de árvores, outra das críticas apontadas ao projeto, a empresa garante que, assim que terminar a atividade da mina, serão repostos mais 100 hectares de carvalhos, o que representa seis vezes mais árvores do que antes da exploração.
O partido ecologista Os Verdes já questionou o ministro do Ambiente sobre o impacto ambiental da exploração de Retortillo e esta terça-feira querem agendar na próxima Conferência de Líderes, o Projeto de Resolução que recomenda ao governo que desenvolva todos os esforços junto do Estado espanhol para travar a exploração de Urânio em Salamanca.
Também o Bloco de Esquerda vai questionar o ministro do Ambiente sobre a posição do Governo português sobre esta mina de urânio a céu aberto.
O empreendimento da Berkeley em Retortillo poderá tornar-se na maior mina a céu aberto da Europa.
Para o próximo sábado, está já marcada uma manifestação em Salamanca, convocada pela plataforma Stop Urânio, contra a instalação e exploração da mina de urânio a céu aberto.
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