Plinio Maria Solimeo

Há vários tipos de ateus. O dicionário Houaiss os define como pessoas que não creem em Deus ou nos deuses; ateístas. E, no sentido pejorativo, os que ou aqueles que não revelam respeito ou deferência para com as crenças religiosas alheias; ímpios, hereges. Poder-se-ia acrescentar “os meramente indiferentes em matéria de religião”, que representam a maioria.

Poderíamos dizer o mesmo do regime comunista que procurou exterminar do seu “império” toda ideia de Deus e, por conseguinte de religião, como prejudiciais à sua ideologia e métodos de doutrinação. Interessante artigo publicado no site católico espanhol, Religión en Libertad[i], traz o sugestivo título: “Há 100 anos, o Estado Soviético fuzilava Deus: hoje, 7 entre 10 pessoas declaram sua crença n’Ele”.
![[busto ao lado]](http://www.abim.inf.br/wp-content/uploads/2018/02/Anat%C3%B3li-Lunatcharski-205x300.jpg)
O responsável por essa pantomina foi Anatóli Lunatcharski [foto ao lado], um intelectual que gostava de encenação. Assim, no dia marcado, diante de numeroso público moscovita, ocorreu a primeira seção do juízo contra Deus. Durante mais de cinco horas, foram lidas as acusações do “povo russo, em representação da espécie humana”, contra “o réu”. A mais protuberante delas: Deus é acusado de “genocídio”.

Aqueles ímpios “defensores” pediam a absolvição do “réu”, pois ele padecia de “grave demência e transtornos psíquicos”, não sendo, portanto, responsável pelos seus atos. Não podia ir mais longe o burlesco daquela encenação. O resultado não poderia ter sido diferente: Deus foi declarado culpado de todos os delitos, sobretudo, de genocídio e crimes contra a humanidade.
Lunatcharski — com pompa teatral — proclamou a sentença: “Deus morrerá fuzilado amanhã dia 17 de janeiro, sem possibilidade de interpor qualquer tipo de recurso, nem ocorrer o mínimo atraso”. Assim se passou. No dia seguinte houve a “execução” de Deus com o disparo de cinco rajadas de metralhadoras contra o céu…
* * *
Ora, diz o articulista: “Uma vez que se mata Deus, matar homens não custa nada”. Daí os milhões de vítimas dos regimes comunistas. Essa política ferozmente antirreligiosa, entretanto, se mostrou contraproducente. De modo que, por ocasião da morte de Lenin em 1924, O.Y. Liovin, especialista em História da Igreja Russa, pôde dizer:
“Ferir os sentimentos religiosos dos crentes, profanar o sagrado, fechar os templos, reprimir o clero […] tudo isso, de fato, serviu para unir os crentes e provocar um renascimento religioso. De modo que, depois de uma política de carga de cavalaria, o regime recomendou adotar a política de assédio a longo prazo”.
Os comunistas viram a necessidade urgente de mudar a tática, seguindo meio mais eficaz de “descristianizar” o povo. Uma circular do Partido, de 5-9-1924, ordenava:
“A propaganda antirreligiosa deve ser levada em forma de explicações das ciências naturais e políticas, que minem a fé em deus, e desmascarem, com fatos concretos, a fraude e a avareza dos milagreiros, curadores. É preciso evitar a agitação antirreligiosa massiva […] que insulte e fira os sentimentos da parte crente da população”.

Assim, em março de 1929, antes da retomada das matanças, Lunatcharski, que era então Ministro da Educação, escrevia no jornal “Izvestia”:
“Na tarefa da educação […] entra a dissipação de superstições de toda classe, e uma luta sem quartel contra todo obscurantismo, herança do passado, estorvo para a criação do futuro. Em concreto, a escola […] não pode ser alheia à luta contra a religião, em suas formas velhas ou novas”.
Ora, para os comunistas conseguirem sucesso nessa empreitada, necessitavam de professores ateus. Assim Lunatcharski continua:
“O Comissariado Popular da Educação […] declara firmemente que, ter mestres crentes na escola soviética, é uma grave contradição, e que os departamentos de educação devem utilizar qualquer expediente para substituí-los por outros de veio antirreligioso. […] A escola terá que aplicar seu esforço para dissuadir às crianças de visitar a igreja e as variadas cerimônias religiosas e […] oferecer-lhes, ao mesmo tempo, um equivalente na escola, algo organizado, algo antirreligioso e ao mesmo tempo atraente”.
Infelizmente é o que ocorre em nossas escolas onde, mestres ateus tentam impingir nos seus incautos alunos teorias como a absurda “ideologia de gênero”, de “família” homoafetiva e outros absurdos.
Apesar de todo esforço de ateização, o sentimento religioso é tão enraizado nas pessoas que, no censo russo de 1937, depois de 20 anos de comunismo e repressão antirreligiosa, de 30 milhões de cidadãos analfabetos maiores de 16 anos, 84% (mais de 25 milhões), ainda se declaravam crentes.

Isso deixou os bolcheviques furiosos, e recomeçaram então as matanças. Entre os anos 1937 e 1938, houve 100 mil execuções e 200 mil deportações. De 1939 a 1942, como já havia pouca gente para matar, houve “só” 4 mil execuções. Nesse último ano, como Stalin precisava gente para a guerra, parou a perseguição sangrenta.
O artigo não apresenta dados mais recentes, mas cita uma pesquisa da agência WinGallup, de 2017, na qual consta: de cada 10 pessoas no mundo, 7 creem em Deus. Isso praticamente se inverte na China, onde prevalece a ditadura comunista que persegue a religião: de cada 10 chineses, 7 se declaram ateus.

Fonte: ABIM
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Apresentação do Mapa de Sessões de Colheitas de Sangue a realizar no ano de 2018 no Posto Fixo da ADASCA em Aveiro
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